Capítulo 14 | Camille

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Eu ouvi ele sussurrar no meu ouvido
Com suas mãos ao redor da minha garganta

I Don't Believe In Satan, ARON WRIGHT.

I Don't Believe In Satan, ARON WRIGHT

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EU PEDI UM BEIJO. Queria provar algo a Alexander. Ele era humano, ainda que não aceitasse isso. Nem tudo sob sua pele era gelo.

Foi um jogo. Mas, eu nunca julguei que terminaria assim. Eu não previ este cenário, agora, minha mente estava em frangalhos, despedaçada e sem rumo, refém das imagens que apenas beijá-lo havia alimentado.

Eu tinha provado algo, ainda assim. Seu espírito era quente, selvagem e indomável.

Alexander sabia o que tínhamos feito. E, por isso, eu tinha certeza de que ele seria ainda mais frio comigo.

— O que você quer, Lyne? — Eu não preciso olhar para a porta, ouvi-a se abrir e senti Lyne Hawk esquadrinhar o quarto. — Veio me atormentar?

Ela não responde, mas, ouço seus passos seguirem até mim e, pelo canto dos olhos, eu a vejo depositar um pacote ao meu lado. Roupas. Sequer queria olhar pra ela, tinha nojo dela.

Eu tinha odiado Alexander por me tornar sua prisioneira. Mas, era Lyne quem poderia se colocar no meu lugar, ela deveria se sentir tão violada quanto eu nas coisas que me fez. Mas, seus olhos estavam ali, buscando os meus, vazios de alma.

Lyne Hawk era um lixo, tanto quanto à escória que a comandava.

— Você não comeu?

Eu respirei fundo antes de responder-lhe. — Eu não quero.

— Porque não?

— Você sabe por que — respondi-a sem vontade.

A verdade é que toda essa toxicidade estava me esgotando. Eu já tinha merda suficiente para lidar. Minha cabeça... Eu estava enlouquecendo. Talvez pela semelhança na dor, a sensação de não ter qualquer liberdade, agora, memórias me atingiam como um trem sem controle. Ou lida ou surta.

Surtar facilmente seria a resposta.

— Sei. Mas sei também que se ele lhe deu algo é porque acha que foi merecedora disso.

— Não é assim que são tratados os cães? — ironizei.

Quando Ash e eu éramos pequenos, tínhamos um filhote de golden retriever, mamãe sempre o levava para brincar conosco no jardim. Seus comportamentos eram sempre recompensados com biscoitos.

Era a clássica lição sobre o que merece e o que não merece recompensa.

— Do que é que você está falando exatamente, Camille?

Sua voz está calma, nada dos nervos eriçados da última vez que falamos. Eu não sei por que, mas, mesmo seus ombros parecem mais relaxados. Ela é quase a mesma Lyne que, por pouco tempo, eu cogitei usar para escapar. Quase humana.

Alexander: Implacável | Retirada em BreveOnde histórias criam vida. Descubra agora