Capítulo 53

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PDV Maite.
Algumas horas mais tarde Barbara precisou se ausentar. Ana havia ligado e estava atolada na loja, que segundo ela estava entupida de clientes e, portanto, minha pequena cunhada só viria até o hospital à noite. Tranquilizei-a garantindo que tudo estava bem. Angie ainda não havia despertado. Sebastian tinha vindo ao quarto por duas vezes, mas segundo ele, o plantão daquele dia estava uma loucura. Só acidentes de moto tinham sido três e com dois feridos em estado grave, precisando ser operados às pressas. Novamente o bipe soou e ele saiu, mas eu precisei prometer que ligaria para o celular assim que Angie abrisse os olhos, o que ocorreu meia hora depois.
Humm...
Me levantei prontamente e me aproximei da cama, enquanto ela piscava um pouco desorientada.
Ei. Que bom que você acordou.
Eu falei, afastando as madeixas loiras de seu rosto abatido. Seu olhar vagou pelo ambiente desconhecido e pouco depois pousou em meu rosto.
Pensei que você dormiria até amanhã.
Falei brincando.
May?
Perguntou com a voz ainda arrastada pelo sono ou pela medicação.
Sim, Angie. Sou eu.
Falei dando um sorriso encorajador.
O que aconteceu?
Perguntou tentando se levantar.
Não se esforce Angie, você desmaiou.  Desmaiei? E como eu vim parar aqui? Ela me fitou confusa.
O Sebastian te trouxe. Você nos deu um grande susto, viu? Ela sorriu fracamente.
E por falar nisso, deixe-me ligar para ele avisando que você despertou. O coitado está ansioso demais.
Ela suspirou e fez uma careta de dor.
Bobagem. Tudo isso por causa de uma simples dor de estômago?
Ah, se ela soubesse...
Bom, eu acho que ele ficou apavorado ao te encontrar desmaiada no chão e quis fazer o melhor para você, querida.
Ela me deu outro sorriso fraco.
Imagino.
Liguei para o meu cunhado e em dez minutos ele estava no quarto conosco.
Oi minha loira. Como é que você está se sentindo?
Cansada...
Ela respondeu e eu corei um pouco. Querendo deixa-los a sós, perguntei onde era a cantina do hospital e me encaminhei para lá, para fazer um lanche. Eu só não esperava o que estava para acontecer.

Aceitei a sugestão do funcionário e pedi um sanduíche natural de ricota, cenoura e tomate seco. Ao morder o primeiro pedaço, meu estômago roncou e então percebi o quanto eu estava faminta. Em questão de minutos, uma sombra masculina pairou sobre mim. Levantei o olhar e deparei com Koko em pé, ao meu lado, sorrindo amplamente.
Meu coração deu um baque. Jesus! Por que de todas as pessoas no mundo, logo ele tinha de aparecer justo ali?!
O que está fazendo aqui?
Questionei receosa.
Estou acompanhando Ximena, May. Ela veio ao ginecologista.
Respondeu e sem fazer cerimônia, ele puxou uma das cadeiras da mesinha e sentou. Instintivamente recuei na cadeira.
E porque não a acompanhou?
Eu quis saber. Ele deu de ombros.
Ela não me deixou ir junto. E você? O que faz aqui? Ele inquiriu.
Angie está fazendo uns exames.
Respondi tentando cortar o assunto.
A esposa do médico?
Ele perguntou arqueando as sobrancelhas.
Sim, ela mesma. Vocês...
Ele sorriu.
Vocês estão mesmo namorando?
Perguntei desconfiada.
Sim. May...
Resolvi afastar minha cadeira evitando que as nossas pernas se tocassem e mexi no restante do meu sanduíche com evidente nervosismo.
Sim?
Eu queria falar com você. Pode ser?
Olhei para os lados e notei que várias pessoas estavam lanchando ali por perto. Me senti segura e assenti. Ela continuou:
Eu te devo desculpas.
Arregalei meus olhos, um tanto surpresa.
Agi como um tolo e hoje me arrependo das minhas atitudes infantis. Engoli em seco, deixando que ele continuasse.
Você é uma mulher linda e muito atraente May, e confesso que ao te conhecer eu te desejei muito. A primeira coisa que passou pela minha cabeça, foi te levar pra cama e curtir. Só não o fiz por causa do William.
Rubra de vergonha, voltei toda a minha atenção para a comida em minhas mãos e abocanhei mais um pedaço, engolindo em seguida. Como meu marido dizia, ele realmente não passava de um cafajeste.
Pode me perdoar? Insistiu ele.
Tudo bem, desculpas aceitas. Mas quando viu que eu não estava interessada, porque não desistiu?
Ele sorriu sem graça, mas não titubeou ao responder.

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