Capítulo cinco - Rubí

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     Faço um ensaio de tudo o que vou dizer na minha palestra porque eu quero que seja tudo perfeito, que as pessoas aplaudam e gostem de tudo o que eu disser. Quero que seja tudo impecável, quero poder responder bem as perguntas, acho que pode ser muito bom para o meu currículo.
    Jade fica olhando para mim com curiosidade e isso é incentivador para mim. Continuo, até que termino e fecho o meu Macbook. Ela aplaude e sorri. Minhas irmãs exageram tanto, mas eu sei que ela não mentiria para mim.
    — O que você achou?
    — Você ainda gosta dele? — Pergunta.
    — O quê? Do que estamos falando? — Pergunto.
    — Renner Tales. Você ainda gosta dele?
    — Porquê Renner entrou na conversa se eu estou falando sobre a minha palestra?
    — Porque você disse que ele está atrás de você e agora eu não paro de pensar nisso.
   Ela tinha mesmo que me lembrar disso? Eu estou tentando não ficar confusa. Eu não quero saber do Renner. Eu namoro com o Marcus.
    — Eu achava que não sentia nada, mas ele está me deixando um pouquinho confusa. Mas é claro que eu não deixaria o Marcus.
    — Mas não vai dizer que não acha que ele tem um corpaço? — Ela sorri. Ela é a Jonhanson cruel.
    — Jade!
    — O quê? Só acho que ele tem corpo de jogador de futebol. Um corpo sem nenhum pouquinho de gordura. Só músculos.
    Jogo uma almofada nela. — Se você continuar com isso, iremos falar sobre o Nicholas.
    — E o que tem o Nicholas? — Pergunta, desviando o olhar.
    — Você sabe muito bem o que tem o Nicholas.
    — Eu acho ele arrogante e frio. Mas ele faz o meu tipo. — Tenta esconder seu sorriso.
    — E porquê não vai atrás dele?
    — Porque nós não suportamos um ao outro. — Olha para mim. — Mas eu amo seu sotaque, sua voz grave, seu cabelo macio e sedoso, seu sorriso frio...
    — Você gosta dele! — Sorrio.
    — Eu também gosto do Ian Somerhalder, mas não digo que estou apaixonada.
    — Está bem. Agora podemos falar de outra coisa que não seja sobre homens?
    Safira entra em casa sorrindo. — Boa noite!
    — Deve ser uma boa noite para você, com certeza. — Jade responde.
    — Claro que é! Henry e eu vamos comprar uma casa. — Ela pula de felicidade. — Vou ter a minha casa. A nossa casa.
    — Isso é maravilhoso, Safi! — Levanto para pular com ela.
    — Então, já estão pensando na data do casamento? — Jade olha para ela.
    — Bem, ainda não. Queremos fazer tudo com calma, mesmo que demore o ano todo e mais alguns meses. Queremos que o casamento seja perfeito. — Ela pula mais. — Mas vamos comprar uma casa. Eu tenho que procurar um emprego.
    — Mas não precisa se apressar.
    — Eu sei, mas não acredito que vou casar com o homem da minha vida. Vou realizar o meu sonho.
     Jade diz. — Fico feliz por você, Safira. Daqui a pouco, eu e Rubí estaremos aqui sozinhas.
    — Eu vou casar antes da Esmeralda.  — Ela olha para o seu anel e vai para o seu quarto.
    Jade e eu trocamos olhares. — Podemos continuar falando sobre a sua palestra. O que você acha?
    Volto a ensaiar porque eu quero muito que isso dê certo. Não podemos falar sobre o beijo que Renner me deu ontem. Ele não pode fazer essas coisas com Marcus porque são amigos. Ele não pode continuar atrás de mim. Eu sabia que ele desceria baixo, mas não tanto. Ele me beijou, mas não foi nada, e eu não devia nunca mais falar sobre isso ou pensar nisso.
     Mas devia ter uma palavra com ele. Ele não pode nos perseguir desse jeito. Eu sei que hoje no cinema não foi uma coincidência, muito menos na pizzaria. Ele fez tudo parecer uma coincidência, tal como Esmeralda disse que Peter fez com ela. Os Tales são todos iguais.

     Fico sozinha no quarto, porque Esmeralda vai dormir no apartamento do Peter essa noite. Decido entrar nas minhas redes sociais e vejo que tenho um pedido de amizade do Renner. Com toda a certeza no mundo que eu não vou aceitar. Nem vou negar. Acho que vou deixar ele flutuando num grande talvez.
    Aproveito e ligo para Marcus. Sinto um pouco mal pelo que aconteceu ontem. Renner me beijou e fiquei pensando nisso. Mas eu nunca faria de propósito, a última coisa que eu quero é machucar ele. Eu quero me apaixonar por ele e sei que vou conseguir.
     — Babe!
     — Acordei você?
     — Não. Estava estudando um pouco. Está com saudades?
     — Muitas.
     — Eu também. E lamento, mas amanhã eu vou ficar com o meu pai. Espero que ele se importe.
     — Claro que não! Eu entendo.
     — E o que você está fazendo?
     — Nada. Estou apenas falando com você.
     — Desculpa se ando muito ocupado. Eu estou tentando encontrar um equilíbrio ou alguma coisa que facilite no nosso relacionamento.
     — Pára com isso, Marcus. Seu pai teve um acidente, não precisa se justificar. Eu sei que precisa ajudar a sua mãe com o que poder.
    — Você é a melhor namorada do mundo, sabia?
    — Você também é.
    — Ainda bem que você apareceu na minha vida, Rubí.
    — Digo o mesmo. — Não quero continuar com isso porque eu não sinto isso. Eu não o amo como deveria. — Vou deixar você estudar.
    — Está bem. Te amo! — Ele desliga, e ainda bem que o faz porque eu estou sem fala. Eu não creio que ele disse isso. O que eu vou fazer?
    Eu gosto do Marcus, ele é um ótimo namorado, mas porquê eu não me apaixono por ele de uma vez? O que o meu coração precisa para querer ele? Estamos dois meses juntos e todos os momentos que temos são bons, eu não entendo o que falta para eu me apaixonar por ele. Será que é porque Renner ainda me assombra? Estava tudo bem até eu ajudar ele naquele dia. Que burra que eu sou. Estraguei tudo.
    Suspiro e deito na cama. Apago a luz e tento dormir porque amanhã o dia não será fácil. Ainda tenho que ensaiar mais um pouco. Eu sei que vou conseguir se eu trabalhar arduamente. Vou deixar todos orgulhosos.

Rubí - Pedras Preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora