23| BANG BANG, ELE ATIROU EM MIM

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"Bang bang, ele atirou em mim. Bang bang, eu caí no chão. Bang Bang aquele som horrível. Bang bang, meu amor atirou em mim." Nancy Sinatra (Bang bang)


Antes que amanheça, procuro pela chave, tateando por toda a extensão do veludo, tentando não acordar Natalie, que já está estranhamente vestida

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Antes que amanheça, procuro pela chave, tateando por toda a extensão do veludo, tentando não acordar Natalie, que já está estranhamente vestida. Ela resmunga algumas vezes, mas quando se vira para o outro lado, vejo o objeto metálico escondido entre suas costelas. Consigo pegá-la.

Antes de sair, observo o rosto sereno da minha irmã. Meus sentimentos estão embaralhados, flutuando na linha tênue entre o certo e o errado. Sinto-me sujo e péssimo, sou o irmão mais velho e poderia ter evitado. Deixei a situação passar dos limites e nos lancei em um caminho sem volta.

Sorrateiro, a deixo sozinha e vou até o sótão.

A escada ainda está estendida para baixo e não range enquanto subo. A fraca luz que entra pelo pequeno e único vitral no final do sótão torna o ambiente mais lobregue, ela se limita a chegar até um amontoado de caixas empoeiradas e fedorentas a mofo. O formato cilíndrico do feixe me faz enxergar os minúsculos grãos de poeira dançando em espirais, parecendo ser as únicas coisas que emanam vida no casarão.

Abro o armário velho e procuro a espingarda que John aposentou e a deixou enfurnada aqui. Encontro-a enrolada em uma manta velha. Está carregada.

Passo a alça sobre os ombros, a colocando nas costas, e antes de descer reviro aquelas caixas com esperança de encontrar algo que dê alguma informação relevante sobre meus pais. Acabo achando um álbum de fotografias, de quando John e Gina eram muito novos, além de uma planta de quando o casarão ainda não havia passado por nenhuma reforma. Recolho-os e desço.

Natalie está parada no final do corredor, de braços cruzados e me encarando com um semblante austero.

Seu queixo treme e lágrimas furiosas escorrem por sua bochecha. Encolho os ombros e comprimo os álbuns contra o peito. Natalie vem até mim a passos largos e pesados, socando meu peito com toda a força que pode.

— Não faz isso, por favor! Connor, por favor! — Seus gritos soam desesperados entre os soluços desenfreados. — Eu não quero te perder, mas quando fecho os olhos você some! O que se passa na sua cabeça? Iria mesmo me deixar sozinha?

Os álbuns caem no chão enquanto seguro seus pulsos, a fazendo me fitar.

— Eu não ia fazer isso, está bem? — Por alguns instantes me sinto constrangido ao encará-la. — Prometo não fazer mais nada daquilo...

— Sempre prometendo... Sempre prometendo... — Ela balança a cabeça, com as feições avermelhadas. — Você sempre volta a fazer as mesmas merdas!

— Vai ter que confiar em mim, entendeu? Eu vou voltar naquela floresta e descobrir o que está acontecendo conosco. — Recolho os álbuns do chão e os coloco em suas mãos. — Preciso mostrar algo a você. Confia em mim?

SUA TERRA É MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora