Capítulo onze - Rubí

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     Renner olha para mim a cada minuto, como se quisesse se certificar de alguma coisa. Felizmente, Marcus não nota isso, mas eu me sinto incomodada.
    Desvio o olhar e sorrio para Marcus, tentando não deixar que ele note meu desconforto ou que perceba que Renner está praticamente me seduzindo com os seus olhares sexys.
    — Noite maravilhosa! — Renner diz, fazendo Courtney girar e sentar no seu colo. Eu reviro os olhos porque não esperava outra coisa dele. Claro que ele não mudou e continua o mesmo. De certeza que está enganando ela porque sabe que está interessada.
    — Completamente. Você ainda não disse onde aprendeu a dançar assim. — Marcus sorri para ele.
    — Aulas de dança desde pequeno. Meus pais queriam que soubéssemos dançar.
    — Isso é incrível. — Courtney olha para ele. Deve estar adorando estar no colo dele.
    — E você dança apenas salsa? — Pergunto.
    — Sou bom em muita coisa, Rubí. Valsa, tango, você nem imagina.
    — Você me ensina a dançar o tango?— Courtney pergunta.
    — Eu pensei que você já soubesse. — Marcus olha para ela. Eu quero rir com a cara que Courtney faz, mas me seguro.
    — Não tanto quanto eu gostaria. E tenho a certeza que Renner sabe muita coisa.
    Renner sorri daquele jeito irritante que o deixa sexy. — Eu adoraria, mas eu trabalho. Não tenho muito tempo, sabe?
    É estranho que ele esteja negando. Ou será que é apenas porque estou na sua frente? Ele olha para mim, depois para o lado como se estivesse pensando em alguma coisa.
    — Eu entendo.
    — Mas eu vou ver o que eu posso fazer. — Ele diz.
    — Alguém sabe do Zack e da Debby?— Marcus pergunta.
    — Tenho a certeza que encontraram um lugar melhor para conversar. — Renner começa a rir, depois Marcus ri também.
    — Isso não tem graça! — Digo.
    — Porque você não entendeu.
    Marcus beija o meu rosto e sussurra no meu ouvido. — O que foi, babe?
    Agora Renner está prestando atenção na gente e não parece muito feliz. Eu olho para Marcus e beijo ele na frente deles. Marcus é meu namorado, eu não tenho que me sentir mal por beijar ele. Principalmente por causa do Renner. Eu deixei claro que somos bons amigos.
    Marcus sorri quando me afasto e me abraça, beijando a minha testa e o meu cabelo. Courtney sorri para nós, mas vejo Renner se levantando completamente incomodado e com o rosto triste.
    — Eu tenho que atender uma ligação. — Ele diz e desaparece na multidão.
    Olho para o meu namorado, me sentindo um pouco culpada, mas eu não devia me sentir assim. Renner não é o meu namorado. O que está acontecendo comigo? Eu tenho que parar com isso.
    — Você quer dançar? — Pergunto.
    Ele sorri. — Eu não sei dançar.
    — Eu também não sei dançar. Vamos apenas ficar agarrados, está bem? Apenas nos abraçando e ouvir a música.
    — Você me convenceu com o abraço.
    Vamos para a pista de dança. Não dançamos como Renner e Courtney, mas estamos dançando. É uma música lenta e suave, por isso não é difícil. É só acompanhar a música. Marcus sorri para mim e me beija.
    — Eu estive pensando, babe.
    — No quê?
    — Quando a gente sair daqui, podíamos ir no apartamento do Zack. Tenho a certeza que ele não vai se incomodar.
    — E o que a gente vai fazer no apartamento do Zack? — Pergunto. Mas eu sei muito bem.
    — Bem, o que quase fizemos da última vez. Se você quiser claro!
    Não estou mais olhando para ele. — Eu não sei. Acho que é melhor eu ir para casa. Não gosto de deixar Jade sozinha.
    — Ela sabe se cuidar.
    — Eu sei que você quer que a gente transe...
    — Nós somos namorados e estamos caminhando para os três meses.
    — Sim, mas estamos fazendo as coisas com calma.
    — Você diz sempre a mesma coisa, Rubí. Eu quero saber se o problema é comigo.
    — Não. O problema não é com você, nem comigo. Na verdade, o problema não é com nenhum dos dois.
     — Às vezes, eu sinto que você não quer. Sinto que a culpa é minha.
    — Marcus, não seja ridículo, por favor! — Paramos de dançar.
    — Eu estou dizendo a verdade. Porquê você não quer? Está com medo?
    — Claro que não! — Me afasto dele. — Não vamos falar sobre isso aqui!
    — Porque você está tentando fugir do assunto. Está bem, então vamos agora mesmo para o meu carro conversar sobre isso.
    — O quê? Não é isso que eu quis dizer.
    — Está vendo? É sempre a mesma coisa. Como eu vou pensar que não existe um problema? — Ele segura o meu braço. — É melhor a gente conversar no carro.
    Solto o meu braço. — Não! A gente não vai falar sobre isso agora. Você está louco?
    — Parece que você não confia em mim. Eu estou me esforçando. — Ele dá um passo para trás.
    — Eu também. Mas do que adianta se você estiver me obrigando?
    — Obrigar? Rubí, eu só quero conversar sobre isso. Por favor! Vamos para o meu carro.
    — Eu já disse que não quero falar sobre isso agora.
    — Tudo bem, mas podemos conversar sobre outra coisa? Podemos pelo menos ir para o meu carro?
    — Eu não quero ir, Marcus.
    — Rubí!
    — Pára!
    Ele olha para mim demoradamente, como se estivesse em conflito interior, depois ele sai e leva Courtney com ele sem dizer nada. Eu entendo a sua raiva, mas ele tem raiva de quê? Está com raiva por não ter conseguido transar essa noite?
    Sento numa mesa livre e peço uma cerveja no garçom. Acho que é a primeira vez que Marcus e eu brigamos, eu não queria que fosse assim. Mas eu não entendo o seu motivo. Na verdade, isso nem é motivo para brigar, ele tem que entender que ainda estamos numa fase de confiança.
    Renner regressa não sei de onde e senta na minha frente. Sinceramente, eu pensei que já tinha ido embora. Já estava pensando em ligar para as minhas irmãs porque não tenho dinheiro comigo.
    — Onde estão os outros? — Pergunta.
    — Está procurando a Courtney? Ela foi embora. Marcus levou ela. — Digo ainda com raiva.
    — Porquê?
    — A gente brigou.
    — Porquê?
    — Isso não importa.
    Ele suspira. — Eu acho que também vou embora. Essa noite não está sendo muito boa para mim.
    Olho para ele. — Você vai me deixar aqui sozinha? Vai me deixar a mercê de psicopatas, homens famintos, violadores e bandidos?
    Ele ri. — Quanto exagero, Rubí!
    — Pode ir. Eu vou ficar. — Olho para as minhas mãos.
    — Você quer que eu te leve? Obviamente, eu não iria embora sem você. Era incapaz de te deixar sozinha.
     — Como o Marcus fez? — Pergunto.
     — Como o Marcus fez! — Ele segura a minha mão. — Mas eu tenho a certeza que ele tem um bom motivo.
     — Do jeito que você é. Tenho a certeza que concordaria com ele. — Afasto a minha mão.
     — O que ele fez ou disse? Me dá uma chance para me defender. — Ele sorri.
     — É pessoal.
     — Muito pessoal?
     — Bastante pessoal! — Bebo a minha cerveja.
     Renner olha para baixo, depois para mim. — Se é muito pessoal, então é sobre sexo, presumo eu.
     — Como... O quê?
     — Acho que eu acertei.
     — Pára antes que eu fique furiosa com você também.
     Ele ri. — Você está mais linda do que assustadora, Rubí.
     Achei estranho ele me chamar de Rubí. É o meu nome, é claro, mas ele gosta de me chamar de cerejinha ou de moranguinho. Ou por causa do meu cabelo ou por causa dos meus lábios.
     — Podemos apenas fingir que não aconteceu nada?
     — Não aconteceu nada. Mas podemos conversar.
     — Eu quero conversar. — Dou de ombros.
     — Ótimo. — Sorri como se tivesse ganho alguma coisa. — Bom, eu fiquei um pouco curioso. Você sabe o que você está perdendo?
     — Céus! O que você quer dizer com isso?
    — Sexo é bom. É incrível. Você tem noção disso?
    — Está bem. Eu vou embora. — Levanto, mas ele me impede e me mantém sentada.
     — Você acha que isso é um assunto proibido. Entendi.
     Rio. — Claro que não. Só é estranho conversar com você. Porque isso é remédio para você.
     Ele morde o lábio inferior. — Isso o quê?
     — Você sabe!
     — Pode dizer. Eu quero ouvir você dizer. — Cruza os braços por cima da mesa, olhando para mim atentamente.
     — Eu vou mesmo embora!
     — Qual é o seu problema? Não é assim tão difícil. Sexo! Sexo! Sexo! Aconteceu alguma coisa comigo?
     — Sexo! — Reviro os olhos. — Para a sua informação, Renner, eu não sou virgem.
    Ele sorri. — Estou desiludido. Eu pensava que era.
    — Porquê eu estou falando essas coisas com você?
    — Então, você sabe muito bem como o sexo é agradável. — Ele me olha de um jeito, que me faz olhar para as minhas mãos.
     — Eu não sei. — Não sei porque a minha primeira vez, nos meus dezoito anos, não foi muito bom. Na verdade, não foi nada bom. Eu namorava um idiota e eu queria sempre agradar ele, mesmo que eu não sentisse nada. Resumindo, eu acho que tenho um problema com isso.
     — Como não sabe?
     Agora estou envergonhada por falar essas coisas com ele. — Renner, podemos mudar de assunto?
    — Não! Claro que não! Eu acho injusto. Completamente injusto. — Ele não parece feliz com isso.
    — Daqui a pouco eu vou mandar você foder uma idiota e vou embora daqui. — Digo.
    — E você acha que eu faria isso?
    — Sua fama não é muito boa, Renner!
    Ele ri. — Você ficaria assustada e provavelmente nunca falaria comigo se eu dissesse tudo o que está passando na minha cabeça nesse momento, Rubí.
     — Posso ter uma ideia?
     — Melhor não. Eu não quero te perder.
     — Porquê você não pode ser como o Peter? Mudar para melhor?
     — Eu já mudei, você é que não está vendo. — Ele pisca um olho para mim.
     — Acho que sim. Você não me chamou de cerejinha a noite toda.
    — Você gosta que eu te chame assim? — Ele diz com um tom baixo e sexy. Porquê eu ainda estou aqui?
    — Porquê você me chama assim? — Pergunto.
    — É outra coisa que você não vai querer saber. — Ele olha para a minha boca e lambe seus lábios.
     — Eu acho que já sei.
     — Não. Você não tem ideia!
     Olho para os seus lábios também. São tentadores, ele é muito sexy e é tão experiente, não sei como eu consigo resistir. Acho que Marcus é o motivo para eu conseguir enfrentar Renner todos os dias sem cair. E lembrar dos seus podres também.
     — Está bem. Pode guardar só para você. — Digo.
     — Quando eu me referi a mudar, eu quis dizer que eu não fico com qualquer garota. Já não brinco com sexo e essas coisas.
     — Sério? Mas sexo é incrível! — Repito suas palavras acrescentando o meu sarcasmo.
     — Não gosto quando alguém diz isso como se fosse mentira.
     — Não é bom para todo mundo.
     — Isso é porque você passou nas mãos erradas. — Ele passa a mão no cabelo. — De verdade, Rubí, você não quer saber o que eu estou pensando. É melhor a gente mudar de assunto.
     Isso me faz rir. Começo a rir como uma louca. Renner fica olhando para mim, depois ri também. Porquê é tão divertido estar com ele?
     — Agora está rindo de mim?
     Paro e mordo os meus lábios. — Não é de você. Eu estou rindo de mim agora. Porque eu sou ridícula.
     Ele fica muito sério. — Nunca mais diga uma coisa dessas.
     — Porquê não?
     — Porque você não é! — Ele suspira. — Marcus tem muita sorte.
     — Será que ele sabe disso?
     — Porquê? Ele não cuida bem de você? — Seu tom é acusatório. O que é isso?
     — Não é isso que eu quis dizer.
     Ele pega a minha cerveja. — Rubí, você é como um rubí...
     — Essa é péssima, Renner! — Rio.
     — Você não me deixou acabar. — Bebe a minha cerveja. — Você precisa ser bem tratada, bem cuidada e também precisa de aprender algumas coisas incríveis, que não souberam mostrar para você. — Seu sotaque não está ajudando. Nem seu olhar quente.
     — Coisas incríveis? E o que seriam essas coisas incríveis? — Pergunto.
    — Você sabe a que me refiro, cerejinha. — Ele sorri. — Falamos sobre isso há pouco tempo.
     Reviro os olhos e recebo a minha cerveja. — Será que Zack e Debby já foram embora?
     — Tenho a certeza que devem estar transando em algum lugar. Deixa eles se divertirem.
     — Você também devia se divertir. Ou quer fazer isso apenas com a Courtney? — Olho para ele.
     Renner passa a mão no cabelo. — Eu sou livre, não é?
    — Pensei que tinha mudado.
    — E mudei. Se não, eu não teria passado um mês sem transar com ninguém. — Ele diz.
    — Mentiroso! Você acha o sexo incrível, não consegue viver sem isso, como é possível eu acreditar em você?
     — Não precisa se não quiser.
    — Eu estou farta de falar desse assunto. Não quero brigar com você.
    — Está bem. Não precisa falar sobre isso. Vamos falar sobre outra coisa. O que você quer conversar?
    Penso um pouco. — Bem... Eu estou curiosa! — Mostro o meu sorriso cruel para ele.

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Espero que tenham gostado.
Beijos!

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