Alvos

228 116 162
                                    

Maysha havia terminado de contar sua história. Yamazaki Akio e Eadwine ouviram atentamente tudo o que fora dito pela bárbara. Estavam sentados; o prisioneiro amarrado. A jovem da tribo bárbara de Oreore fixava o olhar esperando que algum deles falasse algo. Estava ansiosa por isso. Houve um rápido silêncio. O tamuraniano se levantou, sendo acompanhado com os olhos pelos jovens. Ambos esperavam alguma palavra do guerreiro, que se encaminhou até o prisioneiro.

— Bem, eu vou te ajudar, Maysha — disse Eadwine, tentando parecer útil, com o mesmo sorriso ingênuo de sempre.

A garota se levanta, parecendo um tanto desapontada, a cabeça baixa, sem rumo.

— Saberemos mais sobre quem eram esses homens que atacaram a estalagem — era Yamazaki Akio, desamarrando o prisioneiro.— Chegaremos em Ergônia, acharemos esse Galvan e encontraremos a cura para você e seu povo.

— Certo— disse Maysha, deixando escapar um sorriso de canto de rosto, visivelmente feliz com a resposta de Akio.

— "Que bom poder contar com você, Eadwine"— disse o jovem para si mesmo, conformando-se por ter sido ignorado. 

O trio se aprontou e tomou a cavalgada novamente. Eles continuaram seguindo seu caminho até Ergônia.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Uma flecha é retirada da parede. "Como pude errar?", a pergunta não saia de sua cabeça. O homem que o fez começava a examinar tudo ao seu redor. "Ainda dá para usar", ele pensou, colocando a flecha de volta em sua aljava. Começou a olhar o cavalo que havia sido deixado para trás. Um belo cavalo, inclusive, não aqueles que se criam em cidades ou vilas, parecia quase selvagem o animal. Ele sabia reconhecer boas montarias. Analisava precisamente cada passo dado ali naquele estábulo e os rastros deixados. Caminhou até a entrada da estalagem. Sua presença não era assustadora e não levantava suspeitas. Vestia-se elegantemente, na medida do possível, com roupas de coro em sobretons amarronzados, não desbotando muito, com uma curiosa luva, também de couro, que não cobria os dedos e tinha desenhado, na parte exterior da mão, um símbolo indecifrável. Tinha cabelos escuros e curtos, não muito bagunçado. Pele morena bem clara e bonitos olhos verdes. Portava um arco longo e uma aljava bem disposta de flechas, além de uma espada na cintura, não fossem tais armas, não inspirava ameaça alguma.

— Bom dia, meu bom senhor— disse ele ao dono da estalagem, com um sorriso simpático.

— Bom dia.

— Que temporal foi aquele, não?

— Ah, sim. Vez ou outra eles vêm. Dizem que é pela proximidade das Floresta das Grandes Sombras.

— Eu soube. Bem, pude ver que as coisas andaram agitadas por aqui e não foi só o temporal, não é?

— Sim. Forasteiros.

— Seriam aqueles que saíram a cavalo?

— Sim  — pega uma garrafa de Hidromel e serve.

— Muito obrigado pela gentileza, meu bom senhor, só que não sou muito de beber, muito menos a essa hora da manhã. Mas aceito um suco de laranja— respondeu o homem do arco-e-flecha.

Com poucos minutos de conversa, o arqueiro conseguiu extrair muitas informações das coisas que ali aconteceram, desde a chegada da dupla incomum, a ajuda do jovem médico, o ataque acontecido e a fuga. O homem, de forma muito prática e precisa, já tinha tudo o que precisava.

— Já que eles se foram sem o cavalo, posso ficar com ele? — Deixou uma sacola com uma boa quantia de Tibares para o dono da estalagem.

— Sim, sim, claro — Olhava contente para a quantidade de Tibares deixado pelo estrangeiro.

Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora