Capítulo 57

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Louis fede. Sua cama fede. O apartamento cheira a suor e pizza velha que ele não consegue jogar fora porque Harry tocou a caixa da mesma, com tristeza, desespero e uma completa falta de compreensão de como isso aconteceu.

Louis sabe que deve tomar banho, limpar a crosta de seus olhos que se acumulou durante uma semana de lágrimas e sono durante os dias de trabalho. Mas ele sabe que fará aquilo que Harry odeia. A coisa que dói. A coisa que Louis deseja. Mas ele não pode fazer isso com Harry, mesmo que ele não esteja aqui para ver. Talvez ele saiba que Harry não está aqui para fazê-lo parar.

Ele vai ser demitido se ele perder outra semana, mas agora, ele realmente não se importa. Qual é o sentido de ir trabalhar se ele não vai ter Harry quando ele voltar de um dia cheio de trabalho? Se ele não vai ter um garoto bonito, bondoso e generoso para ligar para ele durante o almoço para lhe contar piadas horríveis?

O travesseiro de Harry não cheira mais como ele. O cheiro de seu shampoo e de sua pele quente e pegajosa de sono se foi. Metade das suas calças de moletons estão faltando no armário, e Louis vai ficar sem dormir em breve. Um soluço aflige sua garganta, já que todas as manhãs ele acordou sozinho desde aquela noite. Sem um corpo quente pressionado contra o peito e uma fera preguiçosa e satisfeita sobre as pernas emaranhadas, a ponto de causar desconforto.

Louis não deveria poder mover suas pernas livremente. Seus membros deveriam encontrar obstáculos pressionados nos lençóis. Eles não encontram, mas ele os puxa de volta para si mesmo, permanecendo em seu espaço. Talvez se ele sair do quarto... apenas talvez.

Por favor, venha para casa, pensa Louis, sussurra em seu travesseiro úmido de suor de outro pesadelo, o mantra repetido em silêncio, passando por uma dor de garganta até que suas lágrimas parem de cair e a exaustão vença novamente.

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O sol está brilhando através das lacunas nas folhas acima de suas cabeças, pontilhando a pele de Harry com luz, onde ele estava deitado no colo de Louis. Louis afasta os cachos do rosto do menino, os colocando atrás das orelhas, deixando os dedos fazerem cócegas nas laterais do rosto e na pele sensível atrás das orelhas.

Louis se sente confuso, como se estivesse no lugar errado. Ele está relaxado contra uma enorme árvore que parece familiar, mas se sente estranho, suas costas nuas pressionadas contra a casca lisa. Harry entra na inconsciência. Louis pode sentir quando isso acontece, um pouco da calma de Harry se infiltra nele quando o mesmo começa a roncar baixinho.

Louis não está ansioso, exatamente, apenas... perdido. Ele tira os olhos do menino adormecido em seus braços para olhar em volta, procurando o banco que ele sabe que não está aqui. Ele está no lugar errado. Tudo o que ele vê são ondas de calor levantadas da superfície imóvel da lagoa. A água ficou calma desde que Harry a deixou, suas ondas silenciadas pela deusa se escondendo embaixo deles. Louis está começando a acreditar que ela é tão real quanto Harry insiste que ela é.

Nada está acontecendo. Não há garotos gritando nem chorando, sem dor para fugir, e Louis se sente perdido. Sua pele está formigando e sua respiração está aumentando. Ele se sente um pouco fraco. Isso é loucura. Ele está realmente ficando nervoso por não ter nada para ficar nervoso? Apenas parece errado.

Lágrimas quentes rolaram por suas bochechas e se espalharam pelo rosto de Harry. O garoto se mexe, mas não acorda, e as lágrimas de Louis caem com mais força e mais rápido, deslizando sob as pálpebras fechadas de Harry e o nariz, passando pelos lábios rachados e enchendo a boca. Harry está se afogando bem na frente de seus olhos enquanto Louis o segura, mas ele não pode salvá-lo. Quanto mais ele tenta acordá-lo, para ajudá-lo a parar de respirar em água salgada ao invés de oxigênio, mais ele chora. Harry é tão pesado, Louis não consegue tirá-lo de suas pernas, seus músculos ficam dormentes sob o peso do garoto.

Petrichor [l.s] • portuguese versionOnde histórias criam vida. Descubra agora