Faltava uma semana para acabar o ano letivo, ou seja, a minha última semana na escola e então uma nova etapa começaria na minha vida.
Eu já estava me sentindo perdida, sem saber o que fazer se não fosse aceita em nenhuma Universidade, sem conseguir dormir direito ao pensar que dali pra frente meus professores favoritos não estariam ao meu lado para me auxiliar e me apoiar.Orando e torcendo para ter ido bem nas provas e ser aceita na USP.
Além da formatura no sábado, ainda tinha os preparativos da festa de Natal que aconteceria em três semanas para terminar de organizar.
Missy listava todas as áreas que tinha interesse em cursar na faculdade, já que a mesma não sabia ainda o que queria ser.
_ Estilismo, astronomia e direito. Tenho dúvida entre esses três. - Disse ela mordendo a ponta da caneta.
_ O quê uma coisa tem a ver com a outra? - Perguntei rindo. - Sério, são áreas que tem muito em comum! - Fui irônica.
_ Para com isso, Luna! Está me deixando ainda mais nervosa.
_ Você vai encontrar algo que ame fazer, fique calma.
Assim que terminei de falar, alguém bateu duas vezes na porta e entrou correndo._ Luna, me ajuda! - Era Hector.
_ O que aconteceu dessa vez? - levantei do tapete e cruzei os braços.
_ A Mayara vai chegar em dez minutos. - Disse ele. - E eu queimei a lasanha sem querer.
_ O que quer que eu faça?
_ Vai no mercado e compra aquela lasanha pronta, por favor! - O desespero dele me fez rir.
_ E o que eu ganho com isso, Hector?
_ O que você quiser, mas por favor, vá logo, eu prometi pra ela que faria a lasanha.
"O que você quiser..." aquela frase passou infinitas vezes como uma música na minha cabeça, enquanto eu me imaginava com a câmera que eu tanto queria.
Chamei Missy para ir comigo, pegamos nossas bicicletas e fomos para o supermercado o mais rápido possível. Corremos para a seção de congelados e procuramos a bendita lasanha.
_ Achei uma! - Apontei para a última lasanha que tinha lá, sentindo que a sorte estava sorrindo para mim.
Mas no momento em que estendi a minha mão para pegar o produto, alguém foi mais rápido e pegou a lasanha.
_ NÃO! - Me virei e vi uma mulher alta sorrindo satisfeita. - Devolve a minha lasanha!
_ Sua? Você já tinha pagado por ela? - Ela me olhou com deboche.
_Não, moça, por favor! Eu preciso dessa lasanha. - Implorei.
_ Não estou nem aí. - Deu de ombros e se afastou empurrando um carrinho de compras.
Olhei para Missy que balançava a cabeça de um lado para o outro.
_ Adeus câmera! - Falei.
_ Isso não vai ficar assim. Eu tenho um plano. - Missy falou.
Ela contou o plano genial e depois correu para a fila do supermercado.
Eu segui a mulher que havia pego a lasanha sem que ela me visse, e no momento em que ela se afastou do carrinho para pegar algo em outra prateleira.
Eu passei disfarçando, enfiei a mão no carrinho, peguei a lasanha e saí correndo._ A MINHA LASANHA! - Gritou a mulher apontando para mim.
Corri que nem louca pelos corredores para despistar ela que me perseguia e quando vi que a mulher havia desistido, corri em direção ao caixa e joguei a lasanha para Missy que no mesmo momento pagou e saímos de lá nos sentindo vitoriosas.
_ O que fizemos é considerado roubo? - Perguntei enquanto pedalava a bicicleta em direção à minha casa.
_ Claro que não! Ela não havia pagado, o produto pertencia ao supermercado. - Missy riu e eu também. Seus cabelos cacheados longos voavam com o vento, eu adorava aquele espírito aventureiro que havia nela.
Quando cheguei em casa, dei a lasanha para Hector que quase me agradeceu de joelhos._ Ah, - Falei - Eu quero aquela câmera que vimos no shopping.
_ Por uma lasanha, Luna?
_ Você acha que foi fácil conseguir essa lasanha? - Perguntei e ao meu lado Missy começou a contar toda história que rendeu boas risadas até depois que a namorada de Hector apareceu.
🌼Na segunda, durante o trabalho voluntário fomos avisados que dois grandes empresários estariam na festa e que tudo deveria estar impecável.
Noah chegou dez minutos atrasado e não falou com ninguém da sala, apenas abriu seu notebook e digitou sem parar enquanto bebia litros de café.
_ A árvore, - Começou Lucas. - Eu e Thomas fomos ver a árvore e em todos os lugares que fomos nenhuma árvore parecia grande o suficiente.
_ A não. - Fechei os olhos e tentei pensar em alguma idéia, mas nenhuma me veio à mente. - Eu vou falar com Noah, ele deve saber de algum lugar.
_ Não acho uma boa idéia. - Pietro disse. - Ele não deve estar em um bom dia.
Olhamos para Noah, os cabelos bagunçados, os olhos fundos de quem não dormiu e estava tentando se manter acordado com o café, os dedos digitando ferozmente sem parar.
_ Não tenho nada a perder. - Falei e comecei a caminhar lentamente até a sua mesa. Limpei a garganta tentando chamar sua atenção, mas ele não me ouviu. - Noah.
_ Sim.
_ Preciso falar com você sobre uma coisa. - Ele parecia estar realmente estressado, porque nem tirou os olhos da tela brilhante do notebook. - Estou tentando falar com você!
_ Eu estou ocupado agora, não está vendo? - Ele rebateu de uma forma grosseira.
_ Sim, mas é importante. - Insisti.
_ Isso também é importante. - Disse ele e bebeu mais um gole do café.
_ Você está estressado, pare um minuto por favor, eu preciso te falar uma coisa imp...
_ SERÁ QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE ME DEIXAR EM PAZ UM MINUTO! - Gritou ele de forma que meus olhos se encheram de lágrimas, ninguém nunca havia falado comigo daquele jeito.
Engoli seco, agora ele me encarava com a respiração pesada. Aquilo havia sido humilhante demais para mim, dei meia volta, peguei as minhas coisas e fui embora.
Noah era um babaca!
Um grosso e insensível!
Meu coração estava apertado e senti as lágrimas entaladas na garganta, mas me contive.
Não quis nem usar a bicicleta que ele havia me dado. Peguei um pedaço de papel e uma caneta e escrevi um bilhete:Fique com ela, não quero nada que venha de você.
Sim, havia sido dramático o bilhete, mas independente do motivo de Noah estar bravo, eu não tinha culpa e não tinha a necessidade de ele me humilhar daquela forma.
Eu levei pouco mais de vinte minutos para chegar em casa, e quando passei pelo meu portão, corri para o quarto e me joguei na cama.
" Pai, tinha a necessidade de ele gritar comigo daquela forma? Não tinha, não é? Ele me humilhou na frente de todo mundo! Não quero mais vê-lo, eu sei que o Senhor nos ensinou a perdoar os que nos ofende, mas isso é tão difícil..."E foi assim que eu dormi, contando tudo para Deus e deixando ele agir da forma que bem entendesse na minha vida.
Procurei esquecer aquilo e focar na minha última semana na escola, na minha formatura e não me lembrar mais de Noah durante aquela semana.
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Dancing On The Moon
Teen FictionOnde Luna Albuquerque, uma garota Paulista, desastrada nata que canta para flores, conhece Noah Cahill, o garoto que todas querem, mas ninguém pode ter. Em meio à tantos momentos engraçados e vergonhosos. Luna se vê em uma posição em que seu cor...