Longe o máximo que podia, mas não tão distante que não pudesse agir, Akio meditava. Ao sair de Salistick, depois da conversa sobrenatural que teve com Taka, sua esposa, sentia seu espírito mais vibrante. Talvez, de forma lógica, ao sair do Reino Sem Deuses, sua conectividade com sua fé pudesse estar retornando aos poucos, ou apenas aquele momento estivesse trazendo o espírito guerreiro de volta, não aquele que visa apenas seu próprio bem, mas o de outrem. O retorno desse sentimento, desse estado de espírito, era bem conhecido por Yamazaki Akio, esse misto de emoções, obrigações e costumes eram resumidos em apenas uma palavra para o povo tamuraniano - honra. Visou, em sua mente, tudo o que havia passado até ali, toda dor e tudo o que sofreu, o que aquele mês anterior teria significado, seu encontro com Maysha, Eadwine, Hazel e Maeve, bem como a responsabilidade que tinha em suas mãos.
— A roda do destino me trouxe até aqui — ergueu a cabeça, fitando horizonte. — E aqui estou.
O samurai se levantou, a mão esquerda sobre a bainha de sua katana, o olhar sério e compenetrado. A hora havia chegado.
(*****)
Maysha estava possuída por uma raiva que jamais sentira antes. Logo avançou para cima de Korendar. Foram sequências de ataques velozes e com potência. Ver seus irmãos de tribo daquela forma, sua mãe completamente disforme, fez nascer algo que ela nunca imaginara ser possível. A ira tomou conta de seu ser, e seria Korendar a sua primeira vítima. Não demorou até que todo o ímpeto da bárbara fizesse diferença naquele embate. O primeiro corte foi na barriga do bárbaro nassib, que tentou revidar, mas Maysha lutava como nunca. Enérgica, não bloqueou o golpe, esquivou-se, cortando o braço que Korendar segurava sua espada. Com um olhar assustado, estava entregue, não imaginava que a jovem oreore estivesse tão habilidosa, muito fria em seus movimentos. Ele ergueu a mão, sinalizando que ela parasse. Maysha respirou fundo, ainda tinha controle de suas ações, no limite de sua consciência.
— Perdi... — Com a mão estendida e respirando fundo, Korendar olhou para a jovem, que mantinha o espírito inabalável. Então ele entendeu que seu gesto de rendição não significava nada.
— Sim, perdeu.
Maysha cortou-lhe o pescoço, fazendo com que Korendar se afogasse em seu próprio sangue. Parada, ela apenas vislumbrou aquele momento.
Ao longe, Gyud chegara. Viu tudo aquilo surpreso.
— Alertem Tsetseg — disse a um dos homens que estava com ele. — É tudo uma farsa.
Maysha se pôs em prontidão, pronta para lutar novamente, confiando em tudo o que seu grupo havia planejado.
(*****)
— Algo não está certo — ponderava Tsetseg consigo mesma.
Hazel olhou para os lados, alerta. O povo Nassib, antes eufórico, foi baixando a expectativa aos poucos. Era como se sentissem que sua líder estava preocupada com algo. Houve, então, uma movimentação intensa ao sul de onde estavam. Alguns homens foram averiguar.
— Você disse que ela conseguiu aliados... — a sacerdotisa iniciou um raciocínio, mas não o concluiu, porque o alvoroço de seu povo tomou sua atenção.
Um nassib, vindo da tal balbúrdia, se aproximou em meio à multidão, ofegante, com aspecto temeroso.
— Senhora, estamos sendo atacados! — Alardou.
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Tormenta: A Maldição do Imortal [EM REVISÃO]
FantasiaEm Arton, um homem vaga sem honra. Antes um honorável samurai do Reino de Tamu-ra, agora se encontra procurando a própria morte. Contudo, a morte foge dele. Imortal por algum motivo desconhecido, ele busca encontrar a morte para assim reaver sua ho...