24| ME PROMETA, JOHN

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"Horas mais escuras vão chegar e depois partir, vezes que você precisa vê-la sorrir. E os corações das mães são quentes e leves, eu preferia sentir este mundo através dos olhos de uma criança." Aurora (Through The Eyes Of A Child)


John Greenwood estaciona a velha picape na única vaga restante de um hotel barato na beira da estrada mais deserta passando de East River

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John Greenwood estaciona a velha picape na única vaga restante de um hotel barato na beira da estrada mais deserta passando de East River. O veículo que outrora já fora de um amarelo vibrante, não passa de uma carcaça velha e opaca. As luzes do estacionamento estão apagadas, deixando o negrume frio da noite cair sobre o local, mas a fraca luz do veículo é o suficiente para que ele aprecie por alguns instantes o rosto tranquilo e adormecido da esposa. John acaricia a bochecha de Gina, a fazendo despertar aos poucos e fitá-lo através de um olhar cansado.

— Chegamos — ele diz, afastando uma mecha de cabelo do rosto dela. — Não é o melhor hotel, mas é o mais próximo. Você precisa descansar.

— John — murmura Gina, começando a acordar aos poucos. — Prometa, John, que você vai protegê-los. — Ela se ajeita no banco e segura a mão do marido na sua. — Prometa. Não somos ninguém se não conseguirmos protegê-los.

Os zunidos dos insetos preenchem o vazio lá fora, transmitindo uma sensação de solidão e distanciamento do mundo. As noites estrada afora, nas rodovias silenciosas e frias, sempre caem como um oceano sufocante sobre a cabeça dos viajantes, e com os Greenwood não foi diferente.

Há dias que estão na estrada rumo às montanhas, na qual alguns membros da antiga tribo Yokee ainda vivem. Logo após o incidente do filho na floresta e a aparição de Oddy Speck logo em seguida, John soube que o fantasma de Agnes Henry-Morgan estaria à espreita novamente.

Era coincidência demais que o jovem Speck aparecesse ali após Connor voltar maltrapilho da floresta.

— Eu prometo. — Ele a beija na testa e afaga seus cabelos. — Nós vamos conseguir.

Um frágil sorriso se forma nos lábios dela, como no primeiro dia em que se conheceram.

Eles saem da picape e caminham até a recepção com a pouca bagagem que trouxeram. As vagas do hotel pestilento estão quase todas lotadas, e John conclui que deve ser por causa dos festivais da colheita em Westfarm, em que as pessoas das regiões mais próximas migram para Folks Village para aproveitar as festividades.

Sem trocar muitas palavras com a recepcionista jovem demais para estar ali, ele pega a chave do quarto e toma a mala de Gina em sua mão, sabendo das dores de cabeça insuportáveis que ela vem sentindo desde o final da tarde.

Isso sempre acontece quando ela transmuta muitas vezes ao dia; os pássaros possuem mentes difíceis de controlar.

O quarto é pequeno e mal iluminado, mas limpo e confortável o suficiente para que o casal passe uma noite tranquila. Após ajeitar as malas em uma cômoda de mogno, John ajuda Gina, que já se encontra moribunda o suficiente por causa das dores, a tomar banho.

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