Podemos conversar?

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Elizabeth

Eu sinceramente não esperava ver Jughead hoje. Sabia que ele seria solto um dia e que provavelmente nos encontraríamos, já que nossos melhores amigos vão se casar. Agora tudo faz sentido, Verônica e Archie demoraram tanto para marcar a data porque estavam esperando por ele. Estou furiosa com a minha amiga, ela deveria ter me contado. Eu me prepararia psicologicamente para esse reencontro. Mais uma vez esconderam algo de mim, mais uma vez envolvendo Jughead.

-Sabia que te encontraria aqui-Verônica diz ao sentar na minha frente no Starbucks.

-Você não poderia ter escondido isso de mim- digo.

-Eu sei, me desculpa. Mas, Betty, vou dizer: você está sendo muito imatura e injusta. Com a profissão que tem, é no mínimo contraditório que você não escute nem o que ele tem a dizer. Não estou dizendo para você perdoá-lo, concordo que ele deveria ter te contado antes, mas você tem, pelo menos, que ouvi-lo. Você deve isso a você e a ele.

-Eu sei, amiga, eu sei. Naquela época eu estava em choque, com raiva. E hoje... Hoje quando eu o vi lá, só lembrei de tudo que veio depois da prisão dele. Você sabe, eu perdi duas pessoas com essa merda toda.

-Você precisa superar isso. Sei que foi difícil, mas você tem que seguir em frente. Vamos voltar, você nem precisa falar com ele. Hoje. Mas um dia você vai ter que falar. Faz isso por mim.

-Tudo bem- digo e seguro a mão dela que estava estendida.

Enquanto caminhamos de volta, revivo tudo na minha cabeça. As declarações de amor, os beijos, o sexo incrível, a mentira... Eu posso lidar com isso, eu posso lidar com isso.

Assim que entramos, vejo o canto dos lábios de Jughead se curvarem em um sorriso contido. Só agora me permito analisá-lo. Seus olhos verdes têm um brilho ao olhar pra mim. Seus lábios finos. O cabelo liso e escuro como carvão, despenteados como sempre. A calça colada, as botas. Esse homem é lindo demais. Eu tenho vontade de esmurrar a cara dele por ser tão sexy sem fazer esforço algum.

-Betty...- ele diz com sua voz rouca e algo instantaneamente acende em mim.
Repreendo essa chama tão rápido quanto ela surgiu.

-Vamos começar logo com isso, já atrasamos demais -corto.

-Isso, vamos lá -Verônica concorda.

Jughead caminha até mim e estende o braço, o qual seguro.

- Obrigado por isso- ele diz.

-Só estou aqui pela Verônica.

-Você sabe que em algum momento você vai ter que me escutar, não sabe?

-Sei, mas agora cala a boca e vamos logo com isso.

Após o ensaio -o qual não entendo a necessidade- estou combinando a despedida de solteira da Verônica com as meninas quando ouço um pigarro atrás de mim.

-Podemos conversar? -Jughead pergunta.

Minha primeira reação é negar, mas quando abro a boca, vejo Verônica nos olhando. Relutante digo:

-Tudo bem.

Termino de combinar as coisas com as garotas e 10 minutos depois estou caminhando novamente em direção ao Starbucks. Dessa vez com Jughead ao meu lado. Ele mantém uma distância segura mas ainda assim, consigo sentir seu perfume. Tenho vontade de enfiar o rosto em seu pescoço e inspirar. Mas não faço isso, claro.
Por causa do horário, o lugar está vazio. Sentamos na mesa mais escondida. Eu pedi um expresso com creme e um croissant e Jughead um expresso puro e um pedaço de torta.
Continuamos em silêncio até os nossos pedidos chegarem. Estou nervosa e imediatamente levo meu expresso a boca. Jughead me observa e de repente seu polegar está no canto de meus lábios. Fico igual estátua até ele retirá-la.

-Desculpa, é que estava com um pouquinho de espuma -ele diz sem graça.

-Não faça isso de novo.

-Claro, desculpa -ele fixa seu olhar em mim e repete:-Desculpa, por não ter te contado. Eu fui um covarde.

-Foi-afirmo.-E um mentiroso.

-Eu não menti pra você, Betty. Eu não quis te contar pra não te prejudicar. Eu não cometi crime algum. Você me conhece, sabe que eu não faria isso.

-Eu achei que te conhecia.

-Você conhece. Eu não fiz nada. Meu pai era rei Serpente, como você sabe. Ele tinha alguns inimigos e um deles era Penny. Para tomar conta daquele lado da cidade, ela pôs drogas no nosso bar, para o meu pai ser preso. Ele já havia sido preso antes, eu era réu primário. Por isso, assumi a culpa no lugar dele. Fiquei algum tempo preso antes de te conhecer. Fui liberado para aguardar julgamento no dia que te conheci no bar. Eu não pretendia me apaixonar e não sabia qual era sua profissão. Quando descobri já era tarde demais, já estava envolvido.

Fico em silêncio.

-No fundo você sabe que é verdade-ele continua.-Eu nunca escondi nada de você. Você foi a primeira a saber sobre meu emprego no jornal. É claro que eu não ia traficar drogas, Betty. Eu sei que deveria ter contado, mas fui egoísta, não queria correr o risco de perder você.

-Onde está essa tal Penny? -pergunto.

-Por aí. Eu e os Serpents ainda estamos tentando provar que ela armou tudo.

-Hum...-é tudo que digo.

-Você acredita em mim? Você me perdoa?

-Preciso de um tempo, Jughead. Muita coisa vem a tona quando vejo você. Mas vou me esforçar pra suportar. Pelo menos até o casamento.

-Já é melhor que nada, não é mesmo?-ele sorri e meu coração vacila.

Permito-me sorrir de volta.

-É.

Sentença [bughead]Onde histórias criam vida. Descubra agora