Capítulo vinte - Renner

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    Volto para a Tales Tec o mais rápido possível, deixando Rubí para trás. Eu estou com raiva e o melhor que eu podia fazer é me afastar dela para não fazer ou dizer algo de que me arrependa. Não sei porquê ela vem atrás de mim se me pediu para me afastar dela. Será que ela sabe que eu estou com a Courtney?
    Entro no escritório do Peter, mas ele não está. Obviamente ele está com Esmeralda. Porquê eu não posso ter o mesmo que ele? Será que eu posso acabar como Peter? Quer dizer, pelo que eu sei, ele não sentia nada por Esmeralda, então talvez eu ainda possa amar a Courtney.
    Ligo para ela, já que não tenho nada para fazer. Sinceramente, nem fome eu tenho. Rubí me deixou irritado.
    — Amor! — Ela atende. Gostaria tanto que Rubí me chamasse assim. Infelizmente, não podemos ter tudo o que queremos.
    — Como você está? — Sento na cadeira do Peter.
    — Eu estou muito bem. Acabei de sair da faculdade. E como você está? — Eu não posso vê-la, mas tenho a certeza que está sorrindo.
    — Eu também estou bem. Eu estive pensando, porquê a gente não sai essa noite? Um jantar romântico. Eu vou buscar você.
    — Eu acho uma ótima ideia. Claro que eu quero!
    — Ótimo! Eu conheço um ótimo restaurante. Você com certeza vai adorar.
    — Para mim, estar do seu lado é o suficiente, Renner!
    Realmente, ouvir isso é... bom. — Então, depois nos vemos.
    — Com certeza! Eu prometo estar linda.
    — Você é linda, Courtney.
    — Obrigada. Então, até depois.
    — Até depois! — Desligo.
    Suspiro e penso se Courtney vai me ajudar a esquecer a Rubí. Eu estou com raiva dela, mas sinceramente, também tenho vontade de voltar para trás e abraçá-la. Mas não devo pensar assim. Eu não quero mais nada com ela. Foi ela que quis assim.
    Nicholas entra no escritório e olha para mim com os braços cruzados. Eu também olho para ele, surgindo perguntas na minha cabeça. Ele sorri e se aproxima.
    — Eu não estou apaixonado! — Ele diz.
    — Não era isso que eu quis perguntar. — Na verdade, era assim.
    — Eu já peguei você no colo, Renner!
    Rio. — Vocês adoram me lembrar disso.
    — Eu vi você chegando. Quer almoçar comigo? — Ele se aproxima de mim.
    — Eu não tenho apetite. — Olho para a foto da Esmeralda na mesa do Peter, sentindo um pouco de inveja.
    — Por causa da Rubí ou da Courtney?
    — Courtney nunca me machucou.
    — Imagino que não. Mas você não vai ficar sem comer por causa de mulher, não é? — Pergunta como se fosse um absurdo.
    — Você não entende! — Continuo olhando para a foto. — Ela é linda!
    — Esmeralda? O que isso tem a ver?
    — Peter tem muita sorte por estar com a mulher que ama.
    — É verdade. Mas eles passou por muitas dificuldades. Inclusive o Luke Steine tentou matar eles.
    Suspiro. — Quer dizer que se eu tivesse que ficar com a Rubí, alguém iria nos machucar?
    Nicholas ri. — Você é burro! Não é isso que eu quis dizer. E se você não quer comer, eu vou. — Ele caminha até a porta. — E acho mesmo que você está entrando em um labirinto de tortura. Ainda tem tempo de acabar com isso.
    — Rubí já não quer ficar comigo. Eu estou seguindo em frente.
    — Tudo bem. Estou apenas tentando ser irmão mais velho. — Ele sai e fecha a porta.
    Assusto quando o meu celular começa a vibrar no meu bolso. Vejo quem é e desligo imediatamente. Eu já entendi o seu recado. Agora sou eu que não quero mais ouvir. Espero que se arrependa. E ela tem a coragem de agir como se nada tivesse acontecido. Por favor!
    Já que não vou ter a minha hora do almoço, fico analisando os documentos que Peter me deu. Eu não pensei que trabalhar desse tanto trabalho.
    Quero me concentrar, mas Rubí continua me ligando. Eu desligo e bloqueio o seu número. Estou começando a ficar irritado.

    Uso a mesma roupa do trabalho, mas Courtney está linda. Ela está usando um vestido vermelho justo, que mostra as costas e saltos altos. Seus cabelos louros estão soltos, mas com ondas impecáveis e brilhantes. Ela também está usando batom vermelho, não vou mentir, mas ela parece comestível. Não há mal algum em pensar isso sobre ela porque é a minha namorada.
    O garçom traz os nossos pratos e olho para Courtney que também está sorrindo para mim. Seus olhos estão brilhando de tanta felicidade e isso me faz sentir bem. Eu me sinto bem por saber que ela gosta de mim de verdade.
    Pego na minha taça e brindo com a sua. Ela sorri e cora, ficando adorável. Devia ter começado com ela e teria evitado uma desilusão.
    — Você está muito linda. Já tinha dito?
    — Sim. Acho que deve ser a quinta vez, mas obrigada. É muito bom ouvir isso do meu namorado. — Ela sorri timidamente.
    — Tive uma ideia. Esse sábado, a gente podia ir no meu clube. Da última vez, você não foi porque teve que estar com o seu pai.
    — Sim. Mas ele está melhor. Na verdade, está se recuperando bem rápido. Daqui a pouco vai voltar ao normal.
    — Isso é muito bom. Fico muito feliz por vocês. E o Marcus?
    — Hoje disse que tinha que estudar. Mas também deve estar ajudando a minha mãe com o meu pai.
    — Está bem. — Começo a comer.
    Uma mulher que aparenta ter uns quarenta sobe no palco com o seu vestido preto rastejando e endireita o seu cabelo escuro. Ela fica na frente do microfone e começa a cantar.
    Courtney sorri. — Ela tem uma voz tão linda.
    — Você também.
    — Com certeza que não sou tão boa como ela. — Bebe um pouco de água e limpa a boca com o guardanapo.
    — Você é igualmente boa. Eu gostei de te ouvir cantar. E acho que podia fazer um show privado só para mim.
    Ela ri. — Prometo!
   — Eu vou cobrar. — Sorrio. — E como vai a faculdade?
   — Bem. Mas eu realmente gostaria muito de participar das palestras. — Ela bate com a mão na testa. — Na verdade, eu tenho um trabalho com Rubí. Esqueci de me encontrar com ela.
    Aqui está o assunto que eu não quero tocar. Será que Rubí vai me perseguir? Quer dizer, ela é amiga da Courtney. Talvez eu não tenha como fugir dela.
    — E sobre o que fala o trabalho?
    — Sobre clonagem e outras formas de criação de vida assexuada. — Ela sorri.
    — Bom. Gostaria de ver uma palestra sua.
    — Não sei quando. Talvez um dia!
    — Me avisa quando acontecer. Estou tentando ser um bom namorado. — Seguro a sua mão.
    — Até agora tem sido o melhor. Obrigada por tudo.
    Pensei que a noite seria chata, mas não é. Courtney não é tão ruim como eu pensava. Por acaso, até gosto de conversar com ela e de vê-la sorrir, mas isso não significa que eu esteja apaixonado. Talvez eu deva fazer muito mais para que o amor venha.
    Conversamos a noite toda, comemos a nossa sobremesa e depois vamos para o meu apartamento. Não queria que a noite terminasse apenas com o jantar. Eu fui rejeitado por Rubí, estou seguindo em frente e estou há imenso tempo sem transar.
    Então, quando ela joga a bolsa no sofá, eu beijo ela. Não estou fazendo nada errado já que ela é a minha namorada. Estamos apenas agindo como namorados.
    Despenteio o seu cabelo e beijo ela e meu coração tem uma reação estranha, como se estivesse com Rubí. Então, me passa pela cabeça a sua imagem sorrindo e quando ela me disse que sexo não é bom para ela. Mas talvez tenha sido mentira já que ela transou com o Marcus recentemente.
    Me afasto de Courtney para afastar os pensamentos de Rubí. — O que aconteceu? — Ela pergunta.
    — Eu só queria saber se está tudo bem com você.
    — Eu confio em você. — Ela toca o meu rosto e acaricia. Ela é doce e gentil. Ela é especial. Porquê eu não estou apaixonado?
    — Tem a certeza?
    — Claro que sim.
    — Eu estou a algum tempo sem transar, não quero...
    — Está tudo bem. — Ela me cala com um beijo.
    Minhas mãos procuram o ziper do vestido, mas percebo que ele não existe. Tento tirar o vestido começando pelo ombro e passo a minha língua pelo seu pescoço. Courtney tenta tirar a minha roupa também.
    Mais uma vez, eu digo para mim mesmo que não estou fazendo nada de errado. Eu estou apenas tendo uma noite romântica com a minha namorada. Rubí não é nada minha, ela não pode me fazer pensar que estou cometendo um crime.
    Talvez esse seja o passo que eu preciso para me apaixonar por Courtney. Exatamente como aconteceu com o Peter.

    Acordo com beijos no meu pescoço e sorrio, passando as mãos em cabelos sedosos, e quando abro os olhos, a realidade é diferente daquela que eu imaginava. Eu sonhei que estava na cama com a Rubí.
    Courtney está por cima de mim, sorrindo e há apenas um lençol cobrindo os nossos corpos. Felizmente, a gente se protegeu. Agora estou sentindo uma dor estranha. Meu peito está ardendo, eu não sei se é culpa ou arrependimento, mas estou sentindo alguma coisa.
    — Bom dia, amor! — Ela acaricia o meu rosto. — Como você está?
    — Bom dia! Que horas são?
     — São sete, e eu estou sem vontade de ir para a faculdade.
     — Você não tem um trabalho para fazer?
     — Rubí consegue dar conta de tudo. Ela é bem inteligente.
     — Você também é! — Estou tentando ser um bom namorado.
     — Você não sabe.
     E de repente, eu me lembro que tenho que levar alguns documentos que o Peter pediu. Ele vai me matar!
    — Merda! — Sento na cama e vejo o meu celular que estava no silêncio. Tenho cinco ligações do Peter e uma da minha mãe.
    — O que foi?
    — Eu tinha que chegar cedo para entregar alguns documentos. — Levanto. — Acho que ainda posso chegar cedo.
    — Está bem. Eu faço o café para você. — Ela também levanta e veste uma camisa minha. Eu ainda estou sentindo a sensação de culpa. Será que estou brincando com os seus sentimentos? Mas Peter também se sentiu assim com Esmeralda. Será que estou no caminho certo ou fazendo tudo errado?
    Courtney coloca os braços ao redor do seu meu pescoço e me beija. — Você vai adorar o meu café, amor!
    — Eu estou muito atrasado, Courtney!
    — Eu sei. Não te distraio mais. — Ela sai do quarto.
    Entro no banheiro e ligo o chuveiro. Penso no dia em que Rubí estava aqui e das vezes que eu queria que ela passasse a noite comigo. Eu pensei que ela iria ficar comigo.
    Deixo a água tocar em todo o meu corpo e fecho os olhos, lembrando do sonho que eu tive. Sonhei que Rubí estava com Marcus, depois eu apareci e ela deixou ele para ficar comigo. Viemos para o meu apartamento e transamos. Uma parte de mim, uma grande parte, gostaria que fosse verdade, que fosse ela e não a Courtney. Mas não posso continuar pensando desse jeito. Rubí é namorada do Marcus, e eu sou namorado da Courtney.
    Sinto mãos nas minhas costas e abro os olhos. Courtney fica na minha frente. Eu quase que pensava que era ela. Mas ela não pode estar aqui. Eu tenho que parar com isso.
    — Não ia fazer o café? — Pergunto.
    — Eu iria, mas pensei que podíamos economizar água. — Ela me beija.
    Courtney beija muito bem. Ela é uma mulher que qualquer homem gostaria de namorar, ela é boa de cama, sabe dançar, cantar, cozinhar, mas eu o meu coração está rejeitando sentir alguma coisa por ela. Eu tenho uma namorada que gosta de mim, devia fazer de tudo para não perder isso.

    Antes de ir para a Tales Tec, eu deixo Courtney na faculdade, infelizmente, ao mesmo tempo que Marcus e Rubí chegam. Eu não queria me encontrar com esses dois porque estou com raiva dos dois. Rubí olha para minhas mãos segurando as da Courtney e parece não ter gostado disso. E faço ainda pior, eu beijo a Courtney.
    Não me importo com nada. Quero que Rubí saiba que eu não estou chorando pelos cantos como ela queria que eu fizesse. Quero que ela veja que não é a única mulher que pode me fazer feliz.
    — Estamos interrompendo alguma coisa? — Marcus pergunta sorrindo.
    Nós nos afastamos. — Marcus! — Courtney ri.
    — É por isso que não dormiu em casa! — Marcus também ri. — Como você está, Renner?
    — Ótimo! — Olho para Rubí que parece que vai matar alguém. Acho que é essa reação que eu queria arrancar dela. Talvez lágrimas.
    — Que bom. — Marcus olha para mim.
    — Eu vim deixar Courtney. — Digo. — Depois ligo para você, amor! — Beijo a testa dela.
    — Claro!
    Me afasto e entro no carro. Fico olhando para Rubí que está olhando para o meu carro, mas não pode me ver por causa dos vidros esfumaçados. Ela parece triste, mas estou com tanta raiva que eu quero que fique mesmo.
    Ligo os motores e dirijo até à Tales Tec. Hoje eu tenho que trabalhar bastante. Não quero pensar em alguém que não merece. Talvez ainda leve minha namorada para almoçar.
    Suspiro e fecho os olhos, lembrando da noite passada. Foi bom, mas eu queria que fosse com ela. Eu não devia estar insistindo em pensar nela, mas o que eu posso fazer?
    Independentemente de tudo, ainda estou completamente apaixonado por Rubí.

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Espero que tenham gostado
Beijos!

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