Rubí - Pedras Preciosas

Capítulo trinta e oito - Renner

     Caio no chão.
     Nesse momento, não consigo mais impedir minhas lágrimas, não consigo mais me controlar. Fico deitado no chão, deixando que a dor me consuma, porque não sei o que eu vou fazer. Eu sinto que tudo acabou. Não posso mais fazer nada.
    Rubí foi embora, e mesmo que ela diga que estamos dando um tempo, eu sei que ela terminou comigo e vai fazer de tudo para parar de me ver e vai se afastar de mim. Para alguns um filho representa felicidade, bênção, porquê eu não estou sentindo isso? Porquê eu sinto que ele veio para tirar tudo de mim?
    Olho para os resultados dos exames de Courtney no chão. Ainda essa manhã, eu estava bem e não poderia sonhar que ia ser pai. Porquê o bebê não foi crescer na barriga da Rubí? Seria muito mais fácil se fosse ela a ficar grávida, não a Courtney. Porquê isso está acontecendo comigo? O que eu vou fazer?
    E como eu vou fazer para ter Rubí de volta? E se ela não quiser ficar comigo por causa do bebê? Eu percebi que ela estava se despedindo de mim pelo jeito que olhava para mim. Ela deve pensar que esse bebê vai me fazer olhar para Courtney de um outro jeito e pode até ser verdade porque ela será a mãe do meu filho, mas isso não significa que eu vou me apaixonar por ela. Eu não posso fazer isso quando eu já estou completamente perdido e arruinado por ela. Eu a amo.
     Limpo as lágrimas e levanto, procurando o meu celular. Guardo os exames de Courtney e vou para o quarto procurar o meu celular. Vou dar um tempo para Rubí, mas isso não significa que eu vou desistir. Eu não posso desistir.
    Pego no celular e nas minhas chaves, visto uma camisa, calço sapatos e decido sair. Eu preciso fazer alguma coisa, não deixar que tudo se resolva por si.
   Saio do apartamento e dirijo pela estrada com uma música muito triste. Rubí não pode me deixar. A gente estava tão bem, porquê isso tinha que acontecer? Se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria ficado com Courtney naquele dia. O que passou pela minha cabeça? Será que é um castigo por todos os meus pecados?
    Conecto o celular no carro e ligo para Peter. Estou indo pelo desconhecido, preciso de ouvir um conselho do meu irmão mais velho.
    — Renner, porquê está ligando?
    — Peter, aconteceu uma coisa muito ruim. Eu estou desesperado.
    — O que aconteceu? — Pergunta.
    — Eu vou ser pai.
    — O quê? — Ele parece feliz. — Isso é ótimo. Rubí deve estar feliz. Porquê disse que é uma coisa ruim?
    — Porque não é a Rubí que está grávida. — Sinto uma dor a dizer isso. — É a Courtney. E a Rubí me deixou.
    — Renner, calma. Onde você está?
    — Eu estou dirigindo, mas eu não sei para onde estou indo. Nada mais faz sentido... — Choro. — Peter, por favor, me ajuda.
    — Renner, dirija com cuidado, por favor! Vai para casa. Eu te encontro lá e prometo que vou te ajudar.
    — Está bem. Conversa com ela, por favor! Diga que eu nunca ia deixar de amá-la.
    — Claro! Faço tudo o que me pedir, só vem para casa em segurança. Você não quer que ela se sinta culpada se alguma coisa acontecer.
    — Não! Está bem. — Presto atenção na estrada e dirijo com cuidado até a casa dos meus pais.
    Estaciono o carro e desço quando vejo Peter se aproximando de mim. Eu não tenho forças nem para gritar. Tenho muito medo de tudo. Tenho medo de ser pai, de ser um péssimo pai, tenho medo de perder a Rubí para sempre, tenho medo de arruinar tudo na minha vida.
    Peter me segura e me ajuda a caminhar para dentro como se eu não fosse capaz de fazer isso sozinho. Eu poderia, se não estivesse tão quebrado.
    Vamos para o meu quarto, conseguindo passar sem que nossa mãe perceba. Prefiro me jogar no chão, mas Peter me coloca na cama.
    — Renner, por favor!
    — Eu não tenho vontade de fazer nada. Rubí me deixou, eu vou ser pai de um bebê que eu não quero, tudo está errado.
    — Ela terminou mesmo? Por causa do bebê?
    Suspiro. — Ela disse que precisamos de um tempo. Isso significa que ela terminou comigo.
    — O assunto de Rubí é fácil de resolver. Agora a Courtney...
    — Você acha que é fácil?
    — Sim. Ouve, eu sei que não sente nada pela Courtney, mas o bebê não tem culpa. Você não quer que o seu filho cresça sem um pai. Você já imaginou como seria a nossa vida sem o nosso pai?
    — Mas por culpa desse bebê, Rubí me deixou.
    — Mas é seu filho. Seu sangue. Ele teve culpa se você transou com Courtney só para esquecer a Rubí?
    — Não.
    — Eu sei que está sendo difícil, mas você não é assim. Eu sei que vai se arrepender se não cuidar do seu filho. E Rubí também pode ficar desiludida com você. Sabe o que deve fazer? Mostre para ela que pode ser um bom pai e que pode ter ela de volta.
    — Peter...
    — Eu vou te ajudar. Eu prometo. Todos nós. O Nick, o Harris, mamãe, o papai, todos vamos te ajudar.
    — Mas e se eu não conseguir?
    — Você vai conseguir. Eu sei que você vai. Eu te peguei no colo, lembra? Pensou que nunca ia conseguir andar de bicicleta, você conseguiu. Pensou que não ia terminar a faculdade, terminou. Deixou de ser um Dom Juan, você agora é um homem responsável. Você não vai casar com a Courtney. Apenas vai cuidar do bebê.
     — E se eu não gostar do bebê?
     — Você vai porque ele é seu sangue. Você vai gostar dele, vai amá-lo. Está bem?
     — Você é um bom irmão.
     — Tudo graças a vocês. Agora, vamos falar com a Courtney.
     — Peter!
     — Eu vou com você. Vamos!
     — E podemos falar com a Rubí?
     — Se ela te ama, acredite que ela virá correndo para você.
     — Você acha?
     — Tenho a certeza.