Capítulo V

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Notas iniciais:

Você voltou do nada
e, apesar de tudo,
tudo o que eu sentia
por você voltou
a fazer sentido...

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POV. Lúcia

Saímos da boate e fomos a outra, mas o clima havia sido quebrado completamente.

Lucas percebeu meu desconforto e eu sabia que a pergunta que eu não quero responder viria mais cedo ou mais tarde. Infelizmente veio mais cedo.

- Você ainda o ama? - perguntou-me sem que as meninas pudessem ouvir.

- Eu não sei como me sinto em relação a ele. É sempre um misto de saudade e ódio, eu não consigo controlar - falei olhando em seus olhos.

- E o que você sente em relação a mim? - perguntou-me confuso.

- Eu amo estar com você. Sua presença me acalma, sua voz é como música aos meus ouvidos e eu não quero que isso que temos acabe, mas eu estou com medo. Charlie parecia calmo demais para o meu gosto e ele não é assim, a menos que ele queira preparar a presa para o abate, fazer ela se sentir livre, para quando menos esperar dar o bote.

- Eu amo você Lúcia, e farei de tudo para te manter segura e te ver bem. Eu só vou sair de perto de você se você quiser que eu vá embora ou se você quiser ir embora - disse-me sereno.

Eu odeio isso, odeio essa confusão em minha cabeça. Eu amo o Charlie ainda, mas estou muito machucada com tudo o que aconteceu. Eu gosto de estar com Lucas, não o amo, mas posso aprender a amar já que nos damos muito bem.

Fiquei dançando com Lucas durante a noite quase toda e voltamos ao convento no horário de sempre. Despedi-me de Lucas com um selinho e escalei de volta para o meu quarto.

Tirei a maquiagem do rosto, tomei um banho e fui cochilar.

Na manhã seguinte tudo aconteceu do mesmo jeito de sempre. A tarde estava quase indo dormir quando Madre Teresa veio me chamar dizendo que eu tinha visita. Pedi para que a mesma avisasse que eu chegava já e fui me arrumar.

Saí do meu quarto e fui em direção à sala de Madre Cecília. Ouvi algumas risadas e estranhei aquilo, porque Lucas não era de muitas palavras com elas. Aproximei-me mais e, quando abri a porta, quase paralisei ao ver quem estava ali.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei irritada.

- Lúcia, que modos são esses? Você é tão doce, o rapaz veio a negócios e passou para te visitar - disse Madre Cecília em reprovação.

- Desculpe-me, eu só fiquei surpresa, estava esperando outra pessoa. Não sabia que estava na cidade, como Louise está? - perguntei me fingindo.

- Ela está triste, deprimida e desde que você foi embora ela não sai mais de casa. Todos sentem a sua falta Lúcia - disse segurando a minha mão.

- Eu precisei ir embora, você sabe, aquela vida não era para mim, eu sentia a necessidade de me reconectar com Deus e aqui é o melhor lugar para isso - falei tentando controlar meus batimentos cardíacos.

- Sim, nós sabemos, mas não mandamos em nosso coração - disse-me manhoso.

- Eu sei, por isso estou aqui - falei me controlando para não chorar.

- Bom, vamos aproveitar que estou aqui e darmos um passeio, tomar um sorvete algo assim. As madres já deixaram você vir passear - falou-me sereno.

- Tudo bem, vou só trocar a sandália por algo mais confortável.

Saímos do convento e a todo momento eu olhava para ver se os meninos não nos seguiam para me sequestrar e Charlie percebeu isso.

- Lúcia, eles não sabem que você está aqui, então não se preocupe, não estou armando nenhuma cilada para você. Nós realmente vamos apenas passear. Quero conversar com você.

- Como eu vou acreditar em você se tudo que você fez durante esses meses que eu fugi foi me ameaçar?

- Venha me revistar, eu vim sem nada, sem celular, sem arma, sem nada, e você sabe o quanto isso é perigoso para mim.

- O que você quer comigo Charlie? Por que você não pode me deixar em paz?

- Eu quero conversar com você Lúcia, não espero o seu perdão, só quero que me escute.

- Fala, mas seja breve, estou morrendo de sono.

- Claro, dando ums perdidos nas freiras para ir às baladas à noite, quer o quê? - perguntou debochado.

- Vai falar ou me dar lição de moral? Se for o segundo eu estou voltando para o convento agora mesmo.

- Eu vou falar se você deixar.

- Tá bom.

- Eu demorei muito tempo para ler a sua carta, e quando eu finalmente tive coragem para ler a minha ficha caiu e eu percebi o quanto eu fui injusto com você. Você é a primeira mulher depois da minha mãe que me desafia de todas as formas e isso me deixa louco. Meu sentimento de vingança ainda permanece, não vou mentir para você que a minha vontade agora é de dar um tiro no meio da sua testa pela forma que você me deixou, você me garantiu que não faria como a Alexia e fez exatamente a mesma coisa, me abandonou sem dizer nada, sem nenhuma oportunidade de me explicar ou me desculpar e eu te odeio por isso. Mas, ao mesmo tempo, eu sinto a sua falta, minha mãe e os rapazes sentem a sua falta, e mesmo que eles me obedeçam o respeito deles comigo não é mais o mesmo desde que você foi embora. Sabe, eu tenho quase certeza que aqueles filhos da puta sabiam onde você estava e te acobertaram esse tempo todo. Eu sei que você ouviu todos os áudios que eu te mandei, mas queria que você olhasse em meus olhos enquanto eu te imploro que me perdoe.

- Charlie eu…

- Não precisa me dizer nada agora. Vou te levar de volta ao convento e você descansa pensando em tudo que eu te disse. Vou ficar na cidade até o final da semana que vem, espero que você volte comigo.

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Notas finais:

Votem, comentem
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de vocês são muito
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Amo vocês 😘😘♥️♥️

I'm not Holy - 2° temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora