Capítulo 10

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Garotas adolescentes e jovens carregam a fama de gostarem de ir em shoppings, comprar roupas, ir em festas, usar vestidos, tirar fotos e ir para a balada.

Eu era exceção.

O dia de ir no shopping com Edith havia chegado e eu estava, definitivamente, desanimada. Sempre havia encarado minha convivência com ela de forma profissional, mas aquilo era diferente. Eu não era mais sua dama de companhia.

Mas, para minha sorte, eu ainda tinha a manhã para me preparar e encontrar animação de algum lugar de mim.

No caminho para a lanchonete, encontrei pessoas de todos os perfis. Pessoas que aparentemente eram empresários e vendedores ambulantes, roqueiros com grandes tatuagens negras estampadas pelos braços e blogueiros com fones de ouvido no pescoço e os olhos agarrados na tela do celular, como se a vida deles dependessem daquilo. Cada um vivendo da sua maneira, do seu jeito, e embora parecessem tão diferentes, ainda eram iguais, com seus sonhos, metas e objetivos.

Eu nem havia me preocupado em tomar café da manhã. Com uma semana de trabalho, eu já tinha aprendido que se o movimento estivesse farto na lanchonete, os funcionários tinham direito a um lanche. E pelo que havia escutado, nos sábados Tony costumava ter mais lucros que em qualquer outro dia da semana.

Cheguei na lanchonete e após vestir o uniforme, comecei a trabalhar.

Quatro horas depois, voltei para casa, preparei um almoço caprichado, embora eu fosse comer tudo sozinha, e dei uma faxina no apartamento. Limpei desde os cantinhos de cada quadro de enfeite, até cada milímetro do chão.

E não vou mentir, aquilo me deixou exausta.

Então tomei um banho demorado, almocei e quando finalmente achei que poderia descansar, já estava na hora de ir para o shopping, encontrar Edith.

Calcei um par de tênis pretos, peguei meu celular, uma bolsa de lado e desci até o andar térreo do condomínio. Sem disposição para andar, resgatei de algum lugar escuro da bolsa, o cartãozinho que havia recebido do taxista dois dias antes, onde li o nome "James" escrito em um canto do material revestido. Disquei seu número no celular e cinco minutos depois de concluir a ligação, seu carro parava em frente meu condomínio.

— Boa tarde, senhorita! — James saudou-me calorosamente, enquanto eu entrava no carro. — Eu não disse que precisaria de mim novamente?

Abri um sorriso, enquanto colocava o cinto de segurança.

— Então pode se acostumar, pois conforme meus planos, precisarei do senhor sempre.

— Para onde deseja ir dessa vez?

— Styllus Shopping.

Instantaneamente o carro começou a se mover pelas ruas de Arcachon e quando James estacionou o veículo novamente, eu o dei o dinheiro que marcava no taxímetro, me despedi e desci do carro.

Entrei no enorme edifício e encontrei a princesa em uma loja do andar térreo com uma sacola na mão, que quando me viu, entregou para um dos dois seguranças ao seu lado.

Embora Arcachon fosse um refúgio para qualquer membro da nobreza, pois pela Universidade receber grandes nomes em sua instituição, a população era permanentemente proibida de causar tumulto em qualquer que fosse o ambiente, por causa de um príncipe ou de uma princesa, por exemplo. Então aquela cidade conseguia ser a única da Terra onde realezas e pessoas normais eram tratadas da mesma maneira. Onde você não conseguiria distinguir um príncipe de um rapaz comum, se não o conhecesse bem.

Sendo assim, Edith poderia ir e vir tranquilamente por onde quisesse, como qualquer outro, mas ela insistia em ter seus seguranças particulares e não seria eu quem iria criticá-la por isso.

Do Outro Lado do AtlânticoOnde histórias criam vida. Descubra agora