POV. Charlie
Esperei Lúcia dormir e fui ao Centro de treinamento. Fiquei treinando com o simulador até que os meninos voltaram da pausa para a comida.
- Que cara é essa Kiefer? - Thomas me perguntou.
- Eu vou ser pai cara, dá para acreditar? A minha pequena está carregando um filho meu - respondi animado.
- Cadê ela? É uma ótima notícia, temos que comemorar - James respondeu.
- Ih cara, ela tá bolada, eu que sou mafioso reagi melhor do que ela. Desde que recebeu a notícia ela só chora. Fiquei com ela até ela dormir - respondi.
- Precisamos levantar o astral dela então - Edward respondeu.
- Cara, eu quase pulei de alegria quando abri o resultado do exame e nem assim ela ficou animada, eu estou com medo dela tentar fazer algo com ela e com o meu filho.
- Lúcia é cabeça Brow, ela só precisa de um tempo para analisar tudo com calma e se programar - James disse tranquilo.
- Espero viu, isso é tudo que eu mais quero, ela e meu filho passeando pela casa. Se ela quiser continuar conosco eu contrato uma babá ou pago a minha mãe, tenho certeza que dona Louise não vai se importar de ficar babando o neto dela - respondi e voltei a treinar.
Não preciso dizer que nada melhorou depois disso. Foram dias difíceis com a depressão de Lúcia. A todo momento ela queria tirar o nosso filho, mas todas as coisas que ela tentava poderiam matá-la junto. Eu e os rapazes estávamos mais do que preocupado com a minha pequena.
Eu sentia que a cada dia que passava eu estava indo para o limite do meu limite e isso estava me deixando no extremo, porque eu queria mandar ela para a puta que a pariu, mas eu precisava ser forte por ela e pelo meu filho. Eu sabia que ela não estava sendo ela por causa dessa depressão e queria ajudá-la mesmo que ela continuasse me afastando cada dia mais.
Cansei de sentir que algo estava errado e chegar pouco tempo depois dela fazer alguma merda. Até que, pouco depois dela completar seis meses, um aperto em meu peito me incomodou tanto ao ponto de me sufocar e eu chegar a tempo de evitar uma tragédia.
Discutimos como sempre. E, dessa vez, eu vi o meu limite, a minha impotência diante da vontade dela de matar nosso filho e a minha raiva me dominarem e eu explodi. Chutei o balde com mais gosto do que eu queria e acho que a forma que eu falei fez a peça que estava fora do lugar na cabeça de Lúcia voltar a se encaixar.
Lúcia chorou feito um bebê quando se deu conta de tudo o que fez, do que iria fazer e do que tudo isso poderia ter causado. Eu não sabia de onde surgiam tantas lágrimas, porque tudo que ela fez nesses últimos seis meses foi chorar.
A abracei e fiquei tranquilizando-a o resto do dia. Chamei o doutor e ele foi examiná-la. Estava tudo bem com ela e com o bebê. Aconselhei Lúcia a procurar uma igreja, ela sempre foi devota, certinha, talvez a ajudasse, ela me pediu para ir com ela e foi o que eu fiz.
Fomos dormir naquele dia no quarto dela mesmo. Acordamos, a ajudei na higiene matinal, tomamos um café bem reforçado. Lúcia foi pegar uma cor na beira da piscina e depois nadamos juntos. Os caras chegaram e ficaram receosos em fazer qualquer tipo de comentário com ela sobre ela finalmente estar socializando depois desses meses sem falar com nenhum deles. Acenei para eles irem ao meu escritório.
- Você se importa se eu for checar com os meninos se está tudo bem? - perguntei com medo.
- Não, eu vou ficar nas cadeiras pegando um pouco de sol, vai fazer bem para mim e para o bebê - respondeu-me com um sorriso tímido.
- Certo, eu volto já - respondi a ajudando a sair da piscina e dando um beijo em sua testa, indo em direção ao escritório.
Entrei e eles me olharam confuso.
- Qual é o papo com Lúcia agora? - Thomas quebrou o silêncio.
- Desde ontem ela está em seu estado normal. Sugeri que ela procurasse uma igreja e ela quer me arrastar junto. Só vou porque sei que vai fazer um bem danado a ela.
- Faz bem cara, vai lá - Edward respondeu.
Eu só espero que isso dê certo.
Nos arrumamos e fomos a uma igreja que tinha perto de uma praça, era pequena, mas muito aconchegante.
Desde que chegamos somos o centro das atenções. Lúcia segurava minhas mãos como se eu fosse fugir a qualquer momento.
O culto estava até que fluindo muito bem, até uma das mulheres da igreja puxar Lúcia para um abraço e o pastor começar a falar.
- Deus tem um recado para a moça que está com um vestido soltinho florido - disse em tom calmo e eu só queria saber qual era a presepada que ele inventaria - Você passou por uma depressão muito grande nos últimos meses, tentou tirar a vida do seu filho de formas que acabariam te matando junto, mas seu namorado sempre foi avisado e ia te socorrer. Deus manda dizer a vocês dois, mas principalmente a gestante que agora que você finalmente aceitou essa criança você não vai tê-la.
Que porra é essa? Como assim ela não vai ter o meu filho?
- Sei que parece confuso, mas vocês vão precisar estar mais unidos do que nunca. Vocês já passaram por muitas coisas, e ainda passarão por várias outras, ficarão muito tempo sem se ver, mas quando voltarem vai ser para sempre.
O pastor terminou de falar e a mulher soltou Lúcia que voltou a segurar minha mão. Se eu soubesse que seria perda de tempo nem tinha sugerido dela vir a esse manicômio. Quando o culto acabou, aquele povo falso veio nos abraçar, desejando a paz do Senhor e convidando a voltar outras vezes. Nem fudendo eu ou Lúcia voltaria nesse hospício.
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Notas finais:
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I'm not Holy - 2° temporada
ActionMuita coisa mudou desde que um cruzou o caminho do outro. Muita coisa foi feita e dita e algumas coisas se perderam. Ela já não é tão doce e ingênua como antes. Ele já não é mais tão insensível como costumava ser, mas, apesar de tudo, ele tem um úni...