Impulse Park era nosso parque trampolim favorito, o lugar em que eu e Rick não nos importávamos em parecer infantil demais e podíamos libertar a nossa "criança interior".

   Assim que entramos no local, ele calçou as meias antiderrapantes e começou a pular.

_ Vem Luna! - Gritou ele.

   Me juntei a Rick e passamos horas pulando, jogando basquete e fazendo coisas bobas que provavelmente ninguém da nossa idade tinha interesse em fazer desde os dez anos.
  
    Mas eu amava aquilo em Rick, como ele sabia se divertir, rir com gosto, não se importar com a opinião alheia.
   
   Sem que eu percebesse, estava o encarando, parada enquanto ele atirava a bola na cesta de basquete. Rick se virou para mim e sorriu, os olhos brilhando, os cabelos claros bagunçados de forma que o fez parecer bem descolado.

_ Por quê está me encarando, Luna? - Ele se aproximou tentando caminhar pela cama elástica.

_ Estava apreciando sua beleza. - Joguei uma bola nele que se desviou rindo.

_ Você deve estar enlouquecendo. - Disse ele.

_ Quer dizer que não posso achar meu amigo bonito? Quem diria que aquele garotinho gorducho de cabelo de porco-espinho se tornaria um rapaz atraente?

_ Tinha esquecido do quanto você é direta. - Ele sorriu, mas vi quando suas bochechas atingiram um tom rosado.

_ Fala sério! Nós contamos tudo um para o outro e você está constrangido com um elogio simples desses. - Empurrei seu ombro de forma amigável.

_ Eu não estou constrangido! - Ele fechou os olhos e arqueou as sombrancelhas, fazendo uma careta engraçada. - E não ouse falar mal do meu cabelo, você parecia um esquilo quando tinha sete anos.

_ Um esquilo? - Gargalhei alto.

_ Sim, aquelas esquiletes de "Alvin e os esquilos", pequenininha e com o cabelo pra cima. - Ele segurou meus cabelos e colocou pra cima. - Era mais ou menos assim.

    Chutei sua canela e ele passou as mãos nos meus cabelos bagunçando tudo.

_ Você é um idiota, sabia disso?

_ Você também é. - Disse ele e me puxou para um abraço. Ficamos ali, em pé na cama elástica, eu abraçando sua cintura e ele com o queixo apoiado na minha cabeça.

   
     Saímos do parque pouco antes do anoitecer e resolvemos caminhar por uma pracinha iluminada que havia do outro lado da rua. Assim que chegamos lá, meu estômago roncou ao sentir um cheirinho delicioso de pipoca que saia de um carrinho.

_ Fome? - Perguntou Rick e eu assenti, ele pegou na minha mão e corremos até o carrinho.

   Compramos batatinha e pipoca e nos sentamos em um banco para comer. A noite ganhava vida da forma mais encantadora possível, com estrelas e uma lua grande e redonda.

   " Obrigada Deus, por me permitir enxergar e poder ver as maravilhas da sua criação. " - Orei mentalmente.

_ O que está fazendo, Luna? - Henrique perguntou assim que abri os olhos.

_ Estava agradecendo a Deus por ter feito o universo perfeito apenas para que pudéssemos ver com nossos olhos. - Sorri ao ver a cara de "ela enlouqueceu" que Rick fazia.

_ Deus da Luna, dê um cérebro melhor para ela, de preferência que funcione, amém! - Ele fingiu uma oração.

_ Você sabe que ele é seu Deus também e que só está esperando você reconhecer o quanto precisa D'Ele. - Coloquei uma batatinha na boca e notei a expressão de Rick mudar de feliz para triste.

_ Você sabe que não é assim que funciona. - Disse ele.

_ Basta querer e Ele se responsabiliza pelo resto. Ele sente sua falta Rick, e você sabe que seu lugar é em seus braços.

_ Ele sente a minha falta? Jura? Eu que senti a falta d'Ele quando meu irmão estava morrendo em um hospital, o que Deus fez? O matou. - Rick não elevou o tom de voz, mas eu consegui sentir o ódio nas suas palavras, a decepção e a dor. - Ele era uma criança, Luna. Uma criança!

    Quando Rick olhou para mim, vi seus olhos cheios de lágrimas. Seu irmãozinho Ruan tinha apenas dois anos de idade quando morreu com a doença de Kawasaki, embora muitas crianças conseguiam se recuperar, ele infelizmente não conseguiu resistir.
   Rick tinha treze anos na época, se Ruan tivesse sobrevivido, estaria com oito anos agora.

     Na época, Rick e Vanessa, a irmã mais velha dele, tiveram que passar um tempo na casa da avó porque seus pais estavam angustiados demais para cuidar de alguém. Só lembro que quando eles voltaram, Rick não acreditava mais em Deus e evitava de todas as formas se lembrar daquela perda terrível.

_ Me deixe te perguntar uma coisa. - Peguei sua mão e olhei no fundo de seus olhos. - Você acha que amava o Ruan mais que Deus o amava? Não precisa responder, apenas pense sobre isso.

    O envolvi em um abraço e uma lágrima pingou de seus olhos, molhando a manga da minha blusa. Me afastei e segurei seu rosto entre as mãos, sequei suas lágrimas e ele sorriu fraco.
   
_ Não tem porquê ficar resistindo, Rick. Tudo que você sentiu, Ele sentiu também, então deixa Jesus curar seu coração.

_ Eu não consigo fazer isso, Luna, não dá. - Sua voz saiu cansada. Eu não queria nem imaginar o quanto ele havia sofrido quando estava na Argentina, já que sempre escondeu suas emoções de todos, provavelmente lá ele se permitiu chorar pela morte do irmão.

    Eu não disse mais nada, apenas orei por ele, para que Deus curasse seu coração e o ajudasse a ser quem ele deveria ser.

     Então, ouvimos uma música bem baixa saindo do carrinho onde compramos a pipoca. Me levantei do banco e estendi a mão para Rick.

_ Me concede essa dança? - Perguntei.

_ Eu que deveria pedir, não? - Ele franziu o cenho.

_ Século XXI Rick, quem liga pra quem pede ou não?

_ Você esqueceu de tomar seus remédios hoje, só pode! - Disse ele e pegou a minha mão.

   Pedi que o moço do carinho aumentasse o som e ele o fez. Dançamos sob a luz pálida da lua e ao som suave de " A Hard Rain's A gonna Fall" na voz de Marshall e Sarah.
    Sim, estávamos que nem malucos, dançando uma espécie de valsa com uma música saindo do carrinho de pipoca. Quem passava, achava que estávamos bêbados ou algo assim, porque em lugares onde todo mundo imita todo mundo, as pessoas que preferem ser feliz do seu jeito são tidas como loucas.

    Se me importei com isso?...

_ Querem mais? -Perguntou o homem do carrinho.

_ Com certeza! - Falamos em uníssono.

   Risadas, música, lua e dança me fez querer mais noites de verão como aquela, não podíamos ficar ali pelo resto da vida, mas eu guardaria aquele momento em meu coração para sempre.

      E aí galeraaa?
Como vocês estão? Já comentaram o que acharam do Cap? Já votaram caso tenham gostado?
   
   Já foram no meu perfil e começaram a me seguir? Pq eu sigo de volta hein!

   XXX ❤❤

Dancing On The MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora