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    Um dia me perguntaram se eu tinha medo de morrer, a minha resposta foi sim. Eu tinha medo de morrer, o desconhecido faz essas coisas, te deixa apavorado, ansioso, sem saber o que esperar. Quer dizer, todos nós sabemos que vamos morrer algum dia, mas não sabemos como, nem se vai ser uma morte rápida, ou lenta e dolorosa.
   Independentemente da forma que eu fosse morrer, já havia listado mentalmente 3 tipos de morte que me apavoram:

- Morrer queimada.
- Morrer afogada.
- Ser assassinada e meu corpo ser jogado em um mar.

   A morte nos faz pensar em...

  Antes que eu terminasse aquele pensamento, Missy jogou um travesseiro na minha cara.

_ Vai dormir caramba. - Disse ela.

_ É que eu fico pensando no que vai acontecer quando eu morrer. - Joguei o travesseiro para a minha cama onde Missy (minha melhor amiga, inseparável, insubstituível, insuportável principalmente), estava tentando dormir. - Você vai chorar no meu enterro?

_ Se continuar dramática desse jeito, serei eu a te matar e se isso acontecer não irei ao seu enterro porque estarei na cadeia ou fugindo do país.

    Dito isso, ela virou para a parede. Cinco minutos depois, ouvi seus roncos. Mas eu não conseguia dormir, pensamentos estranhos me vinham a mente.
    Levantei do colchão em que eu passaria a noite, e tentei da maneira mais silenciosa possível abrir a janela do quarto.

    Quando finalmente consegui, encarei o céu escuro, as estrelas eram como pontinhos brilhantes em uma tela anil, um sorriso se formou em meus lábios ao apreciar aquela beleza simples, mas tão mágica.

" Eu sei que o Senhor está aqui comigo, mas poderia por favor me mandar um sinal?" - Pedi mentalmente à Deus.
   Naquele mesmo momento, uma brisa morna típica das noites de verão soprou meu rosto, era só um vento, mas para mim foi uma confirmação. Então, peguei meu cobertor e saltei a janela para me sentar na pequena área que havia em frente ao meu quarto.
   
   Fiquei ali a noite toda, enrolada em um cobertor embora não estivesse frio, contando sobre meu dia para Deus e pedindo que o dia seguinte fosse especial. Foi assim que adormeci.

   Acordei na manhã seguinte sentindo que aquele dia seria incrível, nada poderia estragar a minha quarta-feira. Na-da.

   Voltei para o quarto sorridente, cantarolando e dançando enquanto arrumava a minha cama.

_ MEU DEUS, LUNA O QUE ACONTECEU COM VOCÊ? - Missy abriu a porta me dando um susto.

_ Como assim?

_ Amiga, não surta. - Ela me puxou para o banheiro e me virou de frente para o espelho.

   Um grito entalou na minha garganta quando encarei meu reflexo. O meu cabelo estava verde!

_ C-como isso... - Senti minhas pernas amolecer. - Eu vou desmaiar Missy...

_ Calma, não faz drama. Vamos descobrir o que aconteceu, pode ser tinta guache. - Ela segurou meus ombros e me conduziu até a cozinha onde meus pais e meu irmão mais velho Hector estavam.

_ Papai... - Chamei já querendo chorar.

_ O que tu fez no cabelo, Luna? - Hector começou a rir.

_ Deixa sua irmã, Hec...- Meu pai se virou para mim e seus olhos se arregalaram. - Misericórdia minha filha!

_ O que você fez no cabelo, Luna? -Minha mãe se levantou e se aproximou de mim. Segurou uma mecha do meu cabelo verde. - Isso é tinta de parede?

_ Espero que não, hoje é o dia que vão tirar as fotos para o anuário da escola. -Missy lembrou e eu quase desabei ao lembrar.

_ Onde você encontrou a tinta, filha? - Perguntou minha mãe.

Dancing On The MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora