Tentando contornar o incontornável, meu pai impediu o prosseguimento daquela conversa:
_ Chega dessa conversa, ninguém aqui vai embora e o Roger não tem que escolher nenhum dos dois, parem com isso agora mesmo.
Minha mãe já estava para reclamar quando meu pai ergueu a mão o que fez com que ela saísse batendo os pés:
_ Jordan... eu preciso ter uma conversa com o Roger, preciso ouvir dele o que eu ouvi de você, mas eu sei que você ficar aqui com a Brenda sozinho vai ser insuportável aos dois, então eu vou te pedir para ir ao curral cuidar dos animais pode ser meu filho?
_ Claro Douglas.
Antes de sair Jordan se aproximou e me beijou, um beijo demorado que foi correspondido na mesma intensidade, após separarmos os nossos lábios ficamos com as nossas testas encostadas e depois ele partiu para o curral:
_ Roger vem comigo, aqui com certeza não conseguiremos conversar em paz, daqui a pouco a Brenda vem reclamar de algo.
Segui meu pai até a fazenda vizinha onde os fazendeiros da redondeza se reunião quando queriam beber e conversar, mas já no meio do caminho ele me perguntou:
_ Você ama ele meu filho?
_ Amo pai... amo muito.
_ E sua mãe, ela não vai aceitar, o que pretende fazer?
_ Eu ainda não sei, tenho esperança de convencê-la que só serei feliz se estiver ao lado dele.
_ Filho, mire-se no meu exemplo, eu abri mão da mulher que eu amava para agradar aos meus pais, eu não consegui ser feliz e nem consegui fazer a sua mãe feliz.
Chegamos na tenda de seu Manoel e nos acomodamos na primeira mesa disponível, mas logo ouvimos uma voz que eu reconheci no mesmo instante, Zulu estava sentado em meio a uns fazendeiros, cerrei os punhos, e abri bem as pálpebras, olhando em sua direção, mas ele de costas estava alheio a minha presença ali.
Meu pai me seguiu até a mesa onde ele estava e eu pousei uma das minhas mãos sobre seu ombro apertando com força, ele virou a cabeça para ver quem era, e logo empalideceu.
_ Roger... Douglas.
A expressão no meu rosto indicava que eu não estava para brincadeira quando eu disse:
_ Podemos conversar?
_ O que tiver que falar, fale aqui mesmo, não tenho segredos entre os amigos.
Logicamente ele tentava me inibir diante de todos, mas eu não tinha mais nada a esconder, fiz ele se erguer da cadeira o segurando pelo colarinho de sua blusa:
_ O que foi que você disse para minha mãe seu desgraçado.
Ele conseguiu se desvencilhar e correu para o outro lado da mesa:
_ Nada que não seja verdade, que você e aquele outro da cidade grande tem um caso, que vocês dormem juntos, que são maricas.
Dessa vez foi o meu pai que o segurou:
_ Olha aqui seu lixo, se eu sonhar que você dirigiu o olhar novamente a um dos meus filhos, eu juro vou fazer você se arrepender.
Nós já estávamos saindo quando Zulu provocou:
_ O filho bicha e o pai corno. Bela família.
Ele gargalhava, e os demais fazendeiros trocavam olhares entre si, no mesmo instante eu me virou e novamente segurei ele pelo colarinho o socando no rosto:
_ Podem me bater, mas não vai apagar o fato de que sua mãe é uma gosta de ser uma potranca.
Se não tivessem me segurado era bem capaz de matar aquele desgraçado ali mesmo, eu socava, chutava, enfim meu pai conseguiu me levar a caminhonete ordenando:
_ Fique aí, não ouse sair daí Roger isso é uma ordem.
Ele voltou a tenda colocando Zulu no ombro como se fosse um saco de batatas e colocou na caçamba da caminhonete indo direto para casa, ao chegar ele novamente colocou Zulu sobre os ombros o jogando no chão já gritando:
_ Brenda... Brenda venha aqui agora.
_ O que foi homem... o que ... o que ele faz aqui, machucado desse jeito?
_ Isso é o que menos importa nesse momento mulher, você pode explicar o que ele acaba de nos dizer na tenda do seu Manoel, que história é essa de que gosta de ser potranca?
_ Do que você está falando Douglas?
_ Diga que é mentira, diga que esse traste mentiu, que você não dormiu com ele?
Ela ficou em silêncio e eu fechei os meus olhos, não acreditava que ela tivesse coragem de fazer aquilo com o meu pai:
_ Quer saber a verdade, dormir, dormir sim, você não me toca mais, você me humilha como mulher, e se quer mesmo saber ele não foi o único, durante todo o nosso casamento você foi corno.
Meu pai se aproximou dela, seu olhar era de puro ódio, ele chegou a levantar a mão, mas abaixou em seguida:
_ Bate Douglas, bate seu desgraçado, mostra que tem algum tipo de sentimento por mim, nem que seja de ódio.
_ Você não vale isso Brenda... eu quero simplesmente que arrume suas coisas, eu quero você fora daqui.
_ Pai...
_ Eu não tenho para onde ir Douglas.
_ Pensasse nisso antes.
_ Por favor Douglas, eu estou implorando não me manda embora, eu não tenho para onde ir.
_ Isso não é problema meu.
Erguendo o queixo ela enxugou as lágrimas do rosto mostrando orgulho, virou-se indo na direção do quarto:
_ Pai por favor reconsidere, ela não tem para onde ir, o que ela vai fazer, a vida dela sempre foi cuidar de nós... dessa fazenda.
Em silencio ele permanecia, e eu não sabia mais o que dizer, ela apareceu uma muda de roupa diferente e duas peças em uma sacola:
_ Estou pronta para ir.
_ Leve esse traste humano com você.
_ Pai... por favor.
Vendo que ele não se manifestava eu fui obrigado a dizer:
_ Espera mãe, eu vou com a senhora.
_ Roger...
_ Perdão pai... eu não posso deixa-la sozinha, ela é a minha mãe.
_ Você pode ficar Brenda.
_ Eu não preciso mais das suas migalhas Douglas, você me humilhou durante esses vintes anos me dando o que sobrava do seu amor pela Rebeca, agora não preciso da sua compaixão, eu prefiro ficar embaixo da ponte a continuar a receber o seu resto.
_ Roger por favor não vai.
_ Pai, eu não posso deixa-la.
_ O que eu direi ao Jordan quando ele chegar?
_ Diga simplesmente que eu o amo.
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O amor acontece devagar
Roman d'amourDiante dos desafios que a vida lhe impõe, há algumas surpreendentes, imagine você a descoberta de um pai que você supõe que estivesse morto aparecer em sua vida após vinte anos. Após a morte de sua mãe, Jordan descobre a existência de um pai durante...