POV. Lúcia
Saí do galpão com Charlie, os meninos ficaram lá ainda para queimar nossas roupas e os carros usados. Eu estava exausta, a adrenalina da noite estava passando e meu corpo inteiro tremia. Tentava, em vão, fazer com que Charlie não percebesse, mas meu corpo não atendia mais aos meus comandos e começou a tremer.
- Lúcia? - Charlie me chamava, mas eu não conseguia responder - Amor, respire fundo, eu estou aqui com você, vai dar tudo certo - disse e pegou o celular para ligar para alguém.
"Louise, chame um médico urgente" - suspirou e voltou a falar - "Eu não tenho tempo agora para explicar mãe, chego em vinte minutos e quero ele aí" - disse e desligou o celular.
- Vai ficar tudo bem minha pequena, tudo bem.
Eu não sei em que momento, mas acabei desmaiando por algum tempo que eu não sei te informar, e quando acordei eu estava no quarto de Charlie na mansão, enquanto ele descansava em uma poltrona ao lado da minha cama segurando minha mão. Me mexi sentindo meu corpo inteiro doer e Charlie abriu os olhos.
- Oi amor, como você está? - me perguntou.
- Eu estou bem, o que houve? - perguntei confusa.
- Você desmaiou quando estávamos no meio do caminho de volta para casa. Fizemos exames em você, mas nada com o que se preocupar, foi adrenalina demais para uma única noite e seu corpo entrou em choque - disse-me tranquilo.
- Há quanto tempo eu estou desacordada? - perguntei confusa.
- Há quase vinte e quatro horas. O médico disse que é normal, ainda mais pelo tiro que você levou, mesmo tendo sido de raspão, você meio que entrou no automático e quando sua ficha caiu seu corpo finalmente começou a responder a todo o caos.
- Meu corpo todo doi, eu caí em algum lugar e me machuquei?
- Não, deve ser pelo tempo que você está deitada.
O restante do dia foi perdido para mim, não tive vontade de fazer nada. Louise levou café no quarto de Charlie para nós dois e ficamos vendo um filme.
Os dias foram passando e meus treinamentos continuaram, fiz um outro assalto bem tranquilo, nada saiu do planejado.
Quase um mês depois Alexia voltou, mas Charlie nunca nos colocava na mesma equipe nos assaltos, pois temia que ela fizesse algo comigo ou dissesse algo desagradável. Claro que eu não ligava, eu literalmente não queria ter que olhar na cara dela.
Charlie a cada dia que passava estava mais carinhoso comigo, mas ao mesmo tempo ele me via como uma aliada a sua altura em estratégia e em ação.
Virava e mexia as palavras daqueles homens continuavam ecoando em minha mente "Você vai morrer por estar no caminho de ...", nunca consigo lembrar o nome da pessoa, quem é ela afinal? Que eu saiba eu não estou no caminho de ninguém, a não ser de ... Alexia, claro, por que eu não pensei nisso antes? Ela sumiu, quando descobriu sobre nosso relacionamento e voltou pouco depois desse ataque. Quem mais poderia ter influenciado os homens de Charlie a me matar? Ainda mais porque todos sabiam que ele não estaria comigo.
Calma Lúcia, foco! Você não vai conseguir nada ficando agitada desse jeito. Lembre-se dos seus ensinamentos. Frieza acima de tudo.
Passei a tarde toda pensando no que eu iria fazer. Eu não poderia contar a Charlie sobre isso, porque se fosse verdade ele não me deixaria matá-la para ela morrer do jeito dele, mas se fosse mentira ele ia dizer que eu estava histérica e que o ciúme estava me dominando. Eu preciso ser mais inteligente do que todos eles, sem falar que ela não dorme mais aqui, só os meninos, então eu precisaria dar um jeito de descobrir tudo.
Faziam duas semanas que eu estava colocando meu plano em prática e era mais do que evidente a preocupação daquela quenga. Eu me divertia toda vez que ela pegava o pacote, lia e via o que tinha dentro dele.
O mais interessante é que ela em momento algum falou sobre o que vinha recebendo para Charlie ou para algum dos meninos. Ou essa vaca tá aprontando alguma ou ela desconfia deles.
Mas, vamos falar de coisas boas. A boate está cada vez mais bombando. Todos os dias a casa fica lotada tanto pela dia quanto pela noite e precisamos deixar várias pessoas de fora. Algumas ficam aguardando alguma alma sair para poderem entrar, outras deixam seus nomes para o dia seguinte e vão embora.
Cada dia que passava eu ficava melhor em tudo, preparamento físico, mental e várias outras coisas. Os assaltos, tráficos e carregamentos estavam cada vez melhores, se bem que eu não participava de todos os tipos de tráfico, só o de drogas mesmo.
Ah! E meu relacionamento com Charlie a cada dia que passava estava muito melhor, sem falar que Louise nos apoiava mais e mais.
Acordei hoje extremamente enjoada, nada entrava em meu estômago e Louise já estava me olhando estranho.
- O que houve? - perguntei irritada.
- Querida, você está tomando anticoncepcional? - perguntou-me.
- Claro, eu não quero nem tenho tempo para filhos agora. Olha a loucura que é a minha vida e a de Charlie - falei.
- Vou chamar o médico para avaliarmos esse seu mal estar, não é normal e eu venho percebendo essas mudanças de humor e tudo em você já tem mais de uma semana. Tem quanto tempo que você não menstrua?
- Minha menstruação está em dias. Agora chega de falar sobre isso - falei e subi.
"Tem quanto tempo que você não menstrua?" - a pergunta continuava rodando na minha cabeça. Putz! Ela tá atrasada tem duas semanas. Merda, merda, merda.
Saí do meu quarto, peguei as chaves do meu carro e saí cantando pneus. Parei em frente a uma farmácia, comprei uns quatro testes rápidos diferentes e fui até a boate. Fiz os testes e fiquei aguardando os resultados. Assim que deu o tempo eu ficava repetindo para mim mentalmente "uma barrinha, uma barrinha, uma barrinha".
Olhei o primeiro teste e tinha apenas uma barrinha, fiquei aliviada até olhar o segundo, o terceiro e o quarto. Ambos estavam com as duas barrinhas. Droga! Eu não ia contar isso a Charlie e ia dar um jeito. Peguei os testes e suas caixas e joguei em alguma lixeira que encontrei no meio da rua e voltei para casa.
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Notas finais:
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I'm not Holy - 2° temporada
ActionMuita coisa mudou desde que um cruzou o caminho do outro. Muita coisa foi feita e dita e algumas coisas se perderam. Ela já não é tão doce e ingênua como antes. Ele já não é mais tão insensível como costumava ser, mas, apesar de tudo, ele tem um úni...