Capítulo 6

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William Levy.
Suspirei olhando para a mulher ao meu lado. Sem dúvida, eu estava com um parafuso solto dentro da cabeça... Não havia outra explicação, eu tinha enlouquecido de vez. Que idéia infeliz foi aquela de trazer essa desconhecida sexy, misteriosa e atraente para minha casa? Alguma coisa tinha destrambelhado a minha cabeça com o acidente, só pode. Eu nunca agi dessa forma antes, me deixando levar apenas por um impulso forte e lascivo.
Mas a verdade é que eu sentia pena dela... Ela estava sozinha, com amnésia e assustada pra caramba. Fechei os olhos ao pensar nisso e suspirei... A quem você quer enganar hein, William? A pergunta piscava sem parar na minha mente... Se fosse uma velhinha desmemoriada ou um
marmanjo, você os traria para casa também?! Rolei os olhos diante daquele fato... É claro que não. Porra! Eu tinha provado a sua boca, e ela era demais. Macia, carnuda, gostosa... Ela era tão sexy, que chegava a ser desconcertante... E o pior era que parecia não se dar conta disso. Tremendamente desejável... Mas nada, nada mesmo justificava aquela minha atitude impensada.
Jesus Cristo. Eu estava ferrado. Eu estava procurando sarna para me coçar desde que a segui até aquele apertado banheiro no ônibus e entrei atrás dela.
Onze meses. Onze meses sem mulher... Era por isso eu estava excitado daquele jeito... Eu a queria demais. Eu a queria mais do que qualquer mulher que eu já vi. Mais até do que Jaqueline. O grande problema era que eu não queria me envolver com ninguém nunca mais, mas o meu corpo, e especialmente meu pênis, não pensavam assim... Gemi. Eu estava numa enrascada sem tamanho... Em todos os meus 29 anos, eu nunca encontrei alguém que mexesse tanto comigo como ela... Maite Perroni.
Só percebi que havíamos chegado à fazenda quando o táxi parou, me trazendo de volta ao mundo real. Agora não adiantava reclamar... Eu simplesmente não poderia voltar atrás...

Tirei a carteira do bolso e entreguei o dinheiro ao motorista. Saltei primeiro, ajudando-a a descer em seguida e pegando as sacolas com as roupas. Ela não me encarava. Parecia constrangida e olhava fixamente para os próprios pés. O que ela estaria pensando? Como eu gostaria de poder ler a sua mente...
Resolvi quebrar o silêncio.
Bom, chegamos.
Ela ergueu a cabeça e me fitou com aqueles incríveis olhos castanhos... Como alguém poderia querer ter olhos claros, quando lindos olhos escuros pareciam esconder tantos segredos e mistérios? Misteriosa... Era a única palavra que vinha a minha mente para descrever aquela mulher. Ela me fitava e eu pude ver nitidamente o receio em seus olhos. Inconscientemente May mordeu o lábio inferior e um simples e inocente gesto quase me levou a perder a cabeça e tomá-la nos braços ali mesmo... Aquela reação me deixava envergonhado, e porra! Eu tinha que me controlar... Pelo meu próprio bem e pelo bem de Maite.
O que foi?
Perguntei olhando-a fixamente.
Eu não sei...
Ela respondeu a beira das lágrimas novamente. Vê-la daquela forma me doeu. Meu coração se apertou no meu peito.
May... Não fique assim...
Falei ainda no meu lugar. Queria confortá-la, abraçá-la, mas não era o momento. Eu estava muito excitado... Não seria prudente. Droga!
Me desculpe, William... É que eu estou me sentindo muito sozinha e com medo. Não dá pra evitar, — ela falou levando as mãos delicadas ao rosto e secando as lágrimas.
Não chore, vamos. Você está se saindo muito bem, acredite!
Falei imprimindo à minha voz toda ternura que eu sentia por ela naquele momento.
Você acha mesmo?
Perguntou insegura e eu assenti.
Vamos entrar. Você deve estar congelando com esse vento frio aqui fora.
Ela apenas concordou com a cabeça e desviou os olhos para um ponto qualquer na noite escura.

Coloquei as sacolas no chão e peguei a chave no bolso da calça, abrindo a porta e me afastando para que ela entrasse. May entrou e eu segui logo atrás, acendendo a luz. Ela piscou um pouco até se acostumar com a claridade do ambiente. Voltei para fechar a porta e um pensamento inundou a minha mente... A casa estava uma zona total. Eu não recebia quase ninguém e não me preocupei em arrumar absolutamente nada antes de ir a Tucson. Engoli em seco diante do que ela poderia estar pensando...
Bom você vai ter que me desculpar, mas eu não esperava receber hóspedes aqui em casa...
Falei dando um meio sorriso amarelo e sem graça, correndo os olhos pela bagunça... Havia roupas no chão e no sofá, um monte de papéis espalhados desorganizados e jogados sobre a mesa de centro... Um par de botas desgastados, caído displicentemente na entrada na cozinha e um chapéu meu antigo largado sobre o tapete... Senti um aperto no meu estômago. Realmente ela teria uma ótima primeira impressão... Para o meu consolo, os quartos se encontravam impecavelmente limpos e arrumados.
Ela corria os olhos pelo ambiente sem dizer nada.
Espero que não se incomode com a bagunça May.
Que constrangimento da porra! Ela suspirou e me deu um tímido sorriso.
Não se preocupe comigo William. Você já fez demais por mim. Onde eu vou dormir?
Venha comigo, — falei e ela me seguiu pelo corredor.
Parei em frente à porta onde era o meu quarto e de Sebastian quando crianças e abri. Aquele cômodo me trazia muitas lembranças...
Você pode se acomodar aqui May. Ela entrou e virou para mim sorrindo.
Aqui está ótimo, obrigada.
O ambiente era simples, mas aconchegante, com duas camas de solteirão, uma mesinha de cabeceira entre elas, uma cômoda com um grande espelho sobre ela, posicionada em frente às camas e um guarda roupas no canto da parede. Móveis escuros e rústicos que combinavam perfeitamente com a atmosfera do campo. E também tinha um banheiro privativo.

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