19| A FEBRE DOS CAVALOS - PARTE o2

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"Tormentas podem vir, mas a fúria das tempestades não me arrancarão dos teus braços. Eu me agarrarei ao que há de bom e verdadeiro, eu enfrentarei suas tempestades pela calmaria em teu ser." Roo Panes (Ran Before The Storm)


 — Isabella, eu não acredito que você está se engraçando com aquele rapaz sujo — falou Lilian Henry-Morgan muito devagar, de modo comedido e arrastado

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 — Isabella, eu não acredito que você está se engraçando com aquele rapaz sujo — falou Lilian Henry-Morgan muito devagar, de modo comedido e arrastado. — Isso não vai se repetir.

Isabella sentiu os olhos arderem, mas se recusou a chorar diante da mãe. Ela sabia que quando Lilian falava daquela forma muito calma, era porque estava muito furiosa com alguma coisa, e o motivo estava à sua frente.

Isabella visitava a feira todos os dias e foi a todos os eventos que a tradicional festa da colheita lhe proporcionou. Alheia aos informantes da mãe, ela nem sequer se preocupara em inventar alguma desculpa, ou dizer que estava indo com Marta Allen.

Agora, não havia escapatória. O cavalo pintado em tons pastéis estava nas mãos da matriarca, que não tinha sombra de dúvida que a filha estava saindo com o artífice solitário e criador de cavalos.

Lilian era uma mulher jovem e muito bonita. O cabelo castanho preso em duas tranças que começavam na lateral da cabeça e iam até seu coque volumoso estava ornamentado com fivelas e grampos de ouro que a deixavam com um ar de sublime autoridade.

A matriarca suspirou e ajeitou a gola de renda branca delicada que deixava seu pescoço fino com uma aparência afável.

Ainda ponderando sobre o que fazer para controlar a rebeldia da filha, ela não teve outra opção a não ser partir seu coração da pior forma. A matriarca sabia que a educação das mulheres da família Henry-Morgan era algo valioso e que deveria ser seguida de forma severa, então o comportamento da filha era um ultraje à tradição e à própria Lilian, que se sentia envergonhada por falhar diante dos costumes da família. 

Ainda fitando Isabella com um olhar duro, Lilian apertou o pescoço do cavalo-pastel, imaginando ser o de Lenon Hermann. A menina sentiu o coração apertar ao ver a mãe arremessar o cavalo-pastel contra a parede, o dividindo em dois, assim como estavam seus sentimentos. Ela continuou encarando a mãe, ainda sem derramar uma lágrima ou deixar o queixo tremer.

Lilian queria arrancar alguma reação da filha, para assim descobrir alguma fraqueza e puni-la. Um olhar para o cavalo espatifado foi o suficiente. Ela sabia que a menina nutria sentimentos fortes pelo rapaz Speck, mas a sua obrigação como uma legítima Henry-Morgan era manter o sangue da família puro e isso incluía não se relacionar com estrangeiros.

Lilian suspirou e alisou a saia longa preta, na tentativa de aliviar a raiva e a dor de cabeça que começava a pulsar atrás de seus olhos. O tecido leve e rendado que ia de seu pescoço até os pulsos, a deixando parecida com um elegante cisne, parecia mais pesado naquela noite, como o acúmulo de suas decisões sobre suas costas. Ela consultou o relógio de bolso discretamente pendurando na fina corrente dourada costurada ao bolso da saia e viu que o toque de recolher estava próximo.

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