Capítulo vinte e oito - Renner

2.2K 213 8
                                    

     Espero Courtney na pizzaria, já com aborrecimento. Decidi ouvir o conselho da minha mãe e também acho o certo. Eu tenho que fazer tudo por etapa: Terminar com Courtney, pedir desculpa à Rubí, pedir ela em namoro no momento apropriado, ou seja, quando achar que ela me perdoou para aceitar ser minha namorada.
    Não consegui dormir, Rubí ainda não respondeu as minhas mensagens, não quer saber de mim. Não devia ter mentido, mas eu tive um pouco de medo e pensei que ela nunca ia descobrir. Seja como for, o que fiz foi errado, mas não é tão grave assim. O problema é que para as mulheres até as coisas mais insignificantes, as coisas pequenas importam.
    Bebo um pouco de água para limpar a garganta e olho para o relógio. Volto a olhar para a entrada e Courtney aparece. Ela exagerou no seu vestido justo preto e saltos altos, mas está linda. E está sorrindo.
    Espero até ela sentar na minha frente. — Boa tarde, amor! — Ela sorri e segura a minha mão.
    — Você está bem?
    — Sim. Um pouco melhor porque você me faz esquecer tudo, Renner. Obrigada por me fazer sentir tão bem.
    — Você está linda. — Mudo de assunto.
    — Obrigada. Podemos pedir? Eu quero uma pizza de peperoni...
    — Sim. O que você quiser.
    Chamo a garçonete e pedimos uma pizza. Courtney pega no celular e tira uma foto minha. Eu não consigo sorrir. É assim que você nota quem você realmente ama. Não só pelo coração palpitando, pernas tremendo, coisas estranhas no estômago (não quero dizer borboletas), sonhos, falta de sono, pensar sempre nessa pessoa, imaginar sua vida com ela, mas tudo começa com os sorrisos. Rubí me faz sorrir até quando está brava comigo. Com Courtney é diferente. Nós não somos compatíveis.
    — Eu vou postar essa foto. — Ela diz.
   — Eu prefiro que não o faça.
   — Porquê?
    A garçonete traz a nossa pizza. Eu começo já a comer. Não vou terminar com Courtney de barriga vazia. Ela faz o mesmo sorrindo.
    — Hoje tem uma festa de fraternidade. Você quer ir comigo?
    — Mas hoje é segunda. Vocês gostam assim tanto de festejar nas segundas? — Pergunto.
    Ela ri. — Sim. É como quebrar uma regra. Porquê as festas são sempre numa sexta ou num sábado?
    — Para você descansar no sábado ou no domingo por causa da ressaca. Não pode beber numa segunda e na terça acordar cedo para trabalhar ou para estudar.
    Ela termina a sua fatia. — É verdade.
    — Tem mais lógica desse jeito.
    — Tem sim.
    — E como está o seu pai? — Pergunto. Eu só estou fazendo o tempo passar.
    — Já está muito bem, só repousando mais alguns dias antes de voltar a trabalhar. — Ela come outra fatia.
    Conversamos sobre a dança, música, a faculdade, tudo isso até a gente terminar de comer. Já me sinto cheio. Mas eu espero não quebrar o seu coração, não de um jeito muito intenso. Eu tenho que fazer isso porque não quero ser como Harris que vai casar com uma mulher que não ama, quer desistir do casamento, mas não está vendo como fazer isso.
    Termino a minha bebida também e olho para Courtney. — Você vai comigo na festa dessa noite? — Ela insiste.
    — Não posso!
    — Porquê? Porque tem que se levantar cedo amanhã? — Ela faz beicinho. Prefiro quando é a Rubí fazendo.
    Suspiro. — Não é por isso. Me perdoa, Courtney.
    — Não faz mal.
    — Eu quero terminar com você. — Olho para ela. — Desculpa dizer as coisas assim, desculpa mesmo. Eu não quero que pense que eu brinquei com os seus sentimentos, eu apenas não sinto o mesmo e não sou feliz. Um relacionamento assim não vai a lado nenhum.
    Seus olhos começam a ficar marejados. — É por causa dela?
    — De quem você está falando?
    — DA RUBÍ! MEU IRMÃO, VOCÊ, TODOS GOSTAM DAQUELA VACA, DAQUELA MALDITA DE MERDA! — Ela se exalta.
    — Cala a boca, Courtney! Não precisa agir assim. Ela não tem culpa de nada.
    Ela limpa as lágrimas. — Você me usou. VOCÊ ME USOU PARA TRANSAR COM VOCÊ. VOCÊ É UM MONSTRO, RENNER!
    — Eu não te usei. Pára de agir assim. Eu quis tentar com você, mas não deu certo. Também não vai me dizer que está assim tão apaixonada por mim. Eu fiz o que eu acho certo. Não quero mais te enganar. Se eu te machuquei, posso perdão. — Levanto, me sentindo péssimo.
    Deixo o dinheiro por cima da mesa e saio da pizzaria sem olhar para trás. Custou, mas foi o certo a se fazer. Eu tive que fazer isso para ficar com Rubí. Não iria machucar ninguém se eu não fosse um idiota e não namorasse com Courtney. Agora eu tenho que fazer o que a minha mãe disse: pensar antes de agir. Quando eu estiver de cabeça quente, só tenho que dormir, depois pensar melhor, talvez umas cinco vezes e depois eu ajo.
    Entro no carro e dirijo de volta para o trabalho. Eu sorrio porque me sinto livre. Eu sinto que estou pronto para correr nos braços da Rubí. O meu antigo eu, iria correr para ela agora mesmo e contar que terminei com a Rubí. O meu eu presente, vai trabalhar primeiro e depois ir para casa para pensar melhor.

Rubí - Pedras Preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora