Capítulo 59

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PDV William.
Assim que ouvi a água corrente do chuveiro, me apressei e corri para pegar o celular de May, teclando e acessando sua agenda. Rapidamente encontrei... Lá estava o que eu queria. Voltei para sala com o aparelho nas mãos e peguei o telefone fixo. Disquei e aguardei.
Cinco toques depois...
Alô?
Respondeu a voz feminina.
?
Ela mesma. Quem fala?
William Levy.
Houve um silêncio mortal do outro lado da linha.
Estou ligando para dar notícias de May.
Ouvi uma risada abafada.
Ela não poderia ligar sozinha, senhor Levy?!
Perguntou com ironia e eu tive que me controlar para não ser rude e mandá-la para o inferno. Minha sogra continuava a mesma mulher irritante de sempre. Resolvi insistir por causa da minha esposa e do meu filho.
Ela não sabe que eu estou ligando.
Ela murmurou alguma coisa, baixinho, mas confesso que não entendi.
Então me diga o que deseja senhor Levy, pois como sabe sou uma mulher prática, de negócios e ando bastante ocupada. Não tenho tempo para ficar batendo papinho no telefone.
Respondeu ácida. Rolei meus olhos. Um, dois, três, quatro... Haja paciência!
Tão ocupada que não gostaria de saber que vai ser avó?
Eu disse começando a me irritar. Talvez não tivesse sido uma boa idéia ligar para a cobra, digo minha sogra.
Oh!
Sua reação me agradou e como o fator surpresa é sempre desconcertante... Ponto para mim.
Maite está...
Sim, May está grávida.
Céus!
Aguardei que ela continuasse.
Mas assim, tão rápido?
Suspirei.
Nós não planejamos, apenas aconteceu.
Mais alguns segundos de silêncio.
Vocês estão bem?
Questionou.
Estamos muito felizes com o bebê.
Respondi. Se ela havia se afastado da filha por vontade própria, eu não tinha que ficar fornecendo detalhes da nossa vida a dois.
E como ela está?
Hum... Pelo jeito o peixe mordeu a isca.
Bem, mas porque não liga para ela e pergunta você mesma?
Outra vez o silêncio se instalou.
May?
Insisti.
Ela não liga para mim.
Respondeu baixinho.

Por que você foi contra o nosso relacionamento desde o princípio. E nem ao nosso casamento compareceu.
Cutuquei a onça com vara curta, mas algumas verdades precisam ser ditas. Ela não havia poupado May, então não merecia ser poupada.
Eu tive os meus motivos, senhor Levy.
Se acha que sua filha estaria mais feliz se estivesse casada com o Arenas, está enganada. Eu e May nos amamos e vamos construir uma família.
Ela suspirou.
Os pais só querem o melhor para os filhos senhor Levy.
Como sempre, um osso duro de roer.
Por que não me chama de William? Afinal de contas sou seu genro e pai do seu neto.
É um menino?
Perguntou curiosa. Mais um ponto para mim. Consegui mexer com os sentimentos daquela fria mulher.
Nós ainda não sabemos o sexo. É muito cedo.
Certo.
Prossegui.
May está triste com esse afastamento de vocês e o estado emocional dela é de fundamental importância na gravidez. Liguei apenas para dar a notícia, pois achei que era importante, mas sinta- se à vontade para fazer como achar melhor.
Ela pergunta por mim?
Sorri. A curiosidade faz parte da natureza humana.
, mas ficou magoada e não quer dar o primeiro passo.
Ela riu com amargura.
Claro que não. É igualzinha ao pai dela!
Revirei os olhos. Graças a Deus minha mulher tinha o coração bondoso do pai e quase não possuía nenhuma característica da mãe.
Bom, eu vou desligar. Se quiser ligar para ela...  E... E se eu quiser ir até aí para vê-la?
Vibrei internamente.
A porta da nossa casa estará sempre aberta.
Ok, William. Obrigada por telefonar.
Você é a mãe dela Marcia e Maite é hoje a pessoa mais importante da minha vida. Portanto, se quiser nos visitar, estaremos sempre dispostos a recebê-la.
Vou pensar em tudo que você me disse. Até logo.
Disse e desligou o telefone sem me dar chance de me despedir. Pelo menos eu havia dado o primeiro passo, agora seria a vez dela. Os piados insistentes de Charlotte me trouxeram de volta a realidade. O que será que a minha hóspede estava querendo agora? Pensei com um sorriso enquanto me dirigia à área de serviço.

A coruja me encarou com o bico entreaberto.
O que foi agora?
Como se me entendesse, ela piou e abanou a asa boa.
Você está ficando muito mimada sabia?
Falei sorrindo e abrindo a porta da gaiola. Imediatamente ela se empoleirou em minha mão. Aquilo já havia virado rotina. Fui até o quintal e a coloquei no chão para que caçasse alguma coisa. A ave deu alguns passos vagarosos enquanto eu a observava de pé. Era impressionante o instinto de sobrevivência de certos animais. Mesmo com a asa ferida e impossibilitada de voar, ela não deixava de ser um exímio predador. Geralmente as minhocas ou algum inseto rasteiro eram os seus alvos, agora.
Muito bem Charlotte.
Falei ao vê-la cercar e abocanhar um gafanhoto. Ouvi a campainha e gritei para que Jared desse a volta na casa. Levaríamos o pequeno animal conosco para visitar os cavalos, como quase todos os dias. ...
May queria pintar o quarto do bebê ela mesma e eles chegaram a discutir por causa disso, mas teimosa como era não abriu mão da decisão. Wiliam então não viu outra solução se não ligar para Dr. David e saber se aquilo não prejudicaria o bebê ou sua esposa de alguma forma. David indicou uma tinta apropriada e sem cheiro, que poderia ser utilizada pela futura mamãe sem nenhum tipo de problema. Ana mais que depressa se dispôs a ajudar sua cunhada.
As duas desocuparam o quarto que Maite usara antigamente e ele estava sendo totalmente reformado para a chegada do bebê. A única coisa que May aproveitaria seria a cômoda, que por ser bem grande, acomodaria perfeitamente o trocador e o porta fraldas.
O que foi Ana?
Perguntou May sentindo sua cunhada estremecer.
Um estranho arrepio... Não sei bem.
Ana olhou pela janela. May franziu o cenho e acompanhou o olhar dela que fitava as montanhas ao longe.
Você não está sentindo? Questionou.
O que?
Respondeu May sem entender.
tempo. Está mudando.
Falou evasiva.
Como assim?
May inquiriu confusa. Ana suspirou antes de responder.
Acho que vem uma tempestade por aí.
May arregalou seus olhos chocolate, chocada.
Tempestade?! Como assim?!

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