11| OS CAVALOS ESTÃO INQUEITOS ESTA NOITE

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"A maldição dominava do subsolo à margem do mar, e sua esperança cresceu faminta de viver diferente de antes." Agnes Obel (The Curse)


O relincho agonizante dos cavalos continua a invadir nossos ouvidos, deixando a pequena Marnie aterrorizada no colo de April, que me olha com uma expressão de horror estampada no rosto

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O relincho agonizante dos cavalos continua a invadir nossos ouvidos, deixando a pequena Marnie aterrorizada no colo de April, que me olha com uma expressão de horror estampada no rosto. O vento furioso lá fora me faz recordar do que as tempestades costumam trazer quando estão hostis e são essas coisas que se tornam as histórias de terror que nossos avós contam ao redor da lareira nas noites agitadas de inverno.

Essas coisas que costumam vir com as tempestades sempre trazem agouro, e ultimamente passei a acreditar que talvez as lendas contadas não sejam tão fantasiosas assim.

Algumas gotas de água pingam do meu queixo para o assoalho de madeira, sendo o único som que quebra o silêncio pesado do quarto.

Em nossas inúmeras conversas de fim de tarde, April já mencionou umas duas vezes ou mais, sobre alguns eventos esquisitos que ocorriam aos arredores de sua casa, como a aparição de criaturas estranhas que ela preferiu chamar de chupa-cabras. Pensar nisso me fez ter certeza de que as tempestades sempre trazem algo junto com elas.

Mês passado tivemos a perda de quatro cavalos que foram comidos em uma noite em que o céu estava cinzento e as nuvens não demonstravam nenhum sinal de trégua. Ainda não conseguimos descobrir o que houve com aqueles animais, todos levados para debaixo da terra. Será que é o mesmo tipo de animal que circunda a casa de April nos dias chuvosos?

Mesmo com a ajuda de alguns homens de confiança, Stanley e meu pai não conseguiram encontrar nada que pudesse nos dar uma explicação exata do que andava acontecendo. Os cavalos estavam morrendo, da pior e mais visceral forma possível, devorados a mordidas e mutilados como pedaços frios de carne; depois soterrados para debaixo da terra. Isso é o que sabemos dos corpos que encontramos, os outros três nunca foram de fato encontrados.

Outro relincho agonizante nos faz tremer, seguido de grunhidos guturais. Quando me viro para voltar e averiguar quem está aterrorizando o celeiro, April agarra minha mão e me faz parar, ficando ao meu lado enquanto Marnie nos observa com lágrimas nos olhos.

— Oddy, por favor não vá! — Sua voz sai abafada. — Eu já ouvi isso antes... Essas coisas. Você sabe, talvez seja um chupa-cabra. Uma vez meu pai achou um morto, e são estranhos e...

Seguro sua mão na minha e dou um leve aperto, tentando passar um pouco de confiança, apesar de não estar tão seguro assim.

— Marn-nie é espert-ta — digo. — F-fique c-com ela.

Ela me dá um soco leve no ombro e me olha com indignação.

— Está me chamando de burra? Oddy, por favor, não vá, não vá. — Olho para Marnie e percebo que o nervosismo de April a está assustando. — Fique aqui, espere alguma ajuda chegar.

SUA TERRA É MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora