Capítulo 56

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PDV Ivan.
May se despediu e rapidamente saiu da loja. Aproveitei o exato momento em que duas clientes estavam chegando e fui atrás dela, que de costas, ao lado do carro, não percebeu minha presença.
May?
Chamei sem querer assustá-la.
Sim?
Ela virou-se em minha direção.
Posso perguntar uma coisa?
Falei sorrindo. Ela tinha um brilho diferente no olhar.
Claro Ivan!
Parei por um instante, analisando-a.
Você está grávida?
Questionei sorrindo e ela arregalou os olhos em choque.
Como? Eu... Eu...
Sorri diante de sua hesitação.
Tudo bem, vou reformular minha pergunta, ok? Você está suspeitando de que está grávida? Ela mordeu os lábios, num gesto de insegurança. Sorri.
Sim. Mas como soube?
Perguntou.
Como psicólogo, o meu trabalho é observar e analisar o comportamento das pessoas. Faço isso há anos e modéstia a parte, sou muito bom profissional. Às vezes é como se eu pudesse sentir o que o paciente está sentindo, o estado de humor e as emoções que fluem de você.
Ela me deu um sorrido tímido.
Interessante.
Você está com um ar misterioso, um brilho único e especial nos olhos... E quando pediu a Ana o nome de um bom médico... Eu apenas juntei as peças.
Parei por um momento.
Estou muito feliz por vocês May. O William já sabe?
Ela sorriu amplamente e negou com a cabeça.
Tenho certeza de que ele vai ficar exultante com a novidade. Ela suspirou.
Assim espero.
Franzi o cenho, intrigado.
alguma coisa?
Questionei.
Sim. Mas eu prefiro não tocar nesse assunto agora.
Me aproximei e coloquei minhas mãos em seus ombros, fitando-a diretamente.
Se quiser conversar, sabe que pode contar comigo.
Falei tentando ser solícito. Ela me deu um sorriso doce.
Obrigada Ivan.
Sorri amplamente.
Prometa.
Insisti.
Eu prometo. Se eu precisar de conselhos virei procura-lo doutor psicólogo.

Para você apenas Ivan. E saiba que assim como você, William também ficará super feliz com a notícia. Conheço meu cunhado. Sei o que estou dizendo.
Sorri e dei um beijo leve no topo de sua cabeça, vendo-a entrar no carro e dar a partida. May era como uma irmã mais nova para mim e William teria em breve uma maravilhosa surpresa.

PDV William.
Merda!
Olhei para o relógio em meu pulso pela milésima vez. Eu andava feito um louco de um lado para o outro da varanda. Desse jeito o solado de minhas botas novas iria embora rapidinho. Quer saber? Que se dane! Merda! Porra! Droga! Onde ela havia se metido?! Milhões de coisas passavam pela minha cabeça. Fazia horas que May tinha saído e com uma roupa pra lá de indecente! Como se não bastasse o meu ciúme, tive que aguentar as gracinhas de Sam e do folgado do Jared.
Andei pra lá e pra cá mais uma vez, enquanto Charlotte com uma asa enfaixada e o bico levemente aberto me observava curiosa. Parei e fitei o animal com raiva.
O que você está olhando, posso saber?!
Bradei para a pequena ave de grandes olhos escuros, tranquilamente empoleirada na gaiola. Ela piou duas vezes.
Sim! Estou irado e me roendo de ciúmes! Pronto, falei! Está satisfeita, agora?! Com certeza eu não estava em meu juízo perfeito, pois estava dialogando com uma coruja. Meu cérebro não devia estar funcionando bem, mas também depois que May entrou na minha vida, tudo havia virado de pernas para ar mesmo... Decidi pegar o celular e discar o número dela novamente, mas minutos depois ouvi o barulho suave do motor da picape que se aproximava e estreitei os olhos, abrindo e fechando minhas mãos, tentando controlar minha ira.
Fiquei observando enquanto ela abria a porta do carro, descia exibindo suas pernas lindas naquele short depravado e indecente, e em seguida abria a porta traseira, retirando as compras. Apesar da raiva, contei até dez e fui ajuda-la. Não era porque estava puto da vida que iria deixar de ser um cavalheiro com minha mulher. Ela ouviu os meus passos duros se aproximando, mas me ignorou totalmente. Paciência tem limite e o meu havia se esgotado há horas. Praguejei baixinho.

Que raio de demora foi essa?!
Estourei. Ela me deu um olhar enviesado, como se estivesse me alertando. Demorou alguns segundos para responder.
Você sabe muito bem que fui até o mercadinho.
Sim! Do porra do Rojas!
E passou todo esse tempo conversando com o safado do pirralho, por certo!
Retruquei com ironia. Ela nem se abalou.
— Benjamin estava lá sim e mandou lembranças.
Respondeu como se fosse à coisa mais normal do mundo. Bufei.
E precisava se vestir assim para fazer as compras Maite?!
Cuspi. Ela franziu o cenho e parou me fitando.
E qual é o problema?
Perguntou irritada.
Não vejo nada demais nessa roupa. Caso você não tenha notado, o calor está grande aqui em Phoenix. Escolhi um short por ser mais fresco.
Grunhi de ódio, minhas narinas dilatadas.
Realmente essa sua roupa não tem nada de mais... Só de menos! Faltou tecido por acaso?! Ela rolou os olhos.
Me poupe Wiliam.
Aposto que aquele infeliz ficou admirando as suas pernas e te secando durante todo o tempo em que esteve lá!
Rosnei.
A imagem de Benjamin bobão secando a minha mulher tomou conta do meu cérebro, me fazendo enxergar vermelho, mas May me ignorou completamente, fechando a porta do carro com um leve empurrão da bunda e seguiu para casa. Segui atrás, vendo o delicioso rebolado dos quadris e do traseiro redondinho e firme, gemendo por dentro. Os últimos dias dormindo sozinho, não haviam sido fáceis. A quem eu queria enganar? Eu não havia dormido porra nenhuma! May era como uma droga forte, potente, especialmente feita para mim, e eu estava completamente viciado. Ao avistar Charlotte, ela parou subitamente.
Como ela está?
Medicada.
Respondi sentindo a raiva se esvair um pouco.
Vai ficar com a asa imobilizada por alguns dias. Teremos que alimentá-la e limpar a gaiola. Sam vem trocar as ataduras daqui a dois dias.
Ótimo.
Falou e virou-se para me fitar.
Precisamos conversar.
Disse e eu observei um certo ar de mistério em seu olhar.

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