O amor acontece devagar

Entre a cruz e a espada-13

Assim que Jordan saiu para o curral, e meu pai foi resolver coisas que precisava ser resolvida, minha mãe sem delongas soltou a frase:

_ Eu odeio esse rapaz. Você vai ter que me ajudar a se livrar dele meu filho.

_ Como assim mãe... se livrar?

_ Roger... eu não falo se livrar no sentido da palavra, eu não sou nenhuma assassina, digo que precisamos encontrar uma maneira desse rapaz sumir das nossas vidas de vez.

_ Mas mãe o Jordan não...

_ Não o que meu filho.. será que não vê que esse rapaz é um perigo para nós dois, seu pai caiu de amores por ele, com certeza foi hoje mudar o testamento deixando para ele metade do que é nosso.

_ É direito dele mãe, ele é filho do pai?

_ Infelizmente eu sei disso, não tem como negar, ele se parece muito com o seu pai nessa idade, mas eu não vou permitir que ele roube o que nos pertence. E você vai me ajudar.

_ Ajudar... ajudar como?

_ Precisamos dar um susto nele, fazer com que ele resolva voltar para a cidade e nunca mais retornar aqui.

_ Não precisa disso mãe, o Jordan mesmo disse que não tem interesse em nada disso, que a mãe dele deixou uma herança para ele.

_ Você é meu filho e me deve isso Roger, esse rapaz não é nada meu e eu não o desejo aqui, se não vai me ajudar saiba que o considerarei um grande traidor.

_ Mãe... a senhora é a pessoa que mais amo, mas, eu não vejo o Jordan como um inimigo.

_ Mas ele é... eu só preciso saber, vai me ajudar ou não?

Eu estava em uma encruzilhada sem saída, se ficasse contra a minha mãe ela me olharia como um traidor mas como podia fazer algo para afastar Jordan se tudo o que queria era tê-lo por perto, resolvi então contemporizar:

_ Claro... claro que eu a ajudarei.

Era o melhor a ser dito naquele momento e depois eu ganharia tempo e arranjaria uma maneira de fazer ela esquecer aquilo.

Fui trabalhar e fingi que aquela conversa com minha mãe não havia acontecido:

_ O que sua mãe queria?

Jordan perguntou ao abraçar-me pela cintura:

_ Nada importante... ela queria saber como você está lidando com tudo isso de cuidar dos animais.

Desconversei tratando  me ocupar com a alimentação dos animais. Trocamos alguns beijos enquanto trabalhávamos e voltamos na hora do almoço, tudo indicava que minha mãe não tocaria mais naquele assunto e de fato ela não tocou conforme os dias se passavam, indicando que ela havia esquecido tudo aquilo.

Houve um mês de paz, ela até chegou a tratar o Jordan com certa consideração, o que me dava a entender que ela havia entendido o quanto estava enganada em relação a ele, porém em uma noite, ela me puxou para um canto da casa e me informou:

_ Eu descobri uma maneira meu filho.

_ Maneira do que mãe?

_ Como do que Roger, de se livrar desse intruso.

_ Jordan?

_ De que outro intruso seria Roger, acorda meu filho.

_ E o que pretende fazer mãe?

_ Ele é da cidade grande, não deve saber a diferença entre uma minhoca de uma cobra, então quero que pegue uma serpente não-peçonhenta, para assustá-lo, quero que pegue uma grande que nem seu pai seja capaz de convencê-lo a ficar aqui. Vai fazer isso por mim Roger?

_ Mãe... o Jordan não é nenhuma ameaça a senhora, não precisamos fazer isso.

_ Eu percebi mesmo que você se tornou amigo desse rapaz, se eu não posso contar com o meu próprio filho vou arranjar alguém que me ajude, a festa da igreja é semana que vem, e procurarei alguém. Mas saiba que você me decepcionou muito Roger.

_ Mãe...

Ela saiu e me deixou ali, sozinho, resignado eu balançava a cabeça, não podia e nem queria fazer aquilo com Jordan, mas também não queria decepcionar minha mãe. Entre a cruz e a espada eu procurava arranjar uma maneira de agradar a ambos.

Nos dias seguintes minha mãe quase não me olhava, em contrapartida, Jordan e eu nos envolvíamos ainda mais, era no celeiro, na baía dos cavalos, e até no rio onde nos banhávamos, entre beijos e sexo quente eu estava cada dia mais envolvido por ele.

No dia da quadrilha, fomos juntos com minha mãe e meu pai para a festa da igreja. Aquele ano me recusei participar para decepção de Sandrinha que esperava que eu fosse seu par novamente como noivo. Jordan logo atraiu a atenção de todas as moças que ali se encontrava, incluindo Sandrinha que se aproximou:

_ Oi Roger... estava te esperando, esse é o seu irmão?

_ Ele não é meu irmão.

_ Ele é filho do seu pai... ele é bonito.

Enquanto conversava com Sandrinha meu pai apresentava Jordan a alguns fazendeiros vizinhos mais meu olhar procurava a minha mãe, a encontrei conversando com Zulu o capataz da fazenda mais próxima a nossa, pedi licença a Sandrinha e me aproximei dos dois:

_ Mãe... Zulu.

_ O Zulu vai pegar a serpente para mim, eu não me importo que seja peçonhenta, tudo o que eu quero é que esse rapaz suma das nossas vidas.

_ Mãe se for uma cobra venenosa pode matar o Jordan.

_ Eu não me importo, não me importo mais, esse rapaz me irrita a cada dia, seu pai é obcecado por ele, e ele nem agradece a ele, ainda o chama de Douglas, faz seu pai rastejar por um pouco de atenção, olha, olha lá Roger como ele apresenta o filho com orgulho aos seus amigos.

Eu não podia permitir que minha mãe fizesse aquilo, colocar o Jordan em perigo eu não iria permitir, mas o que fazer para livra-lo daquela sentença que minha mãe já tinha lhe condenado, tomei a atitude mais precipitada que poderia tomar:

_ Eu faço... a senhora não precisa do Zulu, eu faço.

_ Eu sabia que podia contar com você meu filho, que você não iria me trair, agora precisamos combinar como será.

Ela me explicava o seu plano maléfico:

_ Você vai pegar uma cobra e colocar no celeiro onde sabe que ele fica quando está cuidando dos animais, escolha uma grande meu filho para causar assombro no rapaz.

Concordei com ela, a minha intenção não era causar qualquer dano ao Jordan, por essa razão eu escolheria uma cobra que não tivesse veneno, na minha concepção era melhor eu fazer do que arriscar a vida dele ao deixar o Zulu fazer e correr o risco dele pegar uma cobra venenosa, mesmo com o coração apertado eu faria aquilo com ele.