Meu mais sincero sentimento-31

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A pedido de Douglas fui cuidar dos animais, mas fui surpreendido com uma visita inesperada, seu olhar de desprezo logo indicou que teria que enfrentar uma série de perguntas:

_ Sandrinha. O que veio fazer aqui?

_ Diz que é mentira o que andam dizendo por aí, diz que você e o Roger... o meu Roger não... diz que vocês não são gays.

_ Não que eu lhe deva explicações Sandrinha, mas não existe "seu" Roger.

_ Então é verdade... você e ele, vocês estão juntos?

_ Nós nos amamos.

_ Vocês são nojentos, eu tenho nojo de vocês, todos na redondeza tem.

_ Eu não me importo com o que vocês acham a respeito, é a minha vida e eu não permito que ninguém venha opinar sobre como devo proceder.

_ Você não se importa, mas já imaginou a vergonha que o seu Douglas e a dona Brenda sentirão?

_ O Douglas nos apoia, se quer saber.

_ Muito me admira o seu Douglas aceitar uma pouca vergonha dessa, sempre me pareceu ser um homem respeitado mas não passa de um frouxo, não me admira em nada o que aconteceu naquela casa.

_ Do que você está falando?

_ Do que o Zulu andou dizendo por aí para todos ouvirem, que o seu Douglas é corno, e que o Roger é... bicha.

_ Tá ficando maluca, que loucura é essa?

_ A dona Brenda, dormia com o Zulu, ele disse lá na tenda com todas as letras que o seu Douglas era corno. Meu pai disse que o Roger bateu tanto no Zulu que o seu Douglas teve que entrar na frente para separá-los.

Sem nem ao menos me despedi dela fechei as baías certificando que tinha tudo fechado e fui rapidamente na direção a casa, encontrei Douglas sozinho sentado no sofá:

_ Douglas cadê o Roger... é verdade que ele bateu no Zulu?

_ É verdade...

_ E cadê ele, ele tá machucado?

_ Não... ele não está aqui, ele foi embora.

Parei no mesmo instante, e virei para olhar para Douglas:

_ Embora... embora para onde?

_ Eu não sei Jordan... eu expulsei a Brenda de casa, e ele resolveu ir junto.

_ Ele resolveu ir junto?... _ Não pode, ele não pode fazer isso comigo, ele deixou algum recado, disse quando voltava?

_ Ele disse que simplesmente te ama.

_ Só isso... ele não disse quando voltava?

_ Não Jordan, ele não disse quando voltava.

_ Ele me abandonou, como pode dizer que me ama se me abandonou. Eu fiz alguma coisa errada, me diz eu fiz?

_ Não, você não fez nada de errado Jordan.

Douglas aproximou-se e eu me deixei ser abraçado por ele:

_ Por que ele fez isso comigo pai?

Imediatamente Douglas me afastou me segurando pelos ombros fixando seu olhar ao meu:

_ Do que foi que você me chamou?

Eu nem havia notado que o chamara de pai, só me dando conta quando a palavra escapou de minha boca:

_ Te chamei de pai, é isso o que você é, meu pai Douglas, você é meu pai.

_ Sim, eu sou o seu pai.

_ Então me ajuda Douglas, me ajuda a encontrar o Roger, me dê uma pista de onde ele pode ter ido.

_ Eu não sei, mas vamos fazer de tudo para encontra-lo eu prometo, a Brenda não tinha dinheiro e o Roger também não, eles não podem ter ido tão longe.

Nos próximos dias não tivemos nenhuma notícia de Roger e de dona Brenda, nada, eu tentava me segurar em qualquer pista, qualquer coisa que me levasse a ele, mas nada tudo levava a lugar nenhum, não tinha um telefone que eu pudesse entrar em contato, não tinha um email, nada, nada, nada, eu já estava enlouquecendo.
Fazia três semanas que os dois haviam partido e nenhum sinal.
Douglas tentava me animar, mas percebendo que não tinha solução que eu me entregara a tristeza, ele tomou uma decisão:

_ Jordan... a dias que vejo que está triste, e não gosto de vê-lo assim, me doí dizer isso, mas quero que volte para a cidade, lá você tem seus amigos, tem vários lugares para onde ir, e quem sabe assim você sai dessa inércia que se encontra, eu não gosto de vê-lo dessa forma.

_ Se eu for, quando o Roger voltar não vai me encontrar.

_ Se ele aparecer, eu prometo que o levo imediatamente até você.

_ Mas e você pai... vai ficar bem sozinho, eu não posso ir e deixar você sozinho.

_ Eu me viro por aqui filho, não se preocupe comigo, cuide de você.

O destino parecia me separar de Roger, ele estava não sei onde e eu estaria voltando para a cidade dentro de três dias, talvez jamais voltasse a vê-lo, havia sido uma bela e sonhadora história que talvez não tivesse um final feliz, mas resolvi escrever uma carta, se caso um dia ele retornasse:

Roger:

Se tem uma coisa que tenho certeza é do que sinto por você meu amor, mas não sei se você consegue sentir isso, pois se conseguisse, jamais teria ido embora, mesmo entendendo os seus motivos, continua sendo difícil aceitar que você me deixou. Ainda consigo sentir o seu cheiro sobre o travesseiro que não permiti trocar a fronha para não perder o pouco que ainda me resta de você.
Sinto sua falta na cocheira enquanto cuidávamos dos cavalos, no curral enquanto alimentávamos os animais, são tantas as lembranças, ali no rio onde nos amamos tantas e tantas vezes, e hoje estamos limitados pela distância de corpos, mas ligados pelo coração, assim eu acredito, pois, pelo menos eu estou.
Poderia dizer que foi bom enquanto durou, mas me recuso a dizer isso, pois não quero dizer que foi bom no passado, quero dizer que foi bom para sempre, mas no momento nem isso posso dizer, não posso sussurrar no seu ouvido que te amo, que te quero para sempre na minha vida, pois nem a certeza de que um dia você volte para mim eu tenho. Ah Roger, talvez essa carta nunca chegue a você, talvez ela se amarele com o passar dos anos, mas se um dia ela chegar, saiba que o que vivi com você foi o mais sincero amor que eu poderia viver. Te amo, seu Jordan Alexsander

Entreguei a carta para o meu pai:

_ Se algum dia o Roger voltar, por favor entregue a ele por mim. 

O amor acontece devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora