O caminho que me leva a você-36

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Um dia antes:

Garanti que meu pai me prometesse que cuidaria da minha mãe, por mais erros que ela tenha cometido eu jamais a deixaria desamparada e somente quando ele me garantiu que cuidaria dela foi que a discrepância se dissipou, não havia mais divisão em meu pensamento, eu tinha a certeza do que queria e teria que correr atrás a fim de que Jordan me perdoasse por tê-lo deixado.

Arrumei uma pequena mala, colocando algumas peças de roupas dentro dela e outros pertences que precisava e achava essencial.
Encontrando o meu pai na sala ele me sorriu:

_ Não se preocupe meu filho, da sua mãe cuido eu, vai em busca da sua felicidade, tenho certeza de que o Jordan vai ficar muito feliz com a sua chegada por lá.

_ Obrigado pelo apoio meu pai, o senhor não sabe o quão importante é para mim saber que não nos condena.

_ Eu amo você meu filho, e amo o Jordan, se os dois são felizes juntos, eu tenho mais é que apoiá-los, eu sei que esse povo andam falando coisas de vocês e de mim também, mas quer saber quem se importa?

_ Você é o melhor pai que existe.


_ Toma... aqui tem um dinheiro para você e o endereço do Jordan, esse é o cartão do Bryan, o advogado, quando chegar em São Paulo ligue para ele, tenho certeza de que ele não se negará a te levar até o Jordan. Mas filho, a cidade é diferente da fazenda, então toma cuidado tá bem.

_ Vou tomar pai.

Nos abraçamos e ele me levou até a estação, que me levaria a São Paulo. Seguindo o endereço que tinha em mãos, eu teria que pegar um metrô no sentido Butantã, era tanta gente caminhando que estava perdido, uns caminhava para um lado, outros para o outro lado que eu não sabia qual sentido tomar, parei um rapaz para pedir informação:

_ Nós estamos na estação do Brás, você terá que pegar o trem no sentido Luz, e depois segui para a linha amarela do metrô até a estação Butantã.

Agradeci apesar de ele não ter me ajudado muito, mas pelo menos agora eu sabia que tinha que pegar um trem para a Luz, vou seguindo uma multidão de pessoas, mas acabo saindo da estação e somente quando peço informação a um garoto que ele me diz que tenho que retornar. Por sorte encontrei uma mulher que estava indo no mesmo sentido que eu e me ajudou a chegar ao meu destino.


Ao chegar a estação que eu deveria descer, já ouvia o som das buzinas altas dos carros, ronco de motos, pessoas indo e vindo de um lado a outro falando alto em seus celulares, um verdadeiro caos, tudo era bem diferente da tranquilidade da fazenda.

Encontrei um homem fardado que me explicou como fazia para ligar para o Bryan e ele me orientou a não sair da estação que dentro de alguns minutos ele estaria me pegando por lá. Esperei e quase uma hora depois ele chegou:

_ Desculpa a demora, o trânsito estava congestionado, vamos?

Segui e chegamos perto de um carro luxuoso, Bryan abriu a porta para que eu entrasse:

_ Você não imagina a surpresa e a alegria que foi receber o seu telefonema Roger, o Jordan anda tão desanimado, nossa vai ser uma surpresa e tanto para ele te ver aqui... na cidade.

_ Aqui é tudo tão diferente da fazenda, é todos os dias esse barulhão de buzinas, de ronco de moto?

_ É daqui para pior Roger, você pegou um dia calmo, dia de jogos isso aqui fica um inferno.

_ Eu não me acostumaria nunca com um barulho desse na minha cabeça.

_ A gente acaba se acostumando Roger, São Paulo é um dos melhores lugares do mundo para se viver.

_ Com todos essas casas grandes?

_ Prédios, essas casas grandes se chama prédio.

_ O ar aqui é pesado, não é puro igual ao da fazenda.

_ É verdade aqui tem muita poluição, mas com o tempo você se acostuma.

Ele parou o carro na frente de uma das casas mais luxuosas da rua, parecia uma mansão de tão grande, ele desceu, eu também desci.

_ Infelizmente eu tenho um compromisso inadiável agora e não poderei te acompanhar até o Jordan, a dona Amélia vai te atender, é só tocar a campainha.

_ Campainha... o que é isso?

_ Esse botão, quando ela perguntar quem é você responde.

Como ele havia me instruído apertei o botão e escutei uma voz:

_ Quem é?

_ Jordan... quer dizer eu preciso falar com o Jordan.

_ Qual é o seu nome?

_ Meu nome. Diga a ele que quero vê-lo por favor moça, ele sabe quem eu sou.

_ Não vai dizer o seu nome?

_ Meu nome é Roger moça... diga que preciso vê-lo.

_ Não conheço nenhum Roger... você pode dizer o que deseja?

_ Desejo vê-lo, eu vim da fazenda para vê-lo.

_ Um minuto por favor.

O portão começou a se abrir sozinho, e a minha entrada ele se fechou, eu olhava aquilo admirado e espantado ao mesmo tempo, caminhei por um longo corredor até chegar a entrada da casa onde uma mulher estava a minha espera:

_ Seja bem vindo... você disse que é da fazenda onde o meu menino ficou hospedado.

_ Sim... eu sou da fazenda.

_ Ele se encontra no banho, irei avisá-lo imediatamente.

_ Espera... eu não sei como ele vai reagir com a minha presença aqui... não fala o meu nome, diga apenas que tem alguém querendo vê-lo.

_ Como desejar senhor Roger.

_ Senhor... senhor não, Roger apenas.

Enquanto ela subia na parte de cima da casa eu fiquei ali sozinho naquela imensa sala, dei um giro com o olhar analisando como era grande aquele lugar, e focalizei uma fotografia de Jordan com a mãe em um porta retrato, os dois sorriam naquela imagem, e percebia que ambos eram muito ligados um no outro, de repente eu o ouvi:

_ Roger...

Eu me virei e o olhei, ele deixava as lágrimas correrem livremente sobre o seu rosto, eu já as prendia mas sentia que estava prestes a chorar também.
Ele se aproximou parando de frente para mim, acariciou meu rosto com seus dedos como se não acreditasse que eu estava ali diante dele, eu queria beijá-lo, mas temia que ele estivesse magoado por ter ido e antes eu teria que ter paciência para deixar ele tomar a primeira iniciativa.

_ É você mesmo, não estou imaginando coisa?

_ Sim... sou eu mesmo meu amor.

Nesse momento ele deixou escapar uma risada, depois mordeu o canto dos seus lábios, e só então me puxou colando seus lábios ao meu em um beijo sôfrego, ansioso e cheio de gula, eu correspondia na mesma proporção. 

O amor acontece devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora