Capítulo 58

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PDV Maite
Já estava anoitecendo quando chegamos ao shopping no centro de Phoenix. Olhei no relógio em meu pulso e eram quase seis da tarde. Wiliam desligou o carro e desceu, dando a volta e abrindo a porta para que eu descesse. Eu adorava esse lado cavalheiro dele, embora algumas vezes me despertasse a lembrança do Daniel. Sacudi levemente a cabeça, tentando afastar aquelas perturbadoras lembranças. Todos os dias secretamente nas minhas orações, eu rogava a Deus que ele encontrasse uma mulher especial, se apaixonasse perdidamente e fosse muito feliz. Meu melhor amigo de infância merecia encontrar a felicidade.
O que está se passando nessa sua cabecinha?
Wiliam perguntou. Tratei de disfarçar.
Nada amor. Eu apenas estava pensando em como a minha vida mudou totalmente em tão pouco tempo.
Nem me fale.
Respondeu dando um sorriso travesso e piscando um olho.
Caminhamos um pouco até chegarmos a uma loja de artigos para bebês, era enorme e de esquina: A Little Baby. Entramos e eu olhei para o ambiente, fascinada. Com certeza aquela loja era o sonho de consumo de toda mãe. Uma moça morena com um uniforme azul claro e cabelos longos apressou-se em nos atender.
Boa noite. Posso ajudá-los?
Ela nos cumprimentou sorrindo e eu procurei retribuir a gentileza.
Sim, nós estamos procurando algumas coisas para o nosso bebê.
Parabéns aos dois.
Falou gentilmente.
Obrigado.
Respondeu Wiliam, enlaçando a minha cintura.
É o primeiro filho?
Sim!
Respondemos em uníssono.
Menino ou menina?
Ainda é cedo para sabermos.
Disse Wiliam dando seu maravilhoso sorriso torto. A vendedora prendeu a respiração e eu não gostei nadinha daquilo. Tudo bem que ele era lindo, um pedaço de mau caminho e atraía os olhares das mulheres como um ímã, mas era meu marido, meu! O pai do meu filho. Procurei disfarçar o meu ciúme crescente.
Eu gostaria de olhar algumas roupinhas.
Falei chamando a atenção dela novamente.
Pois não senhora. Tenho peças lindas para lhes mostrar.
Falou nos conduzindo pelo interior da loja.

Eu recomendaria roupinhas de cores neutras como verde, branco, amarelo, uma vez que ainda não sabem o sexo.
Para mim está ótimo.
Ele falou todo simpático. Trinquei os dentes e dei um beliscão daquele em seu braço esquerdo.
Ai!
O grito de dor despertou o interesse da moça.
Algum problema senhor?
Inquiriu solícita. Wiliam sorriu matreiro.
Não foi nada. Eu apenas tropecei.
Disse. Quando a moça nos deu as costas eu olhei feio para ele, deixando claro que não gostei. Ele sorriu matreiro.
Por aqui, por favor.
Nós a seguimos e fomos até o meio do estabelecimento, onde havia uma enorme estante de piso a teto, repleta de roupas, sapatinhos, meias, fraldas bordadas, bichinhos de pelúcia, mantas, lençóis bordados... Fiquei fascinada.
Aqui a cima nós temos os conjuntos de bolsas e malas para a mamãe e para o bebê.
Continuou nos mostrando bolsas lindas, algumas bordadas, outras lisas... Confesso que nunca passou pela minha cabeça que um bebê fosse precisar de tantas coisas.
São feitas com a mais moderna tecnologia, com vários compartimentos e praticamente não pesam nada.
Eu gostei.
Disse Wiliam.
Eu também, - emendei.
Realmente a mala que ela estava nos mostrando era linda e bem leve, constatei ao segurar.
E estes sapatinhos de linha são exclusividade da nossa loja.
Disse colocando seis pares de sapatinhos na nossa frente. Depois de escolher três pares, comecei a pegar algumas roupinhas e Wiliam outras. Gostei muito dos macaquinhos, pois eram práticos,
confortáveis e fáceis de colocar. O cheirinho que emanava delas era maravilhoso.
Acho que vou levar esses aqui.
Falei pegando várias peças, quando flagrei a moça olhando embebecida para o meu marido. Meu humor alterou rapidamente.
Será que você poderia nos deixar a sós por um momento?
Eu disse procurando me controlar e manter a calma para não fazer um escândalo e não dar vexame.
Nós vamos escolher o que vamos levar e depois chamamos você, - falei segurando a mão dele.

Claro, senhora.
Ela respondeu vermelha. Com certeza sabia que eu a tinha visto com olhos melosos e gulosos em cima de Wiliam. Assim que a vendedora se foi...
Acho que vou procurar outra loja.
Falei com rispidez.
Por que querida? Ela é atenciosa e está nos atendendo muito bem.
Ele respondeu com sua testa franzida.
Bem até demais!
Exclamei com raiva. Ele me fitou com os olhos brilhantes.
Está com ciúmes amor?
Cínico. Até parece que ele não percebeu o interesse evidente da vendedora! Respirei fundo e o fitei.
Não me provoque cowboy.
Ele riu jogando a cabeça pra trás, cheio de si. Eu não estava achando a menor graça.
Minha doce e ciumenta Misteriosa...
Eu não sou ciumenta.
Retruquei, tentando disfarçar.
Sabia que você fica ainda mais linda quando está assim bravinha?
Como ele conseguia me desarmar sempre? Minha raiva dissipou-se por completo. Aproveitei o momento e levei minhas mãos até o seu pescoço, puxando-o para mim, colando nossas bocas. Ele respondeu de imediato e invadiu com a língua quente, encostando sua pelve em meu estômago. Continuamos com essa agarração até ouvirmos um pigarro.
Ham-Ham.
Uma senhora de idade acompanhada pela filha que alisava uma barriga volumosa sob a roupa, nos fitava com um olhar de reprovação. Tentamos em vão disfarçar e elas passaram por nós, seguidas por outra vendedora.
O que se passa nessa sua mente, hein May?
Perguntou segurando meu queixo, me obrigando a fitá-lo. Mordi os lábios e desviei os olhos para um ponto qualquer a minha direita. Ele segurou meu rosto com as mãos e aguardou que eu o encarasse.
Eu te amo. Não precisa ficar enciumada com nenhuma outra mulher. Meus olhos e o meu coração pertencem apenas a você amor.
Ele falou enquanto me abraçava. Suspirei, pois eu sabia que era verdade.
Acho que agora sei como você se sentiu quando me viu com o Koko lá na cantina do hospital...
Senti que ele enrijeceu.
Você não tem nem idéia.
Disse baixinho.
Me desculpe amor. É que eu não gostei nada da forma com que a vendedora olhou para você.
Ele sorriu e afagou meu rosto com as costas da mão.

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