Cooperação

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Antes.

Hazel e Alana seguiram o caminho longo do Reino de Sambúrdia até o Reino-Capital, Deheon. Foram meses. Tempo esse em que não houve contenção dos sentimentos de ambos. Houve sim o despertar de uma intensa paixão. Impulsionados pelo que já sentiam, o aumento da carência e do afeto veio após a catástrofe com o grupo. Berald e Roy acabaram perdendo a vida; Tsetseg, a razão.

Com os dias, os sorrisos voltaram a aparecer, os gestos foram ficando mais carinhosos, os olhares mais profundos e demorados. A companhia um do outro fez com que as imagens daquele tormento vivido em Sambúrdia pudesse ser esquecido aos poucos.

O primeiro beijo, as brincadeiras como casal, as visitas a locais curiosos pelo caminho, tudo parecia mais colorido, mais vívido. Tudo fazia mais sentido.

Até que, enfim, o casal chegou em Valkaria, Capital de Deheon.

(***)

Hazel acordou com bofetões em seu rosto, tapas rígidos, podendo sentir a raiva nas palmas de quem estava fazendo. Com a mordaça, viseira e tampões retirados, constatou que em sua frente estavam Maysha, Akio, Eadwine e Maeve..

- Que recepção - disse em deboche -, a que devo a honra? Por favor, não demorem pois eu estava num ótimo sonho.

Um soco. Maysha fez cara de satisfação, cerrou os olhos e postou-se frente ao prisioneiro.

- A cada graça, um desses. Estamos entendidos?

Hazel fitou a bárbara com repulsa, raiva no olhar, mas a visão de Akio, que cobria a direita da jovem, intimidara o mercenário, que apenas assentiu às palavras da guerreira.

- Você só está vivo porque eu quero. E eu sei que você também está sendo chantageado. Vamos cooperar e vencer Tsetseg e libertar meu povo.

- O que restou do seu povo - disse ele, interrompendo em arrogância.

Outro soco. Ainda mais forte.

- Você vai cooperar.

- Ele irá - afirmou Akio, tomando a frente. - O local está cercado por magia, escapar não é opção. Você não é desprovido de inteligência, muito pelo contrário. Você vai cooperar.

O Samurai e a bárbara se retiraram, ambos olhando com confiança para Eadwine. O jovem médico e sua amiga, Maeve, ficaram frente a frente com o prisioneiro.

- Bem, vou tratar você - Eadwine começou a mexer em sua bolsa. - Maeve está aqui pra me ajudar. Ela também é curandeira, mas não se engane, ela não está aqui por isso.

- Eu posso imaginar - Hazel olhou para Maeve, dando um sorriso sem graça, recordando a noite anterior.

- Então apenas fique quietinho recebendo o seu tratamento, que é muito mais do que você merece.

Eadwine olhou de lado para a amiga, contudo, quase repudiando a atitude de sua amiga, porém, voltando a se acostumar com tais formas de agir de Maeve, continuou focado nos tratamentos. Maeve, por sua vez, fazia guarda, enquanto Hazel ficou em tentar lembrar dos sonhos - lembranças - que teve com Alana.

(***)

A bárbara e o Samurai seguiram pelas escadas. Há algum tempo não ficavam a sós. E mesmo que acontecesse, não trocavam tantas palavras assim, muito mais pelo tamuraniano, que sempre foi de comedido, calado.

- Obrigada por acreditar em mim - ela quebrou o gelo.

- Você viu em mim coisas que eu não disse a ninguém, quando nos conhecemos. Você acreditou no Mohses também. Toda sua intuição sempre esteve certa. Só agi de modo lógico.

Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora