Capítulo 13

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As palavras cravaram fundo na minha alma. Eu podia sentir um rasgo em meu peito... Ela havia feito um aborto em nome da vaidade. Deus! O que ele havia enfrentado?! E por que teve de passar por isso? Imagino o quanto que deve ter sofrido... Senti a frustração aumentar à medida em que o tempo passava. Eu tentei mais uma vez mergulhar na minha mente, mas o silêncio ao redor dela era uma eterna constante. Meus pensamentos voaram naturalmente, sem que eu pedisse por isso ou conseguisse evitar. Me vi alheia a tudo diante de Angie que ainda falava qualquer coisa. Só voltei à realidade quando percebi que os dois entravam na cozinha.
Cheiro de comida, — falou Sebastian entrando e atacando a comida exposta na mesa, sem dó nem piedade. Fiquei espantada com a quantidade de coisas que ele comia num espaço de tempo tão curto. Era literalmente uma máquina de comer. Angelique me observou e riu.
Não fique surpresa May, ele come por três, — disse Angie olhando para o marido com carinho.
Não seja modesta Angie, Sebastian come por um batalhão inteiro, — disse William também se aproximando da mesa e sentando ao meu lado.
E você William? Não vai querer nada?
Angie perguntou.
Não obrigado. A May fez um almoço delicioso e eu ainda estou cheio.
Puxa você come bem, Sebastian! Estou impressionada.
Eu falei e ele rolou os olhos.
Já viram o meu tamanho e os meus músculos? Tenho que me alimentar bem! Vocês estão é com inveja, — disse ele com a boca cheia e levando uma tapa de Angie no braço, na mesma hora.
O que foi que eu fiz? – Perguntou ainda com a boca cheia e levou outra tapa.
Tenha modos! Nós estamos com visitas.
Eu sorri e Wiliam os encarou, divertido.
Por favor, desculpe o meu marido May. Às vezes nem parece que sua mãe lhe deu educação.
Mas ela deu sim. Interrompeu William.
Eu sei Wiliam, — disse Angie irritada.  Mas muitas vezes ele parece um troglodita!

Não agüentamos mais e explodimos todos numa gargalhada. Eu não sei explicar, mas me sentia bem ali junto com eles. Me surpreendi algum tempo depois quando Wiliam me chamou dizendo que estava tarde e que precisávamos ir para casa. Casa... Ele dizendo aquilo era perfeito.
Não esqueça o aniversário do Ivan, — falou Sebastian.
Droga!
É no sábado William, — falou Angie.
Eu olhava de um para outro, confusa.
Ana adora festas May, — explicou a Angie. — E o Wiliam odeia.
Odeio mesmo, mas sei que ela não vai me deixar faltar de jeito nenhum...
Com certeza! E você tem que levar a May.
Eu irei Angie, pode deixar.
Nos despedimos com William ainda resmungando. O casal nos acompanhou até a porta.
Se ele não tratar você bem, me avise May, que eu te trago para ficar aqui conosco, — disse Sebastian.
E eu reforço o convite May, — falou Angie.
Wiliam fez um gesto obsceno para os dois e eu morri de vergonha. Eles riram e nós fomos para o carro. Fechei os olhos e encostei a cabeça no banco tentando descansar um pouco. Devo ter adormecido, pois só me recordo de acordar no carro, William com a mão em meu ombro, me sacudindo.

PDV. William Levy.
Eu tinha conversado muito com meu irmão e ele achava que a melhor solução era contratar um detetive particular para tentar resolver a situação de May. Ainda havia muito feridos no hospital e as famílias chegavam aos poucos. A pesar dele não trabalhar naquele hospital especificamente, tinha amigos que o mantinham sempre informado. E até o momento ninguém havia procurado por ela.
Eu reconhecia que aquela seria uma boa coisa a fazer, mas estava relutante... e eu sabia exatamente o porquê: eu não queria que ela fosse embora. Eu não queria que May saísse da minha vida... Eu estava sendo um egoísta nojento, filho da puta, mas era a mais pura verdade.

Saí da casa de Sebastian irritado. Primeiro por que ele pegou May nos braços e elogiou-a dizendo que ela estava linda. Era verdade, mas ele precisava ser tão sedutor porra?! Ele era casado e Angie era muito bonita e muito ciumenta. Eu não gostei nada daquilo e mandei ele soltar Maite, só que gaiato como é, o safado perguntou se eu estava com ciúmes! Tive vontade de socar a cara dele e lhe mandei um olhar do tipo: Se não calar a boca, morre!
Me acalmei um pouco quando ele a soltou, mas reclamei quando ficamos sozinhos. Ele era meu irmão ou o que?! Tudo estava correndo perfeitamente bem até que ele e Angie me lembraram do aniversário de Ivan... Meu cunhado era uma ótima pessoa e não gostava muito de festas, mas minha irmã... A vida para ela era uma eterna festa, e a Sininho não dispensava uma boa comemoração por nada neste mundo, droga! Eu a amava, mas Ana podia ser bastante irritante às vezes...
Suspirei olhando para a louça que guardava no armário. Nós havíamos chegado há alguns minutos e May tinha ido para o quarto. Lembrei que em determinados momentos aqueles lindos olhos enevoados adquiriam um brilho altivo, perspicaz e agudo... Vi isso claramente quando ela propôs me ajudar nos estábulos e eu recusei. A natureza dela era batalhadora, e dentro de mim eu tinha a certeza de que ela lutaria na vida para alcançar seus objetivos.
Continuei na cozinha ajeitando algumas coisas quando de repente a luz apagou e eu ouvi um grito de pavor.
May! Que droga tinha acontecido?! Meus músculos enrijeceram imediatamente, peguei uma lanterna em uma das gavetas na cozinha e saí correndo em direção a ela. Escancarei a porta do quarto e não a vi. Apontei a luz do objeto para dentro do quarto e ela gritou novamente. Aí vi que estava no banheiro.
May o que foi?
Me apressei em perguntar.

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