Capítulo 37

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PDV Maite
Minhas pernas não suportaram o meu peso e lentamente desabei no chão. Ainda pude ouvir Sebastian chamando o irmão, mas não tive forças para levantar. Pouco tempo depois senti braços me envolvendo e me confortando. Mesmo cega pelas lágrimas eu sabia que era Ana. Angie também estava ali e me dizia palavras de consolo que de nada adiantavam. Eu estava destroçada, destruída. Abracei meu corpo, como se tentasse juntar meus pedaços.
May...  Eu sinto muito amiga...
Ele vai voltar atrás...
Angie e Ana falavam, tentando me acalmar.
Não. Ele está irredutível. Wiliam não me quer...
Bobagem. Eu sei que ele te ama. Só não está pensando com clareza.
Ergui a mão derrotada.
Pare Ana. Por favor. Eu não quero ouvir isso. Ele foi bastante sincero e eu não quero sofrer mais. Já basta de me iludir.
Angie bufou.
Tenho vontade de ir até lá e quebrar o nariz dele! Por que os homens são tão cabeça dura às vezes?! A verdade está na frente dele e o idiota não vê! Que ódio!
Limpei minhas lágrimas, lembrando que os meus pais e Dan deveriam estar me esperando ansiosos pelos resultados dos exames.
Acabou gente. Foi maravilhoso conhecer vocês, mas realmente eu tenho que ir embora.
Elas me olharam preocupadas.
Tem certeza May? Você pode ficar lá em casa o tempo que quiser, sabe disso, — falou Ana.
Reuni o pouco da dignidade que ainda me restava e fiquei de pé.
Obrigada, mas eu vou para casa Ana.
Ela assentiu. Angie me olhava com um profundo pesar e eu me senti ainda pior.
Tudo bem, mas não sem antes voltarmos a Gutierrez para pegar as suas coisas.
Ana disse se pondo de pé. Uma onda de náuseas me invadiu ao ouvir o nome do lugar em que eu havia morado nos últimos tempos.
Não Ana. Não quero. Não quero nada. Tenho de voltar para o hotel agora. Meus pais estão me esperando.
Falei colocando a mão em meu bolso e retirando o celular. Ela me olhou confusa e eu estendi o aparelho em sua direção.
Assim você me ofende May! Que tipo de amiga pensa que eu sou? O celular é seu e você vai levá-lo para Washington e nós vamos nos falar sempre.

É isso mesmo! Se Wiliam é um estúpido, problema dele. Nós vamos perder você, amiga. Interferiu Angie.
Nem pense que vai se livrar de nós assim tão facilmente!
Ligue para mim sempre que quiser May. Pode ligar a cobrar que eu retorno.
Sorri por entre as lágrimas.
Só você para me fazer rir numa hora assim baixinha...
E nós vamos te visitar ok?
Assenti e me levantei.
Ok. Eu moro em Los Angeles. Apareçam quando quiserem e mais uma vez muito obrigada por tudo o que fizeram por mim. Mas agora eu realmente preciso ir.
Olha, os seus exames estão aqui.
Disse Angie me entregando alguns envelopes brancos.
O Sebastian disse que está tudo em ordem.
Obrigada. Será que uma de vocês poderia me dar uma carona até o hotel? Eu vim com o Sebastian ...
Claro que sim.
Tudo bem. Vamos então?
Elas me abraçaram e caminhamos silenciosamente até o carro da Ana. Ao chegarmos lá elas desceram para conhecer meus pais e conseqüentemente o Dan. Eles se assustaram ao ver o meu estado.
May filha? Você está bem?
O que aconteceu princesa? Por que está chorando?!
Meu pai e Dan perguntaram alarmados. Ana mais uma vez me salvou.
Estamos tristes porque ela vai embora. Nós nos tornamos ótimas amigas e a saudade já incomoda...
E ela também se emocionou lá no hospital... Sabem como é... Lembranças do acidente...
Angie emendou. Eu concordei e abracei as duas pela última vez. Dan acreditou, mas o meu pai não.
Minha mãe, eu realmente não sei, pois fiz questão de ignorar Marcia depois da forma como ela havia tratado o Wiliam e a mim.
Depois das despedidas, minha família quis saber se eu queria descansar um pouco, mas eu balancei a cabeça negando. Falei que apenas precisava de um banho e que depois poderíamos ir para o aeroporto. Eu precisava sair dali logo. Queria ir embora de Phoenix o mais depressa possível e deixar todas as maravilhosas recordações para trás.

No aeroporto, minha mãe pegou um vôo para Tucson, enquanto Javier, Dan e eu voltávamos para Whashigton, para Seattle. Graças aos céus Marcia não iria conosco, pois já seria bem difícil terminar meu compromisso com o Dan, e se ela estivesse por perto, a situação com toda certeza ficaria mais complicada.
Não tivemos dificuldades para conseguir as passagens e sentamos os três juntos. Fiquei no meio, entre o meu pai e Daniel. Quando o avião já havia decolado e eu estava um pouco menos trêmula... A idéia de voar ainda me apavorava um pouco... Dan foi ao toalete. Aproveitando que estávamos sozinhos meu pai inquiriu:
Quer conversar filha?
Senti meus olhos marejados e neguei. Seu olhar queimava sobre mim, afinal ele me conhecia melhor que ninguém. Javier Perroni era um homem de poucas palavras, mas sagacidade fazia parte do seu sangue.
Se pensa que eu caí naquela história de estar com saudades das suas amigas, está muito enganada. Conheço você muito bem May e sei quando tem algo errado.
Funguei e desviei os olhos. Papai era muito perspicaz. Talvez por isso fosse o chefe de polícia de Seattle. Ele continuou.
Não sei o que está se passando nesse seu coraçãozinho, mas posso imaginar. Já fui jovem como você filha. Até mesmo por que eu conheci todos os Levy menos o Wiliam .
Estremeci diante da menção daquele nome.
Bom, se não quer falar comigo, vou respeitar o seu momento e o seu espaço. Mas por favor, resolva essa situação com o Dan assim que puder, está bem? Ele é um bom rapaz e não merece continuar sendo enganado.
Eu olhei para ele com as lágrimas descendo pelo meu rosto.
Eu te amo pai.
Eu também te amo querida. Agora encosta aqui nesse ombro velho e procure descansar está bem?
Assenti e fiz o que pediu. Fechei meus olhos e me forcei a não pensar. Dentro de algumas horas eu estaria em casa.

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