capítulo extra| ELA

213 26 166
                                    

"Eu vou cuidar de você como você cuidou de mim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"Eu vou cuidar de você como você cuidou de mim. Você me ofereceu abrigo, você me deu segurança. Você disse: cuide gentilmente daquilo que você quer para a vida inteira, como um pardal em suas mãos, que precisa voar. Não feche suas mãos." — Roo Panes (Hands)

 Eles viviam as alucinações dela

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

 Eles viviam as alucinações dela. 

Mergulhavam para dentro da mente dela. 

A sua mente distorcida se encontrava desprovida de qualquer resquício de sanidade, e projetava sombras horríveis e fantasmagóricas diante das paredes pestilentas da cela. As marcas hediondas do medo já haviam cavado sulcos fundos e cinzentos abaixo dos seus olhos frígidos, que vivenciavam os horrores mascarados de sua realidade perturbada.

O horror dentro dela salpicava ondas de pavor para fora, que inundavam as pobres mentes débeis dos amaldiçoados do sangue. Os delírios vividos por eles não passavam de ilusões distorcidas que se formavam dentro da mente nebulosa dela, que contorcia suas memórias e as transformavam nos mais terríveis lapsos de loucura, caindo de forma abrupta sobre aqueles que carregavam o cheiro pestilento da maldição. 

Seus olhos esverdeados estavam vidrados na imensa lua que pairava no céu escancarado. Pela pequena janela no alto da parede, ela conseguia observar o corpo celeste por incontáveis dias. Era a sua única companhia naquele mar de escuridão e tormento. Completamente suja de fuligem e na própria urina, a menina permaneceu estática naquela noite, completamente submersa no mar de insanidade que a afundava para as zonas abissais do desespero. 

O fedor da cela não a incomodava mais, dispersa nos próprios devaneios, nem mesmo a comida asquerosa que entrava por debaixo da porta todos os dias, a fazia se mover. A refeição na bandeja atraía roedores de todos os tamanhos, que em busca de algo mais fresco para comer, subiam pelas pernas da menina e lhe fincavam os dentes e as garras na carne. Esses eram os poucos momentos em que a pobre criatura esboçava alguma reação. 

Suas pernas e braços, outrora com a pele lisa e alva, agora se encontravam repletos de sujeira e mordidas. Os ratos eram seus piores inimigos naquele negrume, onde às vezes a escuridão tornava-se tão absoluta que os camuflava completamente. Apavorada, a menina se recolhia abaixo da pequena janela, tendo como alento o frágil luar que entrava de forma sorrateira no ambiente e o tornava menos lobregue. Ela ouvia os sons nas paredes, escutava o desesperador atrito que aquelas garras faziam no chão. 

SUA TERRA É MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora