22| ENCONTRE-ME NA FLORESTA PROFUNDA

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"Eu sabia que esse dia ia chegar, estou na linha de frente. Não sei como assimilar isso, o amor é só sofrimento? Porque eu posso ver onde o capítulo termina. Tenho folhas de outono e sonhos desgostosos, dentro, dentro. Porque você e eu neste mar congelado deslizamos, deslizamos." Jake Bugg (Slide)


Nunca desejei estar tão sozinho, porém Pietra insiste em ficar e me manter absorto de alguma forma

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Nunca desejei estar tão sozinho, porém Pietra insiste em ficar e me manter absorto de alguma forma. Ela xeretou em todas as coisas que achou interessante, desde fardas e fotografias ao meu arsenal de armas de guerra enfurnado no baú. Deixo que escolha à vontade, e até peço que leve tudo, aquelas coisas já não significam nada além de lembranças dolorosas, e logo mais não estarei mais aqui para senti-las.

Começo a contar os instantes para que parta e eu possa findar minha existência miserável e infame, mas as horas se arrastam e ela continua ali, parecendo saber o que se passa nos meus pensamentos.

Vago ansioso pelo quarto, outrora planejando em como farei, e depois pensando em absolutamente nada. Cansado de andar de um lado para o outro, afundo no colchão.

— Connor, não vou deixar você sozinho — fala, enquanto analisa a insígnia gravada em meu antigo capacete. — Até que chegue alguém, não vou embora.

— Não precisa se preocupar, estou bem — minto. — E não vai chegar ninguém, pelo menos não agora. O seu pai deve estar preocupado.

Ela apenas dá de ombros, ignorando o que eu disse.

Consigo soltar uma risada e me sento ao seu lado no chão, a ajudando a limpar algumas moedas velhas. Os olhos da ruiva brilham a cada velharia que pega para limpar, e de repente recordo do envelope que Afton havia me entregado. Passo a mão no bolso traseiro e o encontro lá, me convencendo de que nem tudo foi alucinação. Abro-o de imediato, encontrando um maço contendo fotos e recortes de jornais sobre o massacre no Grande Hotel Riverplace.

O velho que encontrei na saída havia dito que a tribo Yokee comandou o massacre, mas um dos recortes de jornais diz o contrário.

Na maioria deles, a família Henry-Morgan aparece como mandante do infortúnio, acusando os gerentes e funcionários do hotel de esconderem alguns membros da tribo na qual a família perseguia. Pensar na família Henry-Morgan me faz lembrar do Estranho Joe, e de como o cachorro resolveu ficar rondando a floresta em vez de me seguir de volta.

"Encontre-me na floresta profunda" é o que está escrito em uma folha isolada, com as mesmas letras do envelope.

É de Afton e me parece um apelo.

Pietra olha curiosa e se aproxima de mim, tentando ver os papéis, mas os recolho no envelope e guardo no bolso, não querendo envolvê-la em meus delírios. Continuamos a separar mais algumas velharias até que aquele breve momento se estende por algumas horas, e quando olho para a janela percebo as nuances amareladas das nuvens no céu, que começa a ganhar traços de um início de tarde.

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