Diga simplesmente que eu o amo-30

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Tentando contornar o incontornável, meu pai impediu o prosseguimento daquela conversa:

_ Chega dessa conversa, ninguém aqui vai embora e o Roger não tem que escolher nenhum dos dois, parem com isso agora mesmo.

Minha mãe já estava para reclamar quando meu pai ergueu a mão o que fez com que ela saísse batendo os pés:

_ Jordan... eu preciso ter uma conversa com o Roger, preciso ouvir dele o que eu ouvi de você, mas eu sei que você ficar aqui com a Brenda sozinho vai ser insuportável aos dois, então eu vou te pedir para ir ao curral cuidar dos animais pode ser meu filho?

_ Claro Douglas.

Antes de sair Jordan se aproximou e me beijou, um beijo demorado que foi correspondido na mesma intensidade, após separarmos os nossos lábios ficamos com as nossas testas encostadas e depois ele partiu para o curral:

_ Roger vem comigo, aqui com certeza não conseguiremos conversar em paz, daqui a pouco a Brenda vem reclamar de algo.

Segui meu pai até a fazenda vizinha onde os fazendeiros da redondeza se reunião quando queriam beber e conversar, mas já no meio do caminho ele me perguntou:

_ Você ama ele meu filho?

_ Amo pai... amo muito.

_ E sua mãe, ela não vai aceitar, o que pretende fazer?

_ Eu ainda não sei, tenho esperança de convencê-la que só serei feliz se estiver ao lado dele.

_ Filho, mire-se no meu exemplo, eu abri mão da mulher que eu amava para agradar aos meus pais, eu não consegui ser feliz e nem consegui fazer a sua mãe feliz.

Chegamos na tenda de seu Manoel e nos acomodamos na primeira mesa disponível, mas logo ouvimos uma voz que eu reconheci no mesmo instante, Zulu estava sentado em meio a uns fazendeiros, cerrei os punhos, e abri bem as pálpebras, olhando em sua direção, mas ele de costas estava alheio a minha presença ali.
Meu pai me seguiu até a mesa onde ele estava e eu pousei uma das minhas mãos sobre seu ombro apertando com força, ele virou a cabeça para ver quem era, e logo empalideceu.

_ Roger... Douglas.

A expressão no meu rosto indicava que eu não estava para brincadeira quando eu disse:

_ Podemos conversar?

_ O que tiver que falar, fale aqui mesmo, não tenho segredos entre os amigos.

Logicamente ele tentava me inibir diante de todos, mas eu não tinha mais nada a esconder, fiz ele se erguer da cadeira o segurando pelo colarinho de sua blusa:

_ O que foi que você disse para minha mãe seu desgraçado.

Ele conseguiu se desvencilhar e correu para o outro lado da mesa:

_ Nada que não seja verdade, que você e aquele outro da cidade grande tem um caso, que vocês dormem juntos, que são maricas.

Dessa vez foi o meu pai que o segurou:

_ Olha aqui seu lixo, se eu sonhar que você dirigiu o olhar novamente a um dos meus filhos, eu juro vou fazer você se arrepender.

Nós já estávamos saindo quando Zulu provocou:

_ O filho bicha e o pai corno. Bela família.

Ele gargalhava, e os demais fazendeiros trocavam olhares entre si, no mesmo instante eu me virou e novamente segurei ele pelo colarinho o socando no rosto:

_ Podem me bater, mas não vai apagar o fato de que sua mãe é uma gosta de ser uma potranca.

Se não tivessem me segurado era bem capaz de matar aquele desgraçado ali mesmo, eu socava, chutava, enfim meu pai conseguiu me levar a caminhonete ordenando:

_ Fique aí, não ouse sair daí Roger isso é uma ordem.

Ele voltou a tenda colocando Zulu no ombro como se fosse um saco de batatas e colocou na caçamba da caminhonete indo direto para casa, ao chegar ele novamente colocou Zulu sobre os ombros o jogando no chão já gritando:

_ Brenda... Brenda venha aqui agora.

_ O que foi homem... o que ... o que ele faz aqui, machucado desse jeito?

_ Isso é o que menos importa nesse momento mulher, você pode explicar o que ele acaba de nos dizer na tenda do seu Manoel, que história é essa de que gosta de ser potranca?

_ Do que você está falando Douglas?

_ Diga que é mentira, diga que esse traste mentiu, que você não dormiu com ele?

Ela ficou em silêncio e eu fechei os meus olhos, não acreditava que ela tivesse coragem de fazer aquilo com o meu pai:

_ Quer saber a verdade, dormir, dormir sim, você não me toca mais, você me humilha como mulher, e se quer mesmo saber ele não foi o único, durante todo o nosso casamento você foi corno.

Meu pai se aproximou dela, seu olhar era de puro ódio, ele chegou a levantar a mão, mas abaixou em seguida:

_ Bate Douglas, bate seu desgraçado, mostra que tem algum tipo de sentimento por mim, nem que seja de ódio.

_ Você não vale isso Brenda... eu quero simplesmente que arrume suas coisas, eu quero você fora daqui.

_ Pai...

_ Eu não tenho para onde ir Douglas.

_ Pensasse nisso antes.

_ Por favor Douglas, eu estou implorando não me manda embora, eu não tenho para onde ir.

_ Isso não é problema meu.

Erguendo o queixo ela enxugou as lágrimas do rosto mostrando orgulho, virou-se indo na direção do quarto:

_ Pai por favor reconsidere, ela não tem para onde ir, o que ela vai fazer, a vida dela sempre foi cuidar de nós... dessa fazenda.

Em silencio ele permanecia, e eu não sabia mais o que dizer, ela apareceu uma muda de roupa diferente e duas peças em uma sacola:

_ Estou pronta para ir.

_ Leve esse traste humano com você.

_ Pai... por favor.

Vendo que ele não se manifestava eu fui obrigado a dizer:

_ Espera mãe, eu vou com a senhora.

_ Roger...

_ Perdão pai... eu não posso deixa-la sozinha, ela é a minha mãe.

_ Você pode ficar Brenda.

_ Eu não preciso mais das suas migalhas Douglas, você me humilhou durante esses vintes anos me dando o que sobrava do seu amor pela Rebeca, agora não preciso da sua compaixão, eu prefiro ficar embaixo da ponte a continuar a receber o seu resto.

_ Roger por favor não vai.

_ Pai, eu não posso deixa-la.

_ O que eu direi ao Jordan quando ele chegar?

_ Diga simplesmente que eu o amo. 

O amor acontece devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora