18| A FEBRE DOS CAVALOS - PARTE o1

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"Tão longe, mas é aqui que minha viagem termina. Me encontrei quando eu te encontrei. Pela primeira vez eu estava fazendo a coisa certa. É uma estrada terrível e solitária para andar sozinho, e enquanto eu procurava o brilho índigo dos teus olhos, ecoou uma verdade, eu te amei." Roo Panes (Indigo Home)


Lenon Hermann Speck acordou cedo naquela manhã chuvosa, anunciando as tempestades torrenciais que costumavam assolar a pequena vila de Folks Village, recém-nomeada uma cidade agora, graças ao grande fluxo de comerciantes vindos de fora para bargan...

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Lenon Hermann Speck acordou cedo naquela manhã chuvosa, anunciando as tempestades torrenciais que costumavam assolar a pequena vila de Folks Village, recém-nomeada uma cidade agora, graças ao grande fluxo de comerciantes vindos de fora para barganhar durante a tradicional festa da colheita do vilarejo. Ainda deitado em sua cama, ele observou as primeiras gotas se chocarem contra o vidro da janela, descendo em lentos filetes que logo se tornaram borrões por causa da ventania desenfreada que descia da montanha pelas manhãs.

O jovem Speck bufou e se revirou no colchão, tentando afastar a preguiça que aquele horário sempre trazia. Os pingos de chuva se tornaram mais intensos, e em instantes uma nuvem pesada e cinzenta pairou sobre a vila, afastando os únicos resquícios de claridade naquele dia que tentava começar. 

Lenon sabia que não adiantava se prolongar em seu conforto, então se sentou e jogou as cobertas para o lado, pisando no assoalho frio e se amaldiçoando por não ter comprado aquele par de chinelos revertidos com lã grossa, ótimos para afastar o frio e possíveis fungos nos pés. Os preparativos para a feira iriam começar em breve, muito cedo, então ele tratou de fazer um café para afastar de vez a letargia que se apoderava de forma abundante de seu corpo.

A chaleira apitou, dispersando os devaneios do jovem Speck sobre como iria conseguir convencer seu garanhão a galopar até Westfarm no temporal nada amigável lá fora. O vapor que saía da caneca o trouxe uma sensação confortável e mais aconchegante, fazendo uma leve dúvida pairar em seus pensamentos sobre se de fato deveria sair de casa naquela manhã.

Enquanto observava a chuva pela janela, não notou um par de olhos cinzentos o observando com cautela. O gatinho preto se aproximou de Lenon, se enroscando entre suas pernas e miando baixinho, exigindo seu café da manhã. Ele olhou para o companheiro, exibindo um semblante pidão que sabia que sempre funcionava.

— B-bom dia, Buddy — disse Lenon, fitando os olhos julgadores do gato. — Hoje v-vou t-t-trazer algo pr-pra você da feira. Talvez um at-t-t-t... Atum.

O gato semicerrou os olhos e Lenon se perguntou se ele alguma vez entendia algo que saía de sua boca, ou se entendia foram muitos anos de convivência para aprender.

Buddy sempre o acompanhava nas feiras e festas da colheita, mesmo abaixo de chuva e sol, o bichano fazia parte das negociações quando podia, usando seu poder de persuasão para ajudar o dono nas vendas. Lenon já havia reparado a carroça duas semanas antes, pois, para conseguir uma roda nova e resistente, ele teve que ir até Riverplace a cavalo, a cidade era o único lugar onde conseguiria rodas que aguentassem viagens duradouras.

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