"Bang bang, ele atirou em mim. Bang bang, eu caí no chão. Bang Bang aquele som horrível. Bang bang, meu amor atirou em mim." — Nancy Sinatra (Bang bang)
Antes que amanheça, procuro pela chave, tateando por toda a extensão do veludo, tentando não acordar Natalie, que já está estranhamente vestida. Ela resmunga algumas vezes, mas quando se vira para o outro lado, vejo o objeto metálico escondido entre suas costelas. Consigo pegá-la.
Antes de sair, observo o rosto sereno da minha irmã. Meus sentimentos estão embaralhados, flutuando na linha tênue entre o certo e o errado. Sinto-me sujo e péssimo, sou o irmão mais velho e poderia ter evitado. Deixei a situação passar dos limites e nos lancei em um caminho sem volta.
Sorrateiro, a deixo sozinha e vou até o sótão.
A escada ainda está estendida para baixo e não range enquanto subo. A fraca luz que entra pelo pequeno e único vitral no final do sótão torna o ambiente mais lobregue, ela se limita a chegar até um amontoado de caixas empoeiradas e fedorentas a mofo. O formato cilíndrico do feixe me faz enxergar os minúsculos grãos de poeira dançando em espirais, parecendo ser as únicas coisas que emanam vida no casarão.
Abro o armário velho e procuro a espingarda que John aposentou e a deixou enfurnada aqui. Encontro-a enrolada em uma manta velha. Está carregada.
Passo a alça sobre os ombros, a colocando nas costas, e antes de descer reviro aquelas caixas com esperança de encontrar algo que dê alguma informação relevante sobre meus pais. Acabo achando um álbum de fotografias, de quando John e Gina eram muito novos, além de uma planta de quando o casarão ainda não havia passado por nenhuma reforma. Recolho-os e desço.
Natalie está parada no final do corredor, de braços cruzados e me encarando com um semblante austero.
Seu queixo treme e lágrimas furiosas escorrem por sua bochecha. Encolho os ombros e comprimo os álbuns contra o peito. Natalie vem até mim a passos largos e pesados, socando meu peito com toda a força que pode.
— Não faz isso, por favor! Connor, por favor! — Seus gritos soam desesperados entre os soluços desenfreados. — Eu não quero te perder, mas quando fecho os olhos você some! O que se passa na sua cabeça? Iria mesmo me deixar sozinha?
Os álbuns caem no chão enquanto seguro seus pulsos, a fazendo me fitar.
— Eu não ia fazer isso, está bem? — Por alguns instantes me sinto constrangido ao encará-la. — Prometo não fazer mais nada daquilo...
— Sempre prometendo... Sempre prometendo... — Ela balança a cabeça, com as feições avermelhadas. — Você sempre volta a fazer as mesmas merdas!
— Vai ter que confiar em mim, entendeu? Eu vou voltar naquela floresta e descobrir o que está acontecendo conosco. — Recolho os álbuns do chão e os coloco em suas mãos. — Preciso mostrar algo a você. Confia em mim?
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SUA TERRA É MINHA
Horror🍁 Livro dedicado a Jake Bugg A estranha Folks Village é uma cidade doente, e o acontece na floresta que a cerca morre ali. Rodeados por uma misteriosa névoa, as árvores se erguem como um paredão escuro e sussurrante que nenhum machado jamais ousou...