O Vilarejo Onde Todos Se Encontraram

64 36 2
                                    

— As meninas estavam se atracando?— disse Hazel, com a sua assinatura, seu sarcasmo de sempre.

Maysha não deu importância. Seguiu para seu cavalo, sendo acompanhada pelo olhar de Akio. O Samurai se levantou e quis ir até a bárbara, mas lembrou-se que precisava estar atento ao mercenário.

— Adiantaria eu dizer que não vou fugir? — era Hazel, sério dessa vez, atentando ao desejo do Samurai em ir de encontro à bárbara.

Akio não respondeu. Manteve-se próximo ao prisioneiro.

— Claro que não... — o Mercenário se sentou, tendo ele mesmo completado seu raciocínio anterior.

Maysha ficou para um lado, próxima a sua montaria, não demonstrando estar afim de conversar ou interagir. No outro extremo, Eadwine e Maeve se mantiveram também em separado. Decidiram, após o mal entendido, ficar por ali ao anoitecer, visto que nem tão cedo encontrariam um local como aquele. O plano era seguir sem parar nos dias que se seguissem, parando apenas para dormir poucas horas.
Tenebra, a deusa das trevas, banhou os céus com sua escuridão e, tão logo, o sono veio para todos ali. Akio foi o responsável pela guarda de todos. Pensou e repensou em ir até Maysha inúmeras vezes, mas conteve-se em todas elas.

(***)

Os dias a seguir foram de mesmice. Poucas conversas, menos ainda do que no primeiro dia, limitando-se apenas às lembranças do planejamento e perguntas referentes ao estado de cada um na viagem.

O tempo começou a mudar. As nuvens tomavam formas densas, escuras. Maysha e Akio se entreolharam, lembraram-se do dia em que se conheceram. A bárbara viu, em sua mente, mais uma vez, a floresta em  chamas e o tigre que a impedia de ir até lá. Por causa de Akio, ela tinha conseguido chegar até Ferdinand Galvan e se curado da Maldição. Por causa de Akio, estava voltando para curar e libertar seu povo.

Ainda se perdendo em seus pensamentos, pôde notar que chegaram a um vilarejo. O mesmo em que ambos conversaram, onde Eadwine somou-se ao grupo. O mesmo vilarejo em que Hazel e os dois capangas, entre eles Mohses, atacaram-na pela primeira vez. Maysha retirou o pingente que estava guardado dentro de suas vestes e o pressionou.

— Que nostálgico — disse Eadwine.

— Com certeza é — era Hazel.

O grupo parou em frente à mesma taverna de antes. Os cavalos foram deixados no mesmo lugar de antes e Akio forçou com que Hazel fosse com ele até o dono. Maysha ficou um pouco mais atrás, enquanto Eadwine e Maeve não entraram no estabelecimento.

Enquanto Akio já havia acertado as coisas com o taverneiro, Eadwine fez um gesto como quem dizia que não iria ficar pela taverna. Caminhou para fora na companhia de Maeve. Akio quis ir até Eadwine, mas se preocupou com Hazel sozinho ao lado de Maysha. Nunca confiou no Mercenário. Eadwine e Maeve se retiraram.

— Ele está sendo um amigo que sempre é, Akio — disse a bárbara, disfarçando o olhar, sem jeito. — Erramos, e ela precisa dele. Deixem que tenham seu espaço.

Akio alternou olharem entre a bárbara e o mercenário. Fitou os olhos no chão, pensativo.

— Você vem comigo — puxou Hazel com ele.

Maysha arregalou os olhos, surpresa, mas considerou o julgamento de Akio e se retirou para seu quarto na Taverna. Akio e Hazel foram até a dupla de Curandeiros, apertando o passo para alcançá-los.

Eadwine notou a aproximação e parou. Maeve demorou um pouco mais pra notar — ou fingir que havia notado — e também parou.

— Precisamos ficar juntos — disse o Samurai.

Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora