14| NÓS NASCEMOS PARA SER OS SALVADORES DA CIDADE

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"É tudo por nossa conta, a estrada está na poeira. Nós nascemos para ser salvadores da cidade, nós nunca fomos feitos para ver."  Jake Bugg (Saviours Of The City)


Verão de 1912,

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Verão de 1912,

Folks Village

Natalie não para de chorar, e meus ouvidos já se encontram doloridos por causa de seus ataques de birra. Tendo certa tendência à histeria, minha irmã faz questão de tentar atrapalhar as reuniões importantes que o nosso pai costuma fazer com tio Ben e Fritz Hermann. Como de costume, Natalie começa a chorar alto quando ele não a deixa entrar no gabinete. Gina me pediu para levá-la até onde o choro dela não pudesse ser escutado, então saí com bastante pressa, trazendo-a à força pelo pulso, mesmo ela se debatendo.

Quando estamos a uma distância considerável de nossa casa, diminuo o passo e afrouxo o aperto em seu pulso, até que ela repuxa o braço de uma vez e começa a chorar e gritar o mais alto que consegue, deixando claro que não vai facilitar para mim. Respiro fundo e apenas deixo que chore a todo vapor, até que fique vermelha e rouca.

Começo a caminhar até a estrada onde outrora funcionava um velho porto de aviação, mas que agora se encontra abandonado. Percebo que Natalie não me segue a princípio, como outro modo de fazer birra, querendo que eu a afague e faça suas vontades, mas continuo seguindo meu caminho, até que seu choro começa a ficar mais distante dos meus ouvidos, dando lugar ao som dos seus passinhos apressados em contato com a grama áspera, alta e seca que cresce desenfreada por aqui.

Ela logo me alcança e segura minha mão na sua. Dou uma olhada de soslaio para sua careta ainda chorosa e sorrio ao vê-la enxugar o rosto com o dorso da mão livre.

Eu só queria ver quem estava lá dentro, Conny! protesta, ainda fungando por causa das lágrimas que escorrem pelo seu nariz. Não é justo!

A sua birra também não é justa rebato. Não é da nossa conta.

Você sempre o defende, não é justo. Ela aperta minha mão e insiste com a birra. Não é justo!

Apenas não se meta resmungo, entediado. Se o que o nosso pai faz não é interesse meu, imagine de uma menina birrenta como você.

Menina birrenta como você. Ela me imita com uma voz fina e debochada, na tentativa de me fazer perder o controle. Quero ir para casa.

Não, e esqueça esse assunto falo de modo enfático, deixando bem claro que a conversa está encerrada.

Conny... Natalie começa novamente, demonstrando a incrível habilidade que possui de não ficar calada. A mulher-passarinho apareceu de novo.

SUA TERRA É MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora