Capítulo vinte e nove - Rubí

2.3K 231 13
                                    

     Abro os olhos e sinto a boca amarga. A minha cabeça está doendo e estou morrendo de sede. Vejo o teto branco, as cortinas brancas tentando esconder a noite escura e depois vejo... olhos azuis. Renner está aqui. Ele está sorrindo para mim.
    Em seguida, uma médica entra e começa a me analisar. Mede a minha pulsação, meu batimento cardíaca, analisa as minhas pupilas, enquanto Renner fica olhando para mim. Ele está aqui comigo. Mas o que aconteceu?
    — Como se sente, senhorita Jonhanson? — Ela sorri para mim.
    — Com dor de cabeça, boca amarga e morrendo de sede. — Respondo. Nunca se deve mentir a um médico ou a um advogado.
    — Já vamos resolver o seu problema. Fique tranquila. — Ela sai do quarto.
    — O que aconteceu comigo? — Pergunto para Renner. — Quanto tempo estou aqui?
    — Vinte e quatro horas.
    — O quê? Eu estou doente? Eu vou morrer?
    Ele segura a minha mão. — Não. Claro que não. Você está bem. Só foi drogada.
     — O quê? Quando? E porquê eu... eu estava em coma?
     — Não. Você não estava em coma. Sei que tem muitas perguntas, mas fica tranquila, por favor!
     — E a minha mãe? Você contou para a minha mãe?
     — Sim. Eu não podia esconder uma coisa dessas. Eu estava muito preocupado com você, cerejinha.
     Fecho os olhos, tentando lembrar de alguma coisa, mas nada surge. E quando eu forço o meu cérebro, lembro da dor de cabeça. Eu não consigo lembrar de nada. Não sei o que aconteceu.
    — Renner, eu quero saber o que aconteceu comigo! — Fico sentada na cama e seguro os seus braços. Renner levanta e coloca os meus pés na cama.
    — Vou contar se você prometer ficar calma. — Ele me abraça. Olho para o buquê gigante de rosas vermelhas ao lado da minha cama e isso tira um sorriso do meu rosto.
    — Eu estou calma. — Sussurro.
    Renner olha para mim agora. Parece que seus olhos ficaram mais claros e mais bonitos. Ele está mais atraente e mais cheiroso. Ou é por ter ficado tanto tempo longe dele? Eu tenho saudades.
    — Você lembra de ter ido para uma festa da fraternidade, não é? — Pergunta.
    Olho para as minhas mãos. — Eu lembro. Eu fui de táxi.
    — Está bem. Você lembra de ter conhecido alguém?
    — Eu... Sim. O Patrick. — Digo. — A gente conversou bastante. Nós tínhamos muita coisa em comum. E ele pagou algumas bebidas para mim. Eu não queria ficar com bafo de bebida e ele me deu alguns doces. Eu acho que já estava bêbada. Depois disso, eu não lembro de mais nada.
    — Pois é, esse tal de Patrick, como ele era?
    Desvio o olhar, envergonhada. — Ele... era parecido com você.
    — Ele drogou você e depois a levou para fora da festa.
    Fico com medo. — Ele não tocou em mim?
    — Não do jeito que pensa. Ele beijou você. — Meu estômago se embrulha de repente. — E havia outro homem pronto para levar você. Felizmente, Zack chegou a tempo e trouxe você para cá.
     — Eu estou dormindo desde aquele momento?
     Renner suspira. — Sim. Ele te deu LSD. Você estava alucinando. Mas a médica disse que teve uma boa trip e que vai correr tudo bem.
    — E se eu me viciar? Eu não quero ser dependente, Renner!
    — Ela garantiu que isso não vai acontecer. — Ele segura a minha mão. — Estou aliviado por estar bem.
    — Há quanto tempo você está aqui? — Pergunto.
    — Vinte e quatro horas.
    Sorrio.
    Renner esteve comigo esse tempo todo. Ele está aqui e estava preocupado. Sei que devia estar brava com ele depois de ter mentido para mim, mas eu não consigo. Não depois disso. Ele estraga as coisas, mas arranja sempre um jeito de consertar.
    — Obrigada!
    — Não precisa agradecer. Eu faria de novo. — Ele se aproxima mais.
    Seus olhos estão muito próximos, nossos narizes se tocam, respirando profundamente, saboreando a sensação. Eu fecho os meus olhos e sinto um pequeno toque da sua boca, quando ouvimos a porta se abrindo. Nós nos afastamos imediatamente.
    A enfermeira entra no quarto com a minha mãe e as minhas irmãs. Elas vêm me abraçar e me beijar. Renner se retira sem dizer nada, apenas vejo ele sorrindo.
    — Minha filhinha!
    — Você nos deu um grande susto! — Jade me empurra com cuidado. Eu sei que é uma grande desilusão saber que a sua filha ou a sua irmã consumiu drogas. Como futura médica, eu sei que as drogas são um caminho para a morte, então eu estava fora das minhas capacidades mentais para fazer aquilo, para acreditar que eram doces.
     — Desculpa!
     — Rubí, você não tem culpa. — Safira senta na cama.
     — Claro que não! — Mamãe sorri.
     — Senhorita Jonhanson, precisa tomar os remédios. — A enfermeira rouba a minha atenção.
    Eu faço o que ela diz e tomo os remédios, depois bebo muita água para matar a sede e algo para tirar o sabor amargo da minha boca. A enfermeira se retira em seguida, me deixando com a minha família.
    — Eu tenho fome também. — Digo.
    — Tudo o que quiser, filha.
    Volto a olhar para as minhas flores que é a única coisa que tem cor nesse quarto, depois das roupas da minha família. As flores são lindas e perfeitas. Não preciso saber quem mandou. Mas vou perguntar só para confirmar.
     — Quem mandou essas flores tão lindas? — Pergunto.
    — Renner Tales! — Esmeralda sorri. Eu sabia!
     — Está bem. Isso é ótimo. — Sorrio também. Renner me deixa desse jeito porquê? Às vezes, pareço uma idiota.
    — Parece que você adorou saber disso! — Mamãe arqueia a sobrancelha.
    E é verdade! Eu adorei.
    E fico muito feliz por ele ter vindo e ficado comigo por vinte e quatro horas. Se ele não está demonstrando o seu amor, eu não sei o que é. Só não sei se ele ainda está namorando com a Courtney. Mas mesmo assim, eu vou esperar para ver o que ele vai fazer. Meu coração tem boas expetativas quanto a isso, espero não estar errada.

Rubí - Pedras Preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora