A Dura Realidade

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— Aonde pensa que vai, Hazel Spikes? — Em velocidade, a líder Nassib partiu contra o mercenário, mas foi impedida por Maysha, que apareceu em sua frente, golpeando com sua espada. Tsetseg bloqueou o ataque com suas garras em forma de foices.

— Você não queria a mim? — era Maysha.

— Desgraçada!

Tsetseg e Maysha rivalização suas forças. A jovem oreore tentou resistir, mas a força de Tsetseg estava realmente num nível muito alto. Para um momento como aquele, Maysha precisaria se concentrar e tentar algo diferente. Foi então que deslizou sua espada pelas foices, movendo seu corpo para o lado, numa distância calculada onde as garras-foice não alcançassem. A líder Nassib, para chegar até a jovem bárbara, deveria movimentar-se mais e melhor. Contudo, Maysha tinha muito mais noção de combate de curta distância do que Hazel. Ao passo que Tsetseg avançava, a jovem bárbara gingava o corpo, se afastava, tentando encontrar alguma brecha.

— Acha que apenas fugir vai servir de alguma coisa? — dizia Tsetseg, confiante. — Logo você verá que é inútil, garota. Tudo é lefeu!

Encurralando a oreore até chegar a ficar de costas para uma árvore, a Nassib desferiu um golpe enquanto bradava suas palavras odiosas. Porém, sua desatenção fez com que Maysha não apenas desviasse, como contra atacasse com um chute na altura do estômago. Tsetseg esperava um movimento com a espada. Não foi o caso. A sacerdotisa foi para trás com o impacto, embora não tivesse sofrido muita coisa.

Assim que pôde, Maysha olhou para o horizonte. Preocupava-se com Hazel. Tsetseg notou.

— Então estava ganhando tempo — os olhos se avermelharam. — A comovente compaixão Oreore. Estão sempre querendo se mostrar superiores. Não! Há algo que supera isso tudo. Algo que supera essa realidade ridícula.

Tsetseg abriu os braços. Algo emanava de seu corpo. Maysha não conseguia decifrar o que era. Não atacou, pois não entendia aquela natureza sinistra que fluía da existência da nassib. Apenas assistia, estática.

Tudo é lefeu! — repetiu.

Enfim, Maysha pôde entender o que ela estava querendo dizer. Os guerreiros nassib que ficaram pelo caminho, mortos ou desacordados, vítimas de Akio, estavam se levantando. Não todos.  Os que tinham forças para se reerguer começavam a ser tomados por uma gosma nojenta, a mesma que revestiu Gyud. A jovem bárbara compreendeu — logo aquelas pessoas seriam corrompidas, algo como meio-humanos, meio-insetos.

— Eu queria você para entregá-la a Leen — ria enquanto falava. — Mas seria outra idiotice desse mundo de merda. A morte foi uma ferramenta. Mas, ao morrer, você iria se encontrar com a sua deusa idiota, afinal, os deuses desse mundo são desse mundo! Assim não. Assim seria fácil demais...

— O que é isso tudo? — tentava manter o foco, mas todas aquelas presenças em massa começavam a emanar um pavor que mesmo toda a força de vontade da bárbara oscilava.

Lefeu! — abaixou as mãos. — A Tormenta. A Corrupção. A não-existência. A resposta para esse mundo caótico.

— Você está transformando sua vingança pessoal contra os Oreore em algo que pode acabar com esse mundo? 

Vingança pessoal você diz... — mais protuberâncias surgiam em seu corpo, quase não tinha mais traços humanos. — Vingança pessoal?

Um grito de ódio surgiu em meio à fala da Nassib. Maysha empunhou a espada. Enquanto aquela distorção da realidade acontecia a sua frente, começou a rezar a Mãe Águia para se manter firme.

Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora