Capítulo 5

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Ainda estávamos conversando, quando fui pego de surpresa, ao ser atacado por braços e pernas miúdos e macios que me apertavam e pareciam querer me sufocar.
Ah! Você está bem?! Jure que você está bem!
Eu não conseguia nem respirar quanto mais dizer alguma coisa. Sebastian veio em meu socorro.
Ok pingo de gente, ele está bem sim, graças a Deus. Mas vai terminar sufocando se você não parar de apertá-lo dessa forma.
Ela o fitou com raiva.
E você por acaso já examinou nosso irmão seu gorila?
Eu interferi antes que eles começassem uma discussão inútil.
Ana, olhe pra mim. — Eu pedi e ela me encarou. — Eu estou bem sim. Tenho alguns arranhões e levei um corte no supercílio, mas estou vivo... Nem todos tiveram a mesma sorte que eu...
Ela começou a chorar e me abraçou, mas eu consegui tranqüilizá-la.
Eu... Eu tive tanto medo William...
Eu sei querida, mas já passou. Olhe para mim. Continuo lindo do mesmo jeito...
Maite que o diga. — Sebastian se intrometeu e Ana me olhou surpresa.
Quem é Maite?
Sebastian gargalhou.
É uma longa história. — Eu acrescentei.
Com lindos e longos cabelos castanhos e olhos achocolatados. — Meu irmão disse.
Revirei os olhos.
Porra Sebastian! Dá um tempo!
Ele ergueu as mãos se rendendo, e eu me voltei para Ana.
Eu te explico tudo depois, mas agora preciso de um favor...
Dois. — Ela disse.
Vá até a loja e pegue algumas roupas no tamanho... 38 eu acho. Nada muito chique, mas que sirva, pois ela perdeu tudo no desastre...
Ela arregalou os olhos surpresa.
Oh! Maite?!
Sim.
Ana me deu um lindo e brilhante sorriso.  Pode deixar. Eu volto logo.
Ok, obrigado Ana.
Ficamos olhando ela se afastar.
Acho melhor você voltar para junto de Maite...
Vou agora mesmo, e você?
Bom, vou dar uma olhada por aí. Tem muitos feridos e um médico a mais num caso desses nunca é demais.
Assenti e nos despedimos. Observei meu irmão se afastar e retornei para junto da encantadora desconhecida.

...
May havia sucumbido outra vez aos efeitos dos medicamentos e estava em sono profundo quando William retornou ao Box em que ela estava. Wiliam aproveitou a oportunidade para observá-la. Apesar de estar abatida e com olheiras profundas ela era uma linda mulher. Ele já havia conhecido mulheres bonitas antes... até mesmo a família Guiterrez, que seus pais consideravam como parentes, tinha mulheres excepcionalmente belas como Ximena e Elizabeth, mas ele nunca havia de fato se interessado por nenhuma delas.
Ainda lembrava com clareza de uma de suas conversas com Elizabeth, quando tinha ido para o Alaska, onde os Guiterrez moravam, logo após o rompimento com Jaqueline Bracamontes... Ele tinha saído para dar uma volta querendo ficar sozinho e colocar os pensamentos em ordem quando ela chegou.... Flashback on.
"Quando você apareceu aqui," Elizabeth disse lentamente. "Eu pensei que..."
Eu sabia muito bem o que ela tinha pensado. Que eu estava ali por causa dela. Ela já tinha deixado bastante claro o seu interesse por mim... Mas por mais bonita que ela fosse, era loira arruivada, não fazia o meu tipo...
"Você pensou que eu havia mudado de idéia." Eu falei.
"Sim," Ela me olhou desconcertada.
"Me perdoe Elizabeth. Eu não tive a intenção de brincar com os seu sentimentos." "Eu imagino... Você não vai me dizer pelo menos o porque...?"
Eu desviei os olhos e assumi uma postura defensiva.
"Por favor, Elizabeth, eu não quero falar sobre isso." "Mulheres?" Ela perguntou ignorando minha relutância. Eu dei um sorriso amargo...
"Uma mulher..."
Então ela ficou quieta.
"William..."
"Por favor, esqueça isso, Elizabeth. E me desculpe, mas eu gostaria realmente de ficar sozinho"
Ela desistiu depois de um momento de silêncio e se levantou me deixando sozinho com a minha dor outra vez.
Uma semana depois ele estava de volta a Phoenix.
Flashback off.

Fechou os olhos por um momento permitindo que o cansaço tomasse conta do seu corpo. Ele queria muito, ir para casa e tomar um bom e relaxante banho... Depois de algum tempo com os olhos fechados, Wiliam se sentiu observado e abriu os olhos encontrando Maite fitando-o e mordendo o lábio inferior, num sinal de expectativa.
Eles se encararam demoradamente, esquecidos de onde estavam e de tudo mais que acontecia ao redor. O silêncio se estendeu por um longo tempo e tornou-se desconfortável. Eles se olhavam sem saber o que dizer. Wiliam desviou os olhos por um momento quando um pensamento o atingiu como a força de um raio: E se ela estivesse seriamente envolvida com alguém? Um namorado ou um amante... Ele teve que engolir em seco ao ser tomado por várias sensações estranhas e irracionais.
Ergueu novamente a cabeça para fitar Maite que chorava silenciosamente.
Ei, calma... você não vai se ajudar se preocupando desse jeito...
O que vai ser de mim William?
Eu não sei, mas não vou te deixar sozinha, eu prometo.
Eu não sei nem o que pensar. Eu não tenho para onde ir...
Nesse instante a cortina se abriu e Sebastian e uma linda mulher baixinha de cabelos pretos longos e ondulados, de traços belíssimos e com os braços cheios de sacolas entraram e se aproximaram da cama onde May estava deitada.
Olá Maite. — Disse a mulher.
May tentou em vão sorrir...
Desculpe, mas se eu conheço você, não consigo me lembrar...
Eles riram juntos e May os olhou totalmente confusos.
Não você não a conhece... Ainda. Esta é a nossa irmã Ana.
May a olhou, tímida e deu um pequeno sorriso.
Muito prazer.
O prazer é todo meu. Eu só lamento que tenhamos de nos conhecer numa situação horrível como essa. — Falou Ana.
Ana. — Sebastian a advertiu.
E não é verdade? Ela sofreu um acidente, está ferida, sem memória e Wiliam também está machucado...
Poderia ser pior Ana... Nós poderíamos ter morrido. — Wiliam falou. Ela revirou os olhos para ele.
Bom vamos mudar de assunto e falar sobre coisas boas. — ela disse colocando as sacolas na cama, ao lado de May que a olhou confusa.
O que é isso?

São roupas para você. — Ana falou.
May corou até a raiz dos cabelos.
Muito... Obrigada. Não precisava se incomodar, eu... Ana percebeu o seu constrangimento e interferiu.
Não é incômodo algum. E eu soube que você perdeu toda a sua bagagem. Eu tenho uma loja de roupas femininas, por sinal uma das melhores aqui de Phoenix e escolhi tudo para você. Espero que goste.
May sentiu os olhos úmidos outra vez.
Eu não sei como lhe agradecer, de verdade... Muito obrigada mesmo.
Ana sorriu amplamente e May percebeu que ela estava sendo sincera.
Você pode me agradecer deixando de chorar e tentando repousar para ficar boa logo.
May assentiu com a cabeça, enquanto os dois homens observavam a cena, divertidos. Wiliam virou-se para Sebastian.
Pode saber quando ela terá alta?
Claro, eu vou falar com o médico responsável por este setor e já volto. Sebastian saiu.
O que pretende fazer agora William?
Ana perguntou abraçando o seu irmão pela cintura. Ela estava ciente da história de May, pois assim que saíra do hospital e entrara na loja, fizera questão de ligar para Sebastian e pediu que ele lhe contasse o que estava acontecendo. Ambos concordavam que o irmão do meio tinha sido afetado de uma forma diferente e especial por aquela mulher.
Ao observar os dois abraçados, May notou que Ana era muito menor que os seus irmãos.
Vou levá-la comigo pra casa, sininho.
Ana assentiu e não disse nada, parecendo aprovar a atitude de seu irmão.
Acho que é o melhor a fazer no momento. — ele continuou.
Pode contar comigo mano. O que você precisar... Ele sorriu terno.
Eu sei pingo de gente.
Apesar de ser a caçula dos três irmãos Ana sempre fora amiga dos dois, especialmente de William, que por muitos anos também foi o seu confidente. Muito mais do que um irmão ele era o seu melhor amigo.
E saiba que os nossos pais aprovariam. Tenho certeza. — A baixinha falou. Alguns minutos depois Sebastian voltava.
Pronto. Eu assinei um termo de responsabilidade liberando Maite, quero dizer May para sair do hospital... — Disse isso e a encarou. — Se ela quiser é claro.

May assentiu com a cabeça. Ela com certeza se sentiria melhor em um ambiente mais calmo e familiar.
Ana, você pode ajudá-la a se vestir? William perguntou.
Claro. Podem ir os dois lá pra fora que eu fico aqui com May.
Eles saíram e Ana sorriu para a paciente.
Obrigada Ana.
Deixe de bobagens May. Tenho certeza de que seremos boas amigas...
May lhe deu um tímido sorriso e Ana aproximou-se para ajudá-la, uma vez que May se encontrava com muitas dores devido ao acidente. Ana notou que havia vários hematomas no corpo delicado e se entristeceu com aquilo. Mas com repouso, remédios e uma boa alimentação, May ficaria boa. Ou ela não se chamava Ana Brenda Levy.
Depois de alguns instantes, May estava com um vestido de malha longo preto e branco que tinha um decote razoável no colo e que deixava ver o começo dos seios. Calçou um par de sandálias tipo chinelo que Ana também havia trazido e colocou um casaco de cashmere sobre os ombros, pois a noite sempre fazia frio naquela região.
Pronta? Ana perguntou.
Sim. — May respondeu e elas saíram encontrando os rapazes, que não deixaram de ficar surpresos ao perceber o quanto Maite estava bonita.
Precisa de uma carona William?
Sebastian perguntou e ele negou, dizendo que pegariam um táxi.
Ana e Sebastian se despediram deles, prometendo que a visitariam em breve na fazenda. May concordou com lágrimas nos olhos e Ana lhe deu um abraço de conforto.
William pegou as sacolas com as roupas e pediu para que ela o seguisse. May olhou ao redor por onde passava e viu que ainda havia muitos feridos por ali. Ela agradeceu a Deus interiormente pelo dom da sua vida. Realmente ela e William haviam tido muita sorte... Ele andava a sua frente e ao saírem do hospital, o ar frio da noite os atingiu em cheio. Como o ar era seco, May sentiu a garganta queimar, mas não reclamou. Ele chamou um táxi e eles se acomodaram. William indicou ao motorista o endereço e cerca de quarenta e cinco minutos depois eles chegavam à fazenda Gutierrez.

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