"Louis?"
Louis pode ouvir Harry falando seu nome. Ele sentiu a presença dele se aproximando a cada passo. Gracie saltou em direção a Harry, a coleira puxando seu pescoço para trás enquanto ela se esforça para encontrá-lo. Tudo é silenciado pelo som da chuva, mais pesado a cada segundo, a sensação da água fria o encharcando até os ossos enquanto ele fica imóvel no chão molhado. A pequena caixa em seu bolso queimando um buraco em sua pele, através de seu coração. Louis não consegue descobrir por que ele não está se movendo. É caótico demais para qualquer coisa além do medo paralisante.
"Baby, você está bem?" Harry pergunta, obviamente tentando mascarar o pânico em sua voz. Mas Louis ouve, e só traz à tona mais raiva. Mais descrença de que isso possa estar acontecendo. "Por que você está sentado aqui na chuva? O que está acontecendo?"
Gracie finalmente consegue se afastar de Louis, a coleira arrancada de sua mão congelada. Ele não se move até Harry se mexer para tocá-lo. Isso, aparentemente, é o suficiente para forçá-lo a entrar em ação. Louis recua para longe da mão estendida, se levantando e caminhando para trás enquanto observa a luz morrer nos olhos de Harry.
"Louis, o que há de errado? Eu pensei que você... Lou, a chuva não pode te machucar. Eu pensei que você não estivesse mais com medo."
"Eu não estou", Louis engasga, ele não pode acreditar sinceramente que as palavras estão saindo de sua boca. Ele não consegue respirar, mas evidentemente a fala não requer mais oxigênio.
"Mas–"
"Eu não estou com medo da chuva, Harry", Louis cospe em veneno. E ele sabe de repente que isso é verdade. A chuva está caindo e as árvores ao longo da rua estão dançando no vento uivante. E ele não está com medo. Não de se molhar. Não de ser atingido por um raio. Tempestades já foram uma lembrança de tudo o que ele não era. Tempestades e trovoadas eram a trilha sonora de sua miséria, sua culpa, vergonha e arrependimento. Mas ele não está triste. Ele não está com medo. Ele está furioso. Ele está humilhado.
"Você já quis de volta?"
Quanto mais tempo Harry olha para ele como um cervo de olhos confusos, mais furioso Louis se sente. "Eu queria o que de volta?"
"Tudo. O passado. Eu. Porque eu tenho sido muito cego, não pensando em nada além do meu–"
"Louis, do que você está falando?"
"Eu voltei aqui e fui até você e... eu confiei em você. Se você não queria... por que mentiu sobre isso, Harry? Eu tentei ser seu amigo."
Harry se aproxima e tenta estender a mão para Louis ao seu lado. Louis se move de novo, o golpeando freneticamente. "Não me toque."
Harry recua violentamente, dor e medo brilhando em seus olhos escuros. "Que porra é essa, Louis? Por que você está fazendo isso?"
"Por que eu estou fazendo isso?! Você está brincando comigo?! Você é a pessoa que... você... porra, eu não posso acreditar nisso", ele suspira, respirando em busca de ar, uma raridade. "Você não queria isso de volta. Você nunca quis. E eu percebi isso agora porque aparentemente eu sou um idiota ainda maior do que eu pensava."
"O que fez você pensar–"
"Tudo é diferente, Harry! Eu fui tão idiota em pensar que tudo poderia ser o mesmo. Pensar que eu poderia voltar para Holmes Chapel e voltar no tempo. Você nunca quis isso de volta." Louis prova o sal em seus lábios, lágrimas misturadas com gotas de chuva escorrendo por sua pele gelada, se infiltrando nele.
"Eu não queria de volta!" Harry exclama, chocando Louis e ele mesmo, a julgar pelo olhar de surpresa em seu rosto. "Não tudo. Eu só queria você."
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Petrichor [l.s] • portuguese version
Novela JuvenilLouis volta para casa depois de se formar na faculdade e descobre que Harry não mudou muito nas coisas importantes. Seu cabelo está mais longo e sua voz mais grossa e ele agora é dono da padaria que eles trabalhavam quando crianças. Mas seus olhos s...