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  Me aproximei dele que ao notar a minha presença, parou de tocar imediatamente.

_ Por quê parou? Estava tão lindo! - Me sentei ao seu lado.

_ Feliz aniversário! - Disse ele, como sempre se esquivando das minhas perguntas.

_ Obrigada pelo presente, eu adorei! - Olhei para ele que sorriu ainda encarando o lago à nossa frente.

_ Fico feliz que tenha gostado. - Ele colocou o violão de lado e se levantou.

_ Não vai mais cantar? - Perguntei.

_ Eu tenho uma idéia melhor. - Disse e começou a tirar a camiseta. Olhei para a sua barriga e senti meu rosto queimar.

    Ele jogou a camiseta na grama e me encarou, eu não conseguia parar de olhar para seu corpo definido. Senti a garganta ficar seca e o coração bater mais rápido.

_ O-o que você está fazendo? - Perguntei.

_ Não confia em mim? - Ele estendeu a mão.

_ Não. - Peguei a sua mão e ele me ajudou a ficar de pé.

_ Ótimo!

    Sem que eu tivesse a chance de perguntar o que ele ia fazer. Noah começou a correr ainda segurando na minha mão e nos atirou no lago.

   Foi questão de segundos para eu começar a me afogar, mas como da última vez, Noah abraçou a minha cintura e voltamos á superfície.
 
_ Você está louco? - Perguntei tirando o cabelo do rosto para poder olhar para Noah.

_ Achei que você estava com calor. - Disse ele e jogou um pouco de água no meu rosto.

_ E precisava tentar me matar afogada? - Joguei água nele também.

_ Precisava.

    Noah mergulhou na água e desapareceu, tornou a aparecer atrás de mim.

    Ele segurou meus ombros e me virou de forma que ficamos frente à frente, seu rosto estava à centímetros do meu e eu sentia sua respiração quente em minha pele.
     
      Vi quando ele estendeu a mão e tocou o meu rosto, os dedos molhados afastaram do meu rosto uma mecha de cabelo e colocou atrás da minha orelha.
    A forma como Noah me olhava, era como se eu fosse a coisa mais interessante do mundo e nada mais importasse.
      Ele ergueu o meu queixo com o indicador e encarou os meus lábios com um desejo que fazia seus olhos brilharem.

      Quando ele se inclinou para me beijar, a imagem de Rick surgiu na minha mente e eu virei o rosto.

    Noah recuou. Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo e procurei encarar a água.

_ Luna, eu sinto muito! - Ele passou as mãos nos cabelos molhados, bravo consigo mesmo.

_ Está tudo bem! - Falei aquilo mais para mim mesma.

_ Não, não está! Eu quase te beijei sem nem me importar com seus sentimentos. - Noah fechou os olhos e respirou fundo.

     Olhei para ele, a forma como Noah se culpava por algo que nem tinha acontecido me fez pensar no quanto ele devia me achar uma pessoa sensível.
    
_ Quer saber, Noah? Eu não sou tão sensível ao ponto de me quebrar caso você me toque.

_ Eu não quis dizer isso.

_ Não quis?

_ Não.

_ Então me beija. - Olhei para ele com a cara mais desafiadora que consegui fazer. Noah me olhou surpreso.

_ Não.

  Sua resposta foi como uma facada no meu coração. Talvez eu tivesse enganada e ele não me queria de verdade.

_ Por quê eu sou sensível e você não quer machucar o meu coraçãozinho de vidro? - Não sabia se aquilo era mágoa ou raiva, talvez uma mistura dos dois.

_ Não, Luna! - Ele segurou os meus ombros e procurou meus olhos com os seus. - Você é a garota mais forte que eu conheço!

_ Então por que não tem coragem de me beijar?

_ Porque você não é qualquer garota e eu quero que o nosso primeiro beijo seja perfeito. Não quero que seja por euforia ou para provar que você não é sensível.

    Fiquei calada, não sabia o que dizer. Ele tinha toda razão, Rick havia me beijado por impulso e só tinha sido especial porque era o meu primeiro beijo e eu guardaria para sempre aquele momento no meu coração, mas se Noah fizesse o mesmo, o que faria seu beijo também ser especial?

_ Vem. - Noah estendeu a mão para mim e nós saímos da água.

   Nos sentamos na grama, encharcados, o sol aquecia nossos corpos.

   Ele pegou o violão ao seu lado e estendeu para mim.

_ Canta para mim? - Pediu.

    Fazia muito tempo que eu não cantava, para ser sincera, eu tinha medo de voltar a cantar e ficar pensando na pessoa que me incentivou a soltar a minha voz pela primeira vez.

_ Não sei se consigo fazer isso.

_ Tenta se expressar através da música.

    Peguei o violão da sua mão e pensei em qual música cantar, todas que consegui pensar, envolvia uma lembrança de Rick.

_ Não posso fazer isso. - Devolvi o violão para ele.

_ Então eu faço. - Noah respirou fundo e começou a dedilhar a música " My prayer for you".

   Eu nunca tinha ouvido aquela música na voz masculina e tenho que admitir que foi de tirar o fôlego.
     Noah tinha uma voz suave e parecia cantar de todo o coração, então entendi o que dizia na canção.

   " Para quem orou mil orações
E ainda não consegue encontrar a resposta em qualquer lugar
Lutando contra a mentira de que ninguém se importa
Para quem está lá perdendo a esperança
Sentindo que você está abandonado e sozinho
Apegando-se aos últimos fios da sua corda

Que Deus lhe dê olhos para ver, Ele ainda é maior
Coragem para se levantar e acreditar que Ele é capaz
Que Deus seja sua paz no fogo que você está passando
Esta é a minha oração agora
Esta é a minha oração por você. "
  
    Uma lágrima escorreu dos meus olhos porque através daquela canção, Noah estava falando para mim tudo o que eu precisava ouvir.

     Quando ele terminou, fechou os olhos por alguns segundos e inclinou o rosto para o céu. Eu sabia que ele estava sentindo a presença de Deus assim como eu.

     Ficamos ali em silêncio por não sei quanto tempo, sabia que não estávamos sozinhos porque o Espírito Santo estava sentado entre nós, nos abraçando com sua presença inebriante, não podíamos vê-lo, mas conseguíamos senti-lo.

     Eu não queria sair dali nunca mais, até porque Noah começou a cantar outra canção: God Who moves the mountains.

    E no momento em que começou o refrão, foi como se uma explosão em meu peito me fizesse querer chorar, não de tristeza, mas porque sentia que Deus estava começando a curar o meu coração.

    Eu sabia que o buraco no meu peito não se fecharia em um estalar de dedos, mas tinha a convicção de que tudo ficaria bem, porque o Criador estava cuidando de mim.

Dancing On The MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora