Confrontos-22

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_ Como você ousa me trair dessa maneira Roger, essa era a oportunidade perfeita para que seu pai falasse algo ao Jordan para ele ir embora de vez e você simplesmente assume a culpa?

_ Foi o Zulu não foi... como a senhora pode fazer isso?

_ Você deu para me questionar agora Roger, justo a mim... Você deveria ter me ajudado em tudo, mas me virou as costas e ainda tem a coragem de me questionar?

_ O que ele te fez para senhora o odiar tanto, o Jordan é um cara legal mãe, eu nunca o vi te desrespeitando.

_ Você ainda pergunta o que foi que ele fez?

_ Desde que ele chegou aqui a senhora o trata mal, mas ele ao contrário até pediu para o papai não brigar com a senhora e as brigas diminuíram.

_ Que as brigas continuasse todos os dias, antes pelo menos enquanto brigávamos eu sentia que ele estava aqui comigo, agora ele me ignora por completo, mal me olha, mal fala comigo, e acha que eu devo agradecer a esse rapaz por ele ter pedido ao seu pai para ele não brigar comigo?

_ Ele é um rapaz bom mãe.

_ Não me interessa saber se ele é bom ou ruim Roger, eu quero ele bem longe, eu o odeio, odeio ouviu odeio.

Vi as lágrimas que escorria por seu rosto e fiz a única coisa que como filho eu deveria fazer, eu a envolvi em meus braços:

_ Fica calma, fica calma.

Mas quanto mais calma eu pedia mais nervosa ela se tornava:

_ Ele precisa ir embora para sempre Roger... eu farei de tudo para ele ir.

_ Mãe, as coisas não vão mudar, mesmo que o Jordan se vá, o papai não vai te olhar diferente com a saída dele, a senhora nunca foi feliz, não é certo mendigar amor, ou a pessoa o dá de livre vontade ou não se pode exigir.

_ Eu consegui o prender durante esses vinte anos comigo pela culpa meu filho.

_ Como assim pela culpa mãe?

_ A primeira vez que eu engravidei, o seu pai havia bebido e começou a dizer que queria o divórcio, que amava a Rebeca... que ela era a mulher da vida dele, eu avancei para cima dele, mas ele desviou e eu me desequilibrei e bati a barriga, eu perdi o meu bebê, tudo por causa de uma maldita paixão que ele não esqueceu. Depois engravidei novamente, mas não consegui segurar nenhuma criança, e eu sempre o lembrava que perdi o meu filho por causa dele, foi culpa dele. E agora depois de vinte anos aparece esse rapaz aqui para lembra-lo da Rebeca. Ele pode não ter culpa do que seu pai sentiu, mas tem culpa de fazê-lo lembrar dela todos os dias. É por isso que eu o odeio, o odeio com todas as minhas forças, e você tem que me ajudar a fazer ele ir embora para nunca mais voltar, você me deve isso Roger, você me deve.


Eu me sentia pressionado por todos os lados, Jordan me pressionava para assumir o que tínhamos, minha mãe me pressionava para o mandar embora para longe de mim, e eu ainda tinha que lidar com Zulu.

Meu pai interrompeu a conversa com minha mãe, e eu entrei para o quarto, me sentia esgotado, mas tinha que encontrar forças ainda para lidar com muitas situações.
Naquela mesma noite resolvi procurar Zulu, ele estava na fazenda da família da Sandrinha onde era capataz, quando me viu se aproximando cruzou os braços ficando a minha espera:

_ Então Zulu... estou aqui, pode dar o seu preço.

_ Eu disse que te procurava.

_ Chega disso homem, diga logo o seu preço.

_ Eu ainda não me decidi. Mas não se preocupe, enquanto não decidir o que quero o seu segredo está bem guardado, mas só uma dúvida Roger...

Eu fiquei esperando ele dizer qual era essa dúvida que ele tinha:

_ Por acaso o moço da cidade grande, sabe que foi você que colocou a serpente lá na fazenda do seu pai?

Gelei, eu fiquei estagnado denunciando-me por completo:

_ Como eu imaginei. Me admira você Roger, um rapaz aparentemente boa praça, que todos aqui admiram por ser trabalhador, honesto, bom filho, mas ninguém desconfia que o bom moço é cheio dos segredos, e que segredos hein.

_ Eu não lhe devo satisfação da minha vida Zulu.

_ Ah deve, deve sim, afinal está aqui para saber quanto eu vou cobrar, então me deve, deve muito. Para começar eu queria saber....

_ Saber... saber o que?

_ Qual é a sensação de estar com homem, por que trocar uma mulher como a Sandrinha para estar com aquele rapaz deve ser uma sensação diferente, quem sabe você não pode me explicar melhor ali na cocheira, quem sabe assim eu te entenda melhor.

_ Você é nojento Zulu. Sabe o dia que você vai ter a oportunidade de tocar em mim, nunca. Nunca ouviu bem.

_ Você ainda se sente superior a mim, quando na verdade não passa de um viadinho de merda.

Eu o deixei ali sozinho, fui caminhando a passos largos, e quando já estava em uma distância considerável soltei o ar que a muito estava prendendo, eu chorei de raiva, chorei de desespero por não ter a coragem de fazer o que exatamente tinha no meu coração.
Demorei para chegar em casa aquela noite, fiquei dando voltas até chegar a fazenda ficando um pouco no estábulo com os cavalos, fiquei ali por cerca de duas horas e enfim voltei para casa, indo direto ao quarto de Jordan, quando abri a porta, ele me olhou por um minuto, eu também o olhava, mas fui diminuindo a distância que existia entre nós e o puxei pela nuca nos beijando, arrancando suas roupas para nos amarmos enlouquecidamente, entretanto Jordan me segurou pelos ombros fazendo-me parar:

_ Hei calma... o que tá havendo, por que esse alvoroço todo?

_ Eu quero te amar agora Jordan.

Ele se mantinha parado:

_ Eu disse agora.

_ Roger.. antes eu preciso te perguntar algo, eu também quero te amar, mas...

_ Mas... Não existe, mas Jordan... eu quero você agora.

Novamente avancei os passos em sua direção e o beijei, e de novo ele me segurou pelos ombros, fiquei olhando para ele em silêncio, e depois sem nada dizer, deixei o seu quarto batendo a porta com força. 

O amor acontece devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora