Capítulo 9

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— Eu sabia... — resmunguei, algum tempo depois que a imagem foi pausada.

Levantei da cadeira e comecei a andar em círculos atrás da mesa.

— Eu sabia. Eu sabia. Eu sabia! Por que ele fez isso?! Eu não consigo entender por que ele me odeia a esse ponto!

Obriguei-me a cessar meus passos, na tentativa de me acalmar.

— Ok. Obrigada por me ajudar — pronunciei para a mulher que me encarava sem entender o que se passava. — Tenha uma ótima noite.

Ela parecia confusa, mas eu não tinha tempo para a explicar tudo. Estava determinada a provar a Monique a verdade.

Caminhei até a porta e saí da sala. Estava tão concentrada em minha tarefa que só percebi que meu nome estava sendo chamado quando a princesa Edith segurou meu braço, me impedindo de prosseguir.

— Sim? — perguntei.

— O que está fazendo aqui?

— Nada de importante.

— Você sumiu! — ela exclamou enquanto me abraçava. — A última vez que te vi, foi no dia que chegamos aqui. Por onde anda? Ou melhor, o que anda fazendo?

Suspirei.

— Nem queira intender... — Abri um sorriso cansado.

— Nem parece que nos conhecemos a tanto tempo e que já fomos tão próximas — ela disse, enquanto caminhávamos até a saída do prédio. — Devíamos marcar um dia para sairmos, ir no cinema, em uma lanchonete ou no shopping... o que você acha?

— Por mim, pode ser.

— Que tal amanhã? — ela propôs.

— Não dá. — respondi. — Tenho compromisso.

— Nem à noite? — Edith insistiu. — Não tenho compromisso amanhã durante a noite.

Neguei com a cabeça.

— De manhã e à noite eu estudo e à tarde trabalho. Meus dias andam bem movimentados, não tenho tempo para muita coisa durante os dias de semana.

— Que triste... — ela se sentou em um banco no jardim da Universidade e fez um gesto para que eu me sentasse ao seu lado.

— Mas sábado trabalho pela manhã e à tarde não tenho nada em vista. Acho que tenho tempo... e o shopping fica mais fácil para mim, pois assim consigo conhecer algo mais por aqui.

— Então te passo o endereço por e-mail ou mensagem, pode ser?

— Combinado.

Conversamos sobre mais algumas coisas e ela se despediu alegando que já estava tarde e tinha que dormir, pelo ao menos, suas oito horas de sono completas para não ter rugas. Como se uma garota de nem dezenove anos completos, que passava noventa por cento do seu tempo fazendo compras ou recebendo paparicos, tivesse alguma chance de passar por isso.

Quando encontrei Edith, eu estava extremamente exaltada e muito, muito determinada a desmascarar o verdadeiro culpado daquilo tudo. Mas o tempo que havia gastado conversando com ela, tinha me feito acalmar e eu não tinha mais tanta certeza do que fazer quando me vi sozinha outra vez.

Certifiquei-me da hora e descobri que só havia trinta minutos que as aulas do período noturno haviam começado. Se eu quisesse, poderia mostrar a verdade a Monique, ir no meu apartamento e pegar tudo o que precisava, voltar para a Universidade e ainda assim, perder apenas a primeira aula. Mas depois de alguns minutos pensando sobre o assunto, decidi que não faria aquilo.

Do Outro Lado do AtlânticoOnde histórias criam vida. Descubra agora