Vinte e dois

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Kushina engravidou aos dezoito, no final do primeiro ano da faculdade, e foi a única razão de ter casado tão cedo. Não que Minato não valesse a pena. Ele era doce, gentil e certamente o equilíbrio perfeito da personalidade explosiva dela. Eles seriam bons parceiros se tivessem esperado um pouco mais para se casarem, se tivessem se conhecido melhor, entendido as necessidades emocionais um do outro, se Minato tivesse estudado para o concurso em um ambiente mais saudável, se não fosse a ordem clara de Himeko de que eles deveriam se casar e ponto final.

Minato não queria, mas tinha medo de sua sogra o separar permanentemente de Kushina ou, pior, do seu filho.

- Eu tenho orgulho de você, Minato - disse Jiraiya uma tarde, duas semanas depois de descobrirem a gravidez.

- Mesmo eu tendo engravidado minha namorada? Fomos totalmente irresponsáveis.

- Eu sei, mas ser adulto é se responsabilizar por tudo o que faz. E você está fazendo isso. Rikudou sabe o que faz, tudo bem? Ele é quem conhece a hora certa das coisas.

- Mas não tem como essa hora ser a certa.

- Coloque fé em si mesmo. Você é um rapaz sábio. Vai saber o que fazer.

Kurama nasceu com trinta e nove semanas e Himeko tratou de se meter proibindo a filha de colocar o sobrenome de Minato nele, alegando que não tinha peso social. Kushina e Minato planejavam colocar os dois, mas mais uma vez acataram a decisão de Himeko.

Kurama soube de toda a história através de Jiraiya. O avô era órfão, Namikaze era o sobrenome da sua falecida esposa. Ninguém mais carregaria esse sobrenome depois que Minato morresse. Foi por isso que Kurama mudou o sobrenome quando fez dezoito. Minato só soube depois que ele voltou pra casa, quando receberam uma encomenda.

Kurama Uzumaki Namikaze. Chorou por uma hora inteira.

Naruto nasceu dez anos depois. As condições financeiras eram muito melhores. Minato já era juiz e eles não contavam com ajuda financeira dos pais. Kushina era professora de dança.

Naruto sabia que seus pais passavam muito mais tempo com ele do que os pais dos seus outros colegas, mas só foi perceber que isso era estranho aos quinze. Foi quando ele se questionou o que fazia os pais nunca demandarem tempo a sós, mesmo quando Naruto queria. Depois de muitas perguntas, entendeu que ele era um projeto, uma tentativa de salvar o casamento.

Naquela família, Kurama foi o primeiro a amá-lo sem interesse. Só porque ele existia.

Na escola, além de Fu, Utakata e Yugito, Kurama não tinha amigos. O cabelo muito grande, as marcas nas bochechas, os caninos muito afiados, as sardas. Aprendeu cedo a não se importar com a opinião das pessoas.

Ele ficou assustado quando Naruto nasceu, porque nunca tinha amado tanto alguma coisa ou alguém.

Kurama percebeu antes de todos que o amor de Naruto por Sasuke ia além de amizade, e também percebeu primeiro que garotas não eram tão interessantes assim para o loiro. Ele estava lá na primeira nota baixa, na primeira vez que ele chorou por um garoto, no primeiro porre - e agiu como um verdadeiro pai, dando banho, remédio e fazendo um discurso longo sobre ter responsabilidade.

Enquanto Kurama servia o exército, a distância de Naruto era como perder um braço. Ou dois.

O exército lhe renderia memórias que o deixariam noites em claro.

Quando Kurama foi expulso de casa e enfrentou seus demônios sozinho, Naruto não estava lá.

E quando ele voltou, Naruto foi o único motivo que o fez aguentar firme.

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