Tsetseg (Parte II)

40 12 0
                                    

Continuando as lembranças da Sacerdotisa...

Osahar atacou Hazel, que conseguiu evitar os golpes com destreza. O jovem bárbaro estava até mesmo confiante, mas o olhar da guerreira oreore se mantinha firme. Ao olhar para suas vestes — rasgadas — viu que por muito pouco não foi acertado. O combate corpo a corpo nunca foi o preferido do mercenário. Em algum momento, aquilo poderia se transformar numa catástrofe. 

— Tsetseg, quero que vá embora daqui — ordenou ele.

A nassib não tomou conhecimento das palavras do amigo, muito pelo contrário, indignou-se ao ver seu companheiro ser atacado daquela forma. Sacou sua espada curta e tentou a sorte contra a experiente Osahar. Logo percebeu que havia se precipitado. Com movimentos fluídos, a veterana guerreira se defendeu, evitando ser golpeada também usando uma espada curta, contudo, fazia isso parecer fácil. Era como se um adulto se defendesse de uma criança.  Quando Osahar foi contra-golpear, levou uma flechada bem no ombro esquerdo. Hazel aproveitou a investida da amiga, tomou distância e conseguiu encontrar uma brecha em meio aos ataques. O disparo surpresa quebrou um pouco a concentração da líder oreore, que permitiu outra possibilidade de ataque, dessa vez para Tsetseg. O corte foi superficial, na perna da experiente guerreira. Enfurecida, Osahar golpeou o braço de Tsetseg, o que ela manejava sua arma. A espada curta da nassib caiu, deixando-a vulnerável. Não fosse mais alguns disparos desesperados de Hazel Spikes, Tsetseg teria sido presa fácil para Osahar. 

— Tsetseg! — gritou o bárbaro.

A jovem nassib conseguiu ganhar tempo e se afastar, indo para perto do amigo, ofegante. Osahar conseguia então avistar os dois, lado a lado. Como uma fera, continuou girando sua espada curta, indo a passos lentos até a dupla.

— Entregarei vocês ao Ore Broher — disse a guerreira. — Ele saberá o que fazer.

Hazel tomou a frente, o arco empunhado.

— Você precisa sair daqui, Tsetseg.

— Pare de bancar o herói, eu sei me virar.

— Ela está num nível diferente, não vamos sobreviver. 

— Não vou deixar você aqui para morrer...

— Eu não pretendo morrer! — sorriu e apontou a flecha para Osahar. — Agora vá. Estou logo atrás de você...

Hazel disparou. Osahar evitou a flecha, finalmente aumentando a velocidade, indo até Hazel. Tsetseg correu floresta a dentro. Não olhou para trás. Simplesmente seguiu. Correu até não aguentar mais, quando enfim parou. Respirou fundo. Olhou para o céu, que estava ficando mais escuro. A noite estava para chegar.


(*****)


Tsetseg ainda caminhava, vagando em suas lembranças, olhando para o céu escurecido, carregado de nuvens de chuva. Parecia estar naquele mesmo lugar. Sentia o cheiro daquele tempo, recordava-se do quanto se sentira cansada naquela ocasião. Era como se quase conseguisse ouvir o chamado de Hazel.


(*****)


— Tsetseg!

A jovem, que aguardava o amigo na pedra da cachoeira onde costumavam passar os dias de infância, mal conseguia acreditar que seu velho companheiro estava ali, vivo. Foi de encontro ao bárbaro, o qual abraçou, sem nem mesmo se importar com as feridas dele.

— Ai, Tsetseg!

— Me desculpe... — afastou-se, reparando em seus ferimentos. — Vou preparar algumas ervas pra você. Mas como conseguiu?

Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora