Trinta e um

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As festas de final de ano serviram para tirar dos jovens um pouco do foco da nova vida que teriam a partir dali. Kushina aproveitou o Natal para mostrar aos convidados fotos antigas que tinha em seus álbuns. Sasuke e Naruto, a partir de certa idade, começaram a aparecer inseparáveis nas fotos.

Sakura começou a passar menos tempo com os amigos e mais tempo com Ino, e embora isso soasse como uma despedida gradativa que eventualmente seria o fim de uma coisa grande, ela lhes segurou as mãos e lhes disse que as coisas que eles haviam vivido não seriam simplesmente apagadas. Chega uma hora que você precisa simplesmente soltar a mão daquelas pessoas, mas o amor permanece, se desenrola e vira outra coisa, uma coisa maior. Ser adulto é muito mais sobre valorizar os laços que já foram cultivados, sem depender de constante manutenção. E embora Naruto, Sakura e Sasuke tenham sido um trio e tanto durante todos aqueles anos, havia uma bifurcação no caminho, e era ali que cada um seguiria para uma estrada diferente. Era preciso aceitar, afinal.

Em janeiro, depois de muitas negociações e discussões, as malas de Naruto e Sasuke estavam sendo colocadas no Audi do Uchiha. Iriam, os dois, morar com Hashirama e Madara.

Kurama e Yugito foram para casa se despedir de Naruto.

Enquanto Naruto encarava seu irmão, sentiu os olhos encherem de lágrimas. Kurama não aguentou e o abraçou apertado, sendo correspondido na mesma hora.

- Você precisa ser forte, porque ficar longe de casa dói muito às vezes. Mas a partir de hoje, você sabe que vai ser pra sempre. Essa aqui provavelmente nunca mais vai ser a sua casa, e tudo bem. É o seu caminho, você o escolheu e ele vai ser lindo. Seja forte e me ligue sempre que quiser. Eu te amo mais que qualquer coisa.

- Eu também, Kurama. Eu te amo muito. Você também pode me ligar sempre que quiser.

Em seguida abraçou a cunhada, que fungava em seu ombro e estava mais emocional do que o normal.

- Por favor, se cuide, bebê. Não faça nenhuma besteira.

- Leve Matatabi com vocês, por favor - Naruto pediu - Ela gosta mais de você do que de qualquer pessoa, e eu não vou estar aqui, de qualquer forma.

- Naruto! É sério? - a loira perguntou com lágrimas nos olhos e Naruto riu.

- Sim. Cuide muito bem dela.

Naruto abraçou os dois e seus pais longamente pela última vez antes de entrar no carro e sentar no banco do passageiro. Observou Sasuke abraçando os Uzumaki também antes de entrar no carro. Ele bateu a porta e suspirou. Eles tinham acabado de abastecer quando Sasuke quebrou o silêncio.

- Puta que pariu - disse.

- Kurama falou que provavelmente eu nunca mais vou voltar a morar aqui. E é verdade. Eu vou vir nos feriados e pronto. Eu nunca mais vou voltar a morar aqui. Quer dizer, talvez eu volte, não sei se depois da faculdade vou ter dinheiro pra ter meu próprio lugar...

- Naruto.

- Diz.

- Casa comigo.

Naruto o encarou assustado.

- Sasuke?

- Eu não sei quando, mas assim que possível. Casa comigo.

Naruto o encarou incrédulo e riu alto.

- Sasuke, não brinca comigo assim, poxa.

- Puta merda, hein, Naruto? Você é difícil de se pedir em casamento.

- Mas... Sasuke, você tá falando sério?

- Sim, eu tô.

Encarou o moreno durante um minuto inteiro. No entanto, embora Naruto procurasse sinais de insanidade em Sasuke ou qualquer indício de que aquilo era só uma brincadeira, não encontrou nada disso. O que encontrou foi seu namorado o encarando completamente aberto e direto, sem intenção de voltar atrás nas palavras. Os olhos de Naruto se encheram de lágrimas na mesma hora e Sasuke o puxou para seu colo, lhe dando um abraço longo.

- Não acredito que você está mesmo me pedindo em casamento.

- Temos tatuagens juntos. Vamos ficar juntos pra sempre. Eu não sei do que mais precisa.

- Precisa que eu diga sim - Sasuke segurou seu rosto com as duas mãos.

- Então diz.

Naruto sorriu para ele abertamente, os olhos ainda brilhando pelas lágrimas, e riu mais uma vez abraçando o Uchiha com força.

- Sim, sim, sim. O mais rápido que for possível. E foda-se. Tipo, tudo. Foda-se.

- Foda-se - Sasuke repetiu sorrindo e achou estar sonhando até perceber que chorava também.

Eles eram dois idiotas, sabiam disso, mas certos pactos e compromissos que eles firmavam eram apenas convenções, pois não importava o que acontecesse, seus corações e almas já haviam dito sim um para o outro há muito tempo.

Naruto voltou para o seu lugar no banco do passageiro e Sasuke começou a dirigir, vez ou outra fazendo carinho na coxa de Naruto e este se sentindo absurdamente sortudo. Se quando eles chegaram à cidade pararam em uma joalheria e compraram alianças de noivado? Com certeza. Afinal de contas em algum momento eles precisariam parar de usar blusas de mangas compridas e a família não teria mais poder de questionar fosse o que fosse.

A casa de Madara era um lugar temporário, assim como a faculdade seria. Eles estavam prontos para aguentar e passar pelos obstáculos que fossem necessários, estavam prontos para esperar o tempo que fosse preciso, e saberiam a hora certa, no fim das contas. Eles tinham essa vantagem, sabiam o que significava amar alguém de verdade e nada mudaria isso.

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