Vinte e seis

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Aquele era o dia pelo qual eles esperaram o ano inteiro, e ainda assim, não estavam prontos.

Naruto e Sasuke não se viam há dois dias. Concentração. Mensagens. Naruto dormiu os dois dias no antigo quarto de Kurama, agora limpo, sem as garrafas de cerveja, instrumentos ou o perfume do mais velho. Já fazia algumas semanas que Kurama não estava lá. Ele não estaria lá para lhe dizer "ei, tá tudo bem, moleque." O moleque teria que descobrir isso sozinho. Ele achava que teria.

É por isso que ele começou a chorar quando desceu as escadas para tomar café da manhã e o ruivo alto de cabelos compridos rebeldes estava acocorado no chão interagindo com Matatabi e dizendo "eu senti tanto a sua falta, princesinha". Ganhou um abraço demorado do irmão e o aviso de que ele é quem iria levá-lo no local da prova.

Enquanto comia, Kushina e Minato faziam mil recomendações sobre se hidratar o suficiente e não ter vergonha de ir no banheiro dez vezes se preciso fosse, e sobre a necessidade de comer bastante para não roer as unhas ou desmaiar. Depois ouviu um "você é o nosso maior orgulho agora, e vai continuar sendo independente do resultado dessa prova". Ele viu Kurama sorrir triste, e não pôde culpá-lo.

De frente para a escola onde a prova seria realizada, Kurama e ele saíram do carro. O mais velho lhe deu uma bolsa com barras de chocolate, água e snacks salgados e olhou bem nos olhos de Naruto, antes de suspirar.

- Eles não mentiram. Você é o maior orgulho deles. Não se pressiona tanto.

- Eu não tenho medo de decepcioná-los.

- Quem você tem medo de decepcionar? - Naruto suspirou.

- Você e o vô - Kurama ergueu uma sobrancelha.

- O vô odiava essa história de vestibular e faculdade, ele não 'tava nem aí pra isso desde que a gente estivesse feliz. Naruto, olha bem pra você: você tem uma personalidade maravilhosa, é esforçado, ama com todo o seu corpo e alma e se dedica pra o que te faz feliz. Se isso não é suficiente, eu não sei o que é. E eu nunca vou olhar pra você e sentir menos do que todo o amor que eu puder te dar. Ouviu? Vai lá e faz essa merda porque você quer fazer, e foda-se o resultado. A gente vai dar um jeito, não importa o que aconteça.

Naruto assentiu e abraçou Kurama com força, sendo prontamente correspondido.

- Escuta, Kurama. Eu tenho orgulho de você. Não importa o que digam.

Foi o sorriso do irmão que ele viu antes de entrar na escola. A sala era formada pelos candidatos cujo sobrenome começava com a letra "U", e por isso, quando ele sentou em uma cadeira aleatória e olhou para a frente, vendo aqueles fios negros que conhecia tão bem, sabia que tudo daria certo, não importava qual fosse o resultado daquele dia.

[...]

Cabaré da Ino

Neji: e então, primeiras-vezes? o que acharam da prova?
Shikamaru: se alguém quiser beber, eu estou dentro.
Ino: você não gostou, shika? eu achei ruim, mas você...
Shikamaru: é complicado.
Naruto: vamos beber sim
Neji: as cervejas já estão geladas

[...]

Shikamaru tinha pavor da ideia de ser pressionado a fazer um curso que não queria dependendo da nota que tirasse, e pior: tinha medo de ter nota suficiente para os cursos que seus amigos queriam e eles não. Ele não diria isso, pareceria arrogância. Mas ainda assim era doloroso. E naquele momento ele não tinha Temari ou Shikaku. Não tinha ninguém para entender como ele se sentia.

- Todo mundo aqui, no começo do ensino médio, achou que estaria aprovado quando fizesse a porra da prova. E o terceiro ano te ensina que talvez você não seja tão bom assim como achou que era.

O Sol Vai Voltar | SNSOnde histórias criam vida. Descubra agora