A Partida: Prosas à Beira do Rio

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Estavam todos prontos. Todos em cavalos, a comida separada para os dias de viagem, o plano bem arquitetado. Cada um sabia o que fazer. Akio, Maysha, Eadwine, Maeve e Hazel perfilados, Galvan, Gunnr, o Ente e dois homens-fera nos limites da Floresta das Grandes Árvores, onde já era possível ver alguns raios de sol. Galvan ergueu a cabeça, triunfante por obter sucesso na criação do Elixir que salvaria toda a tribo de Maysha e K'rama, os Oreore.

- Você não virá mesmo? - perguntou a bárbara, abaixando a cabeça, como quem demonstrava desapontamento tentando disfarçar.

- Tenho uma missão com esse lugar - respondeu Galvan. - Não posso.

- E o que digo para o meu mestre?

- Ele vai entender o porquê de eu não ter ido - disse ele, num sorriso fraco. - Agora vá. Salve sua tribo.

Maysha assentiu, elevando a visão novamente, tomando as rédeas. Olhou para Gunnr, abriu um sorriso, pensando em ter o anão consigo na missão, fez que ia evitar falar e não se conteve.

- E você? Não vem mesmo?

- Ele é um anão muito mal-criado e, por isso, mantenho ele junto a mim - disse Galvan, com pompa, acabando por se meter no assunto.

- Você o controla - era Eadwine. - Isso não é certo.

- Se não fosse isso, vocês não estariam aqui.

- Vamos - Akio cortou a conversa, tomando a frente.

Na mente do samurai, a voz do Ente: "Entenda seu caminho. O destino quis que você pudesse viver. Sinta e entenda que o que realmente importa é o aquilo que o mantém vivo".

Akio manteve o foco. Ao seu lado, conforme combinaram, estava Hazel Spikes. O tamuraniano levava o arco do mercenário, bem como a aljava e suas flechas. À frente, Maysha indicava o caminho de volta para a União Púrpura. Maeve e Eadwine vinham depois. A jovem curandeira olhava Hazel, quase perdendo o foco, lembrando as poucas vezes que conversaram, completamente contrário do prometido por ele. O jovem médico, por sua vez, tinha seu foco em Maysha. A dupla de curandeiros acabou percebendo a distração e voltou a si. Olharam-se, sem graça. Sorriram sem jeito. Seguiram.

O Silêncio reinava naquela manhã de cavalgada. Já se havia se passado bastante tempo, a tarde quase chegando. Azgher, o deus sol, reinava no mais alto céu, e cada um dos presentes permaneciam ali, com seus próprios pensamentos, perdidos em conjecturas.

- Mas vocês são chatos pra caramba! - era Hazel Spikes, parecendo entediado.

Akio seguiu o caminho sem se importar com o comentário do mercenário. Maysha apenas fez que ia olhar para trás, mas também manteve o foco. Eadwine mostrou surpresa ao ver que Maysha nada disse, notando o controle da bárbara. Em contra partida, Maeve foi aquela que se incomodou.

- Se quiser quebrar o tédio, darei outro soco daqueles, quer? - abriu um sorriso sarcástico.

Maysha sorriu sem que ninguém visse. Eadwine olhou para a velha amiga como quem já esperava por isso.

- Está muito cedo para os seus carinhos, oh, filha de Marah - ele mencionou a deusa da paz de forma irônica. - Ah, me desculpe, estamos num Reino de merda que não tem fé nos deuses.

Akio cortou a todos, apontando para um riacho perto de onde estavam. Quando viram o samurai gesticular, todos se repuseram à compostura anterior. O tamuraniano impunha grande respeito.

O grupo parou próximo a um punhado de raras árvores num reino de vastas planícies, um verdadeiro achado, perfeito para a hora do almoço, a primeira refeição que teriam desde que saíram da Floresta das Grandes Árvores. Eadwine, aquele que, em seu cavalo, guardava a maior parte dos mantimentos, pôs-se a preparar tudo, como fora de costume durante toda a jornada. Maeve estava incomodada ao ver o amigo sendo, basicamente, o criado deles. Akio, enquanto isso, sentou-se e foi polir sua katana. Maysha foi para a beira do rio. Maeve, por sua vez, não aguentou ficar calada.

Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora